sábado, 10 de novembro de 2012

Fica a dica!


Saber ouvir, saber falar

Pessoas influentes são boas ouvintes, revela pesquisa. O valor da escuta para nosso bem-estar.

CRISTIANE SEGATTO
A garota me pergunta qual é a rotina de um jornalista numa grande revista semanal. Aos 18 anos, enfrenta a tensão que antecede as provas do ENEM e de múltiplos vestibulares. Está prestes a encarar a seleção para Direito em várias faculdades, mas acha que leva jeito para Jornalismo. O pai, advogado, não gosta da ideia. Está postergando o pagamento da inscrição para o vestibular da Faculdade Cásper Líbero, uma das principais escolas de comunicação de São Paulo.



Sem querer, sem planejar, a menina teve uma ótima chance de saber algo sobre os bastidores de uma redação. Ela e eu fomos convocadas pela Justiça Eleitoral para trabalhar como mesárias na eleição do último domingo. Passamos dez horas juntas. Lado a lado, numa situação absolutamente informal e solidária.
A garota chegou à seção eleitoral com uma apostila preparatória para as provas do ENEM. Queria aproveitar para estudar nos longos minutos em que não havia eleitor na sala. De tempos em tempos, desviava os olhos do caderno e me fazia uma pergunta sobre jornalismo. 
Como é? Quanto ganha? Trabalho demais? Longas madrugadas de ralação? Autonomia para escolher as pautas? Muito cacique para pouco índio? Glamour? Festas? Gente interessante? 
Tentei responder com clareza e sinceridade. Com o maior interesse, com a maior boa vontade. Não consegui. A cada pergunta, sequer conseguia concluir uma ou duas frases. Começava a falar e já era interrompida. Ela falava sem parar. Daquele embate de vozes resultava um monólogo.  
Não é a primeira vez que ouço um estudante dizer que pensa em ser jornalista porque gosta de falar. Gostar de falar não é uma habilidade fundamental nesta profissão. Em algumas situações, como no caso dessa estudante, pode até atrapalhar. Para fazer um bom trabalho, um jornalista não precisa ser um encantador de massas, um comunicador nato como Chacrinha.Senti que a garota saiu daquele encontro do mesmo jeito que entrou. Se fosse jornalista, voltaria à redação com as mãos e a cabeça vazias – apesar de ter estado com o entrevistado durante dez horas. Ela ainda não sabe ouvir. Um erro fatal no jornalismo, em muitas outras profissões, na vida. 
 
Precisa, necessariamente, saber ouvir. Os melhores jornalistas que conheço falam pouco. Angustiantemente pouco, em certos casos. Por outro lado, são esplêndidos ouvintes.Ouvem o que o interlocutor diz e principalmente o que ele não diz.
Grandes verdades raramente são verbalizadas. Para revelar o que uma pessoa sente e pensa, de fato, é preciso ser capaz de captar gestos, vacilos, ambientes, a verdade explícita que detalhes (os móveis de uma casa, por exemplo) podem denunciar sobre quem os escolheu.
Em outras profissões não é diferente. Um psicólogo que não sabe ouvir está fadado ao insucesso. Um médico que não ouve se transforma numa ameaça constante à saúde pública. Um professor pode ser condenado a falar eternamente para as paredes. Um advogado, um promotor, um delegado que não sabe ouvir as palavras que não são ditas estará empre longe da verdade.
Bons ouvintes são raros. Cada vez mais raros. A proliferação dos celulares transformou as cidades em impérios da incontinência verbal.No ônibus, no metrô, nos cinemas, em qualquer ambiente fechado, ouvimos a zoada das vozes que não se encontram.
Alguém dirá que se uma pessoa fala ao aparelho é sinal de que outra a ouve do lado de lá da linha. Não necessariamente. Do outro lado alguém ouve e não escuta. Tem urgência em falar, em vencer o delay que picota a conversa e traz de volta a voz do outro. Aquela voz que precisa ser instantaneamente subjugada.
Em tempos de falação vazia, nos esquecemos de ouvir. Essa é a causa de qualquer parte de nossos desentendimentos. Temos muito o que aprender com os grandes ouvintes – sejam eles jornalistas, psicólogos, filósofos, professores, qualquer pessoa que entenda o valor da escuta bem feita. Qualquer pessoa que tenha paciência e interesse genuíno pelo outro.
Saber ouvir é também uma característica das pessoas mais influentes. Pouca gente se dá conta disso. Em geral, acreditamos que líderes são necessriamente aqueles que dispõem de grande capacidade de expresssão verbal e poder de convencimento. Uma pesquisa publicada recentemente no Journal of Research in Personality traz um novo ponto de vista.
O pesquisador Daniel Ames da Columbia University, nos Estados Unidos, coletou informações sobre 274 estudantes de MBA da East Coast University. Eram moças e rapazes com idade média de 28 anos.
Colegas de trabalho desses voluntários foram convidados a dar notas sobre o poder de influência de cada. Deram informações sobre a capacidade deles de fazer um colega mudar de ideia, capacidade de conquistar apoios para realizar tarefas, capacidade de trabalhar com pessoas com diferentes opiniões e interesses, capacidade de reverter, a seu favor, a opinião dos presentes em uma reunião etc.
Os participantes também foram avaliados em itens capazes de apontar as habilidades de expressão verbal e de capacidade de ouvir. O que o pesquisador descobriu? Os três achados principais:
· Bons ouvintes têm grande poder de influência, independentemente de sua capacidade verbal. Quem sabe ouvir têm acesso às crenças, aos objetivos, aos conhecimentos de seus interlocutores. Isso porque as pessoas revelam informações com mais facilidade quando percebem que o outro tem interesse genuíno por elas.

