quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ri Muito!


"Trago o amor de volta"


Os postes de São Paulo estão cobertos de anúncios que prometem trazer seu amor de volta, com a possibilidade de uma amarração definitiva. Mãe Isso e Pai Aquilo garantem que a mandinga funciona em troca de uma módica quantia, que pode ser paga em até quatro vezes. Anote o telefone!    
Apesar de me irritar com sujeira visual, não tenho em princípio nada contra esse tipo de propaganda. Desde tempos imemoriáveis as pessoas recorrem à magia para tentar consertar o passado e assegurar o futuro. Pagando por isso. Se cabras e galinhas não forem degoladas, eu não me oponho.  
O que me incomoda intelectual e emocionalmente nas amarrações é seu objetivo. Ele me parece fundamentalmente equivocado. Por que trazer de volta quem nos machuca, em vez de nos ajudar a ficar livre do problema? Eis a questão.  
Quem já passou por desastres amorosos sabe como funciona. 
Quando a pessoa que você ama vai embora, o mundo ao seu redor desaba. É difícil dormir, é pior acordar, comer torna-se um fardo e conviver um inferno. Nesses momentos de dor absoluta, em que a ausência do outro nos sufoca, somos capazes de coisas absurdas para ter de volta nosso objeto de desejo.   
Se pais e mães de santo cuidassem de nossos interesses de longo prazo, fariam diferente. Ligar, escrever, se humilhar, rastejar e pular nos braços de estranhos são apenas os primeiros movimentos da sinfonia. Lá pelo final da música, se nada funcionar, podemos nos encontrar de joelhos diante de Mãe Cidinha, implorando, com os olhos cheios de lágrimas - e um cheque na mão -, pela solução do nosso problema.  
Olhariam nos nossos olhos encharcados e diriam, com a autoridade daquele voz de outro mundo, para esquecermos quem nos machuca e partirmos para outra. Em apoio sobrenatural ao nosso esforço, fariam um despacho com intuito de desamarrar nossos sentimentos de forma definitiva. O feitiço teria força suficiente para empurrar o ex-amor para bem longe da nossa vida. Onde já se viu trazer fantasma, encosto e morto vivo para dentro de casa? 
Se você está rindo, não deveria. A dor de cotovelo é uma das forças destrutivas do planeta. Diariamente, ela consome as energias de milhões de pessoas, em todas as geografias e idiomas. Pior ainda, é uma doença da qual muitos doentes não querem se livrar. Há gente abandonada que adota comportamento de viciado: sabe que “aquela pessoa” faz mal, mas corre atrás dela.  
É essa estúpida epidemia de masoquismo que os anúncios do poste alimentam. Eles oferecem a droga da esperança para quem ficou dependente de um amor que não existe. Deveriam? 
Um dos momentos gloriosos das nossas vidas tão breves acontece quando deixamos para trás uma obsessão amorosa. Depois de meses ou anos tomada por outra pessoa, nossa mente enfim reencontra o prazer de estar em paz, sozinha. Retomamos a nossa vida e o prazer de desfrutá-la. As outras pessoas, que pareciam mortas, voltam a nos interessar. Em algum momento – sublime renascimento - a gente até se apaixona de novo, e ensaia a dança da felicidade. 
Tudo na nossa vida é medido com a régua do tempo. No caso do amor que deu errado, não é diferente: o sofrimento de ser rejeitado passa, uma hora passa, como todo o resto já passou. Mas quem disse que é fácil?  
Eu me lembro – todo mundo lembra – como é difícil deixar de procurar alguém que se deseja. É desumano querer quando não nos querem. A gente lembra do rosto, pensa nos detalhes do corpo, quer a atenção daqueles olhos. Mas eles não olham mais para nós. E dói. 
Algum tempo depois, porém, as coisas mudam. Aos poucos, mantida a devida distância e o silêncio, quem sofre esquece de quem faz sofrer. Lembra uma vez por dia, depois uma vez por semana, até que uma hora esquece. Ou quase. Numa manhã de domingo, vê o fantasma na rua e quase não se incomoda. A visão causa um pequeno rebuliço interior, mas aquele ser humano deixou de ser nossa catástrofe privada. Virou detalhe, como diria o Roberto Carlos. De alguma forma, passou. 
Por isso tudo eu acho que o pessoal que vende promessas no poste deveria mudar seu cardápio. Em vez de amarração, ruptura. Em vez de trazer, afastar de vez. Em vez de esperança, realidade. 
Nossa vida é tão curta e potencialmente tão bonita que não merece ser gasta com quem não nos dá bola. Acreditar em amor não é correr atrás de paixões impossíveis. É procurar aquilo que faz sentido – sentimento correspondido, festejado, que, em vez de ocupar a nossa mente como doença, ocupa os nossos dias como prazer, romance e companheirismo. 
Para proteger esse tipo de amor, vale espada de dragão, arruda e sal grosso atrás da porta, para tirar mau olhado. Só não vale amarração, por favor. Para nos fazer felizes, as pessoas precisam estar livres. 
Ivan Martins / revista Época.