· A escuta bem feita permite que os bons ouvintes entendam o contexto das situações e possam direcionar suas tentativas de persuasão no sentido correto.

· Quando as pessoas se sentem ouvidas de forma genuína, elas tendem a apoiar os bons ouvintes nas mais variadas situações, inclusive nos embates do ambiente corporativo.
Torço pela garota assustada com o vestibular. Ela tem todo o tempo do mundo para aprender a fazer diferente. Se eu encontrá-la novamente, vou tentar dizer. Espero que ela me ouça.
Saber ouvir não é só uma questão de sobrevivência na profissão. É também um fator que contribui para o bem-estar de quem fala e de quem ouve. Quem ouve e realmente escuta nunca sai de uma conversa do mesmo jeito que entrou. Sai melhor e mais interessante.

A dor dos filhos


Há um momento mais importante do que a primeira palavra ou o primeiro passo de uma criança: a descoberta do vazio. O que fazemos diante dele é também o que nos torna pais e mães.


No livro “Os enamoramentos”, de Javier Marías (Companhia das Letras, 2012), uma das personagens diz:
 - Os filhos dão muita alegria e tudo o mais que se costuma dizer, mas também, e isso não se costuma dizer, dão muita pena, permanentemente, o que não creio que mude nem quando forem maiores. Você vê a perplexidade deles diante das coisas, e isso dá pena. Vê a boa vontade deles, quando estão a fim de ajudar e acrescentar algo próprio mas não podem, e isso também dá pena. Dá pena a seriedade deles e dão pena suas brincadeiras elementares e suas mentiras transparentes, dão pena suas desilusões e também suas ilusões, suas expectativas e suas pequenas decepções, sua ingenuidade, sua incompreensão, suas perguntas tão lógicas e até a ocasional má intenção que possam ter. Dá pena pensar quanto lhes falta aprender e no longuíssimo percurso que têm pela frente e que ninguém pode fazer por eles, apesar de estarmos há séculos fazendo e não vejamos a necessidade de que todos os que nascem devam começar outra vez desde o início. Que sentido tem cada um passar pelos mesmos desgostos e descobertas, mais ou menos eternamente?  
O fragmento é parte das quatro páginas mais belas deste livro traduzido para o português por Eduardo Brandão. Se você for ler “Os Enamoramentos”, talvez encontre outros momentos de que goste mais. Para mim, o que acontece da página 68 a 71 é, neste livro, o ápice da escritura tão singular de Javier Marías. Não se trata de uma obra sobre o sentimento dos pais diante dos filhos, embora este também seja um “enamoramento”, mas esse pequeno trecho me capturou porque trata de algo que fala aos pais e às mães. E que poucas vezes foi tão bem dito. 
Lembro-me do momento exato em que olhei para a minha filha e senti essa dor, que era a dor que eu achava que pudesse ser a dela ou que tinha a certeza de que um dia seria a dela. Tive minha filha aos 15 anos, o que não me deu tempo de esquecer das dores da infância ou da perplexidade da infância, como pode acontecer com aqueles que se tornam pais em idades consideradas mais recomendáveis. Eu me lembrava tanto da dor quanto da perplexidade, e aos 15 anos ainda não tinha feito o luto de nenhuma das duas. 
Minha filha tinha uns três ou quatro anos e estava sentada no chão tentando brincar. Eu via o seu esforço e via o seu fracasso. Ou talvez apenas estivesse projetando nela o que sabia que seria seu embate mais ou menos eterno. Mas creio que não, acredito que já era angústia o que havia no seu rostinho redondo, já era perplexidade diante da aridez de alguns dias. Lembro-me de que, naquele momento, as lágrimas pingaram dos meus olhos, como de uma torneira mal fechada. Eu soube ali que jamais poderia tapar aquele buraco, que teria de testemunhar para sempre aquela luta íntima na qual cada um de nós está só. Sempre só. Eu assistia a ela desde já, tão pequena, tão frágil, tão confiante no meu poder ilusório, debatendo-se com a vida. E para sempre diante dela eu pingaria como uma torneira mal fechada. Era um momento silencioso entre nós – e as cartas já estavam dadas muito antes de nós. 
Penso que todos os pais que se tornaram pais na modernidade sentem isso – consciente ou inconscientemente. E talvez tornar-se pai e tornar-se mãe se dá também na escolha do que fazer com esse sentimento. Tornar-se pai e mãe porque ser pai e mãe não é algo dado, algo que acontece a partir de um ato biológico, sempre mais explícito para as mulheres do que para os homens. Tampouco basta estar no lugar de pai e de mãe, para além dos laços biológicos. É preciso efetivamente ocupar esse lugar – tornar-se pai e mãe é um processo que não está nem dado nem garantido, exige um contínuo movimento de vir a ser, raramente fácil ou simples.  
É conhecida a dificuldade atual de exercer a função paterna e a função materna, porque é mesmo muito mais difícil ocupar um lugar em um mundo movediço, no qual a tradição já não determina o que devemos fazer acima de qualquer questionamento. E aqui não há nenhuma nostalgia das amarras da tradição, embora ela tenha o seu papel, apenas a constatação de que é previsível que nos percamos quando a pergunta de quem somos deixa de ter uma resposta óbvia. Embora tantos pais busquem nos infindáveis manuais as respostas que já não há tradição para dar, talvez esteja na literatura não as respostas, mas a complexidade das perguntas. Por paradoxal que pareça, me parece que tudo fica mais claro quando se complica.   
Mas não protegemos nossos filhos deste vazio, não há como protegê-los daquilo que é uma ausência que nos completa. Penso que este é o momento crucial da maternidade e da paternidade. Cada um de nós, que se sabe faltante, diante da falta que grita no filho. Quando me vi diante desse abismo, como a personagem de “Enamoramentos”, ela num momento muito diverso e muito mais limite do que o meu, lembro-me de me sentir envolta em melancolia. Eu soube ali, naquele instante prosaico em que minha pequena filha procurava por algo que talvez não pudesse ser encontrado em nenhum lugar além dela mesma, que eu haveria de conviver com uma falência dali em diante. Minha melancolia não se devia às dificuldades de uma maternidade precoce – mas à certeza de que proteger minha filha era uma missão desde sempre fracassada. E eu sabia porque eu lembrava – e esta talvez seja uma duvidosa vantagem de ser mãe adolescente. É pelo consumo – e aí possivelmente nunca antes como agora – que se tenta tapar esse buraco aberto no peito dos nossos filhos. Um objeto seguido de outro objeto, a ilusão de que algo foi preenchido com duração cada vez mais curta, o desejo pelo produto seguinte cada vez mais imperativo, a frustração sempre abissal entre um e outro. Com alguma imaginação, é possível enxergar um filme de zumbis nas cenas de shopping, pequenos arrastando grandes por corredores iluminados, em busca não de cabeças humanas, mas de mercadorias para triturar com dentes que não estão na boca.   
Em outro livro, “Noites Azuis” (Nova Fronteira, 2012), este autobiográfico, Joan Didion descreve lindamente essa condição que só se tornaria clara para ela depois da morte da filha. Ao folhear um diário de Quintana, Joan descobriu que o medo da menina era “cair no vazio”. Em vez de aceitar este medo, conectar-se com ele, escutá-lo, a mãe escritora se pôs a corrigir a gramática. Impotente, mas sem aceitar a impotência, mesmo depois da tragédia, ela eliminou furiosamente as vírgulas em lugar errado no texto da adolescente. Quintana já tinha partido, mas ainda era tudo o que a mãe se sentia capaz de fazer diante do pavor da filha de “cair no vazio”.    
Esta mesma menina, muito antes, aos 5 anos, havia ligado para a clínica psiquiátrica mais famosa da região onde a família vivia para fazer uma pergunta devastadora: “O que devo fazer se estiver enlouquecendo”? Durante muitos anos Joan não conseguia compreender por que a filha temia que ela não pudesse protegê-la. Até entender que a pergunta estava errada. A pergunta correta era: “Como ela podia sequer imaginar que algum dia eu poderia tomar conta dela?”
Ao olhar para minha própria filha naquele momento em que eu sabia que a máquina do mundo se abria diante dela para mostrar seu enorme estômago vazio, lembro-me de que, por um momento, pensei em alcançar talvez um outro brinquedo ou lhe oferecer um chocolate (nos anos 80 ainda era possível ser considerada uma boa mãe mesmo dando doces a uma criança pequena, e não uma serial killer nutricional). Mas meu pensamento não virou gesto. Eu sabia que tudo o que eu podia fazer era me manter em silêncio. Que ser mãe, naquele momento, era ser capaz de vê-la debater-se com o vazio, testemunhar o início de seu longo embate vida adentro. E acho que ali, como deve acontecer com os pais e mães que percebem esse momento exato, uma fissura nova se abriu em mim. Esta que para sempre me faria pingar como uma torneira mal fechada.
“Que sentido tem cada um passar pelos mesmos desgostos e descobertas, mais ou menos eternamente?”, pergunta a personagem de “Enamoramentos”, diante da fragilidade dos filhos que, naquele momento, por uma circunstância trágica, lhe era insuportável. E a resposta talvez seja a de que não exista sentido. E exatamente por não existir, só podemos mostrar aos nossos filhos, porque isso é algo que se mostra, não que se diz, que a tarefa de uma vida humana, desde sempre e para sempre, é criar sentido onde não há nenhum. Inventar uma vida é a tarefa que faz de todos nós ficcionistas. E, em geral, uma vida que faz sentido é aquela em que os sentidos são construídos para serem perdidos mais adiante e recriados mais uma vez e sempre outra vez. É o vazio, afinal, que nos faz inventar uma vida humana – e não morrer antes da morte.
É o que fazemos como pais neste momento em que um filho descobre o vazio, um momento mais importante do que a primeira palavra ou o primeiro passo ou o primeiro dente, que também nos torna pais. É preciso aguentar. Saber aguentar e escutar a dor de um filho, sem tentar calar com coisas o que não pode ser calado com coisa alguma, é um ato profundo de amor. Um momento sem palavras em que nosso silêncio diz apenas que a tarefa de criar uma vida que faça sentido é dele, pessoal e intransferível. E tudo o que poderemos fazer é estar mais ou menos por perto, ainda que nada possamos fazer.