Para esta noite...


Mulher bonita, inteligente, interessante... e sozinha!

Mulher bonita, inteligente, interessante... e sozinha! 

:: Rosana Braga :: 

Você já viu este filme? Conhece a protagonista dele ou é a própria? Sei que existe a crença que diz que homem tem medo de mulher inteligente e bonita, mas será que este é realmente o motivo para vermos tantas mulheres sozinhas, atualmente?
Sinceramente... creio que não! Sei que homens e mulheres têm vivido conflitos difíceis por conta das significativas mudanças sociais e, por conseqüência, comportamentais; mas daí a afirmar que tantas mulheres bonitas, inteligentes e interessantes estão sozinhas porque os homens fogem delas já acho parcial e tendencioso demais.

Então, a pergunta continua: o que acontece? Por que parece que as relações vão se tornando mais difíceis quanto mais cresce a lista das qualidades femininas? Por que elas falam e repetem que desejam encontrar alguém, viver um amor, mas se sentem cada vez mais cansadas e sem saber como agir para atingir este objetivo?!?
Começaria analisando a questão por um novo ângulo: será mesmo que o objetivo deveria ser encontrar alguém para viver um grande amor?!? Não seria isso a conseqüência, ao invés do objetivo? E se o encontro é conseqüência, qual é o real objetivo?

Pensando bem, diante de todas as mensagens que recebo abordando esta mesma questão, fico com a impressão de que muitas pessoas – homens e mulheres – estão equivocadas em sua direção, em sua busca. Focam o outro por acreditarem que é este outro (ou o encontro com ele) que lhes trará a tão esperada solução para incômodos que chamamos de solidão, insegurança, falta de auto-estima.

Eu sei que é mesmo muito difícil lidar com estes sentimentos. Sei também que todos nós nos sentimos tomados por eles, em algum momento de nossas vidas (mesmo aqueles que estão casados ou comprometidos) e é exatamente neste momento que bate aquele medo terrível de que este cenário nunca mude.
No entanto, penso que está na hora de parar de apostar todas as fichas no outro; e perceber, finalmente, que se o seu grande amor não vem, é porque de alguma forma, a sua porta está fechada.
Certamente, muitas mulheres responderiam: De forma alguma. Estou absolutamente disponível, mas não acontece, não rola, não há homens interessados em relacionamentos estáveis.
Ok! Talvez esta seja a maneira como você vê, mas não é a minha. Não acredito nisso. Estou certa de que existem homens interessados, disponíveis e em busca de relacionamentos estáveis. Se ele não chega até você ou você não chega até ele é, seguramente, uma outra questão...

Em primeiro lugar, percebo que existem mulheres cujo discurso sustenta a idéia fixa de que querem encontrar alguém. No fundo, não querem, não estão dispostas. Gostam da vida independente e livre que levam. Saem aos finais de semana, viajam, curtem os amigos e... para não dizer que se esqueceram de sua má sorte, voltam para casa sozinhas e reclamando que não encontraram ninguém.
Bobagem. Estão felizes, mas ainda não se deram conta de que isso é possível. Estão apegadas à crença de que só é possível estar bem quando estão com alguém. Por isso, sustentam a sensação de que falta algo.

Se estas mulheres conseguissem se desapegar desta crença e simplesmente aproveitassem o que têm de bom, muito provavelmente o amor chegaria naturalmente, no momento exato em que os desejos interno e externo estivessem em sintonia. Sem esforço, sem tristeza, sem desespero. É uma simples questão de viver o que há de bom, agora, sem se tornar refém de uma situação que não existe, e que nem precisa necessariamente existir para garantir a alegria!

Um outro tipo de mulher bonita, inteligente, interessante e... sozinha é aquele em que a ansiedade já se tornou tão desmedida, tão inconsciente e tão autônoma, que toda beleza se perde no olhar angustiado. Toda inteligência se cala na postura tensa, descrente, desconfiada, sempre pronta a atacar o homem que se aproxima, tentando confirmar se ele é apenas mais um que veio para ir embora logo em seguida... E todas as suas características, que lhe colocam na posição de interessante, perdem o brilho e a força na certeza de que não vai rolar. É um ciclo vicioso, uma crença-armadilha, uma auto condenação pelo pavor de tentar de novo e não dar certo.
De novo, o amor não encontra espaço, porque a atuação não é solta, não é natural, não é conseqüência... E não poderá ser enquanto não houver disponibilidade interna, sem couraças e condutas que mais afastam do que atraem, que mais assustam do que conquistam.

Portanto, antes de acusar o masculino, o mundo, a sociedade ou a quem quer que seja, olhe para você. Acredite na sua beleza e inteligência... e se for para ficar sozinha, que esta seja a sua grande chance de ser feliz... até que o amor chegue, para se transformar numa outra forma de felicidade!
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