E um dia, talvez, receber uma carta/email na qual está escrito: “Mãe: o que eu sempre vi em você era uma pessoa que não desistia do próprio desejo. E que nunca deixou a vida matar a vida”.
Afinal, o que legamos a um filho é o nosso movimento em busca de sentido. E este não pode ser um arrastar-se de zumbi.

Eliane Brum escreve às segundas-feiras / Revista Época.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Isso! ♥


Feliz com pouco, feliz com muito!

A saúde e o poder transformador da atenção.

CRISTIANE SEGATTO

Quem me disse foi um analfabeto, mas poderia ter sido um estudioso das relações humanas: “Quando a gente entra num posto de saúde e é recebido com um rosto de riso, até o sentimento da gente muda. Atenção é uma coisa poderosa”.
Grande, Seu Abelardo! Tive o prazer de conhecê-lo há algumas semanas durante uma reportagem que fazíamos em Arco-Íris, uma cidadezinha de 1,9 mil habitantes no interior de São Paulo. 
Arco-Íris é o município brasileiro que oferece os melhores serviços de saúde pública, segundo uma avaliação do Ministério da Saúde. 
Chegamos de mansinho, pedindo licença e tentando acalmar os vira-latas que vivem com Abelardo Nunes Magalhães e a mulher, Maria, no sítio do Bairro Toledinho.
Fomos recebidos com sorrisos e curiosidade.
Queríamos acompanhar o trabalho da agente de saúde Teresa Lopes e da auxiliar de enfermagem Suselaine Tozzi. Elas fazem parte do Programa de Saúde da Família (PSF) de Arco-Íris.
Para que a saúde pública de uma cidade seja boa, é preciso investimento e comprometimento de toda a cadeia de profissionais necessários para que o sistema funcione bem (da pessoa que tem o primeiro contato com o paciente até o prefeito).  
Isso é fato, mas ninguém tem tanta capacidade de transformar trajetórias individuais e, de uma em uma, mudar a qualidade de vida de uma população quanto o agente de saúde. Ele percorre as casas, conhece cada morador, leva informações, cuida da saúde e ajuda a organizar a vida.
O PSF de Arco-Íris mereceu nota dez na avaliação do Ministério da Saúde. E despertou minha curiosidade. Por isso, fomos até lá. Na casinha de madeira de Seu Abelardo tive a certeza de que atenção, cuidado, envolvimento devem vir em primeiro lugar em qualquer tentativa de melhorar a saúde de uma população.
A agente de saúde Teresa (em pé) e a auxiliar de enfermagem Suselaine atendem Abelardo no sítio onde ele mora em Arco-Íris, no interior de São Paulo. (Foto: Marcelo Min)
Teresa Lopes é agente de saúde em Arco-Íris há 11 anos. Uma vez por mês, visita Abelardo e Maria para checar se o hipertenso e a diabética estão tomando os remédios direitinho. Num dos encontros, Abelardo reclamou de dor na virilha esquerda.  
Assim que voltou ao único centro de saúde da cidade, Teresa agendou uma consulta com a médica. Na mesma semana, Abelardo foi visto por ela e encaminhado para uma cirurgia de hérnia em Tupã, uma cidade vizinha.  
Quando o visitei, a auxiliar de enfermagem Suselaine cuidava do curativo enquanto Teresa pedia que ele tomasse o antihipertensivo. Abelardo elogiava a atenção que recebia das meninas e o sistema de saúde da cidade e repetia: “Arco-Íris é um pedacinho do céu”.  
Saí com a certeza de que Abelardo e Maria não são felizes com pouco. São felizes com muito.Vivem uma relação harmoniosa, companheira, têm o necessário para comer, recebem constantes cuidados de saúde e, principalmente, atenção. Há muito tempo não via uma pessoa demonstrar tanta felicidade, apesar de viver com tão pouco. Uma casinha de madeira, um poço, uma horta. Um cafezinho de garrafa térmica, uma conversa leve, sem pressa. 
Teresa fez questão de me mostrar os desenhos que Abelardo fazia nas aulas de alfabetização. São pinturas coloridíssimas, abstratas, feitas em papel sulfite. Ele tomou o cuidado de plastificá-las para que resistissem aos maus tratos do tempo. 
Abelardo nunca aprendeu as letras, mas têm facilidades com imagens, sinais. Alguns desenhos exibem as poucas palavras que sabe registrar: ideogramas que aprendeu com patrões japoneses nas fazendas da região. 
“A língua portuguesa não entrava na minha cabeça, mas quando a professora colocava uma conta na lousa, tudo ficava fácil para mim. Em vez de escrever, desenhava”, disse, cheio de orgulho. Orgulho compartilhado por Teresa. 
“O agente de saúde é parte da família. Conheço cada um dos moradores. Sei do jeitinho de cada um, dos problemas, das dificuldades”, diz Teresa. Todos os agentes de saúde atendem moradores na pequena área urbana e na zona rural. Hoje podem fazer os percursos de moto ou de carro, mas no início percorriam longas distâncias a pé.  
Mais do que qualquer outro profissional, esses agentes comunitários sabem que saúde não é só remédio e hospital. Nas cidades pequenas, frequentemente precisam atuar em várias frentes. Foram muitas as vidas que Teresa e os colegas ajudaram a melhorar. 
Certa vez, ela estava inconformada com a situação de um doente idoso, que vivia sozinho. Sem renda, ele dependia da ajuda dos vizinhos para comprar comida. Foi Teresa quem descobriu que ele havia trabalhado numa usina durante vários anos. 
Investigou um pouco mais e soube que ele poderia se aposentar se completasse um ano e meio de contribuição ao INSS. Teresa organizou na cidade uma vaquinha para quitar o que era necessário. Do salário dela, saíram alguns meses de contribuição. Depois começou a pedir aos colegas, aos policiais, aos professores.  
Ao final, Teresa levou o homem a um posto do INSS e conseguiu aposentá-lo. Algum tempo depois, chegou uma carta. Quem era a pessoa de confiança que ele chamou para ler o documento? Teresa, é claro. A notícia era ótima: o aviso de que ele tinha cerca de R$ 3 mil numa conta do FGTS.  
Teresa o levou a uma agência bancária na cidade vizinha para sacar o dinheiro e abrir uma caderneta de poupança. Parte do dinheiro foi empregado na realização de quatro desejos de consumo. O trabalhador havia chegado quase ao fim da vida sem a perspectiva de realizá-los. Graças a Teresa, ele se tornou o feliz proprietário de uma TV, uma parabólica, uma cama e um “colchão bom”, como ele dizia.  
Meses depois, o paciente morreu. Teresa ainda se emociona. Ela é uma agente de saúde no sentido mais amplo e nobre do termo. A cada atendimento, contribui não apenas para manter em ordem as condições físicas dos pacientes, mas valoriza e cuida do lado emocional e social. Se sonhamos com uma saúde melhor para o Brasil, precisamos conhecer e valorizar exemplos como esse. 
Depois de muita conversa, pedimos para registrar em vídeo o depoimento de Seu Abelardo. Olhando fixamente para a câmera que via pela primeira vez, ele disse, baixinho:
- Que coisa boa...Uma pessoa como eu, que não é importante, sendo filmada, é uma coisa incrível.
Respondi, mas não sei se ele se convenceu:
- Todas as pessoas são importantes, Seu Abelardo. Não existe gente sem importância.

Arco-Íris se esforça para que todos os moradores recebam atenção. Essa é uma das mais básicas necessidades humanas. A força dessa necessidade ajuda a explicar por que ferramentas do tipo Facebook e Twitter integraram-se às nossas vidas como se fossem indispensáveis. O ser humano precisa ser notado, curtido, paparicado. Quem planeja os serviços de saúde não pode desprezar o poder transformador que a atenção tem. 

Você reconhece quem é Psicopata?

Você reconhece quem é Psicopata?
:: Silvia Malamud ::


Psicopatas são pessoas que estão na margem psico-emocional da normalidade, mas não se iluda, apenas estão na margem. Sabem que existe a lei, porém, tem inteligência suficiente para passarem despercebidos enquanto cometem atrocidades. Psicopatas geralmente agem dentro deste espectro de ação desde a mais tenra idade e o grande mistério é que o fato de terem ou não acontecido situações emocionais graves anteriormente, não funciona como regra para que o mesmo atinja este estado.

Recentemente, tive notícias de um menino adotado por volta de 4 anos de idade que se mostrou bastante receptivo à família e também dentro do esquema afetivo-cultural proposto pela mesma. Passados exatos 4 anos da adoção, o gato da família apareceu estrangulado na cozinha e, a partir de então, inúmeras situações desta ordem foram ocorrendo na escola da criança e arredores. Neste caso específico, foi mais fácil de desvendar a trama por conta de determinadas situações que ofereceram evidências, o que também não costuma ser comum. Além disso, no pequeno histórico de vida da criança, já se constava uma série de abusos sexuais e de maus tratos, o que como foi referenciado, não necessariamente precisa ser uma regra para o desenvolvimento de um psicopata, embora até possamos pensar em ser um elemento facilitador.

De acordo com Philippe Pinel, o psicopata seria "um louco sem apresentar nenhum prejuízo intelectual". Outras pessoas, porém, controvertem alguns pensadores observando que as ações dos psicopatas evidenciam delírio e declínio intelectual quando não há discernimento ou preocupação com regras e convenções. Eles sabem que existem, mas fazem o que querem. Reconhecidamente, não possuem o quesito "culpa" e a palavra "empatia" não consta no dicionário deles e, muito embora, até possam entender o que significa, não entram em contato emocional com o sentido.

Histórias sobre psicopatas conhecemos de monte, mas o que nos aflige talvez seja verificar a capacidade que o ser humano tem de não ser humano e ainda assim agir como tal em meio à sociedade.

Muito cuidado, porém, ao chamar alguém de psicopata. Não é incomum e certamente existem diversos graus de adoecimento neste sentido. Cabe saber ao certo que tipo de pessoa transita em sua vida e, se acaso for um psicopata, que grau de perigo você se encontra e o principal, o que fazer.

Certa vez, atendi uma pessoa que reside fora do Brasil por conta de um irmão psicopata obcecado por ela e que a violentou repetidas vezes ao longo de sua vida até que, para se proteger, mudou de cidade ficando por anos sem dar notícias. Na ocasião em que se casou, teve um filho e quando o mesmo tinha por volta de 5 anos resolveu visitar a família, na intenção de mostrar o garoto. Não satisfeito, o irmão estuprou o menino, avisando ainda que não sossegaria enquanto não a "pegasse" novamente... Obviamente, que este é um recorte de um relato imensamente maior, com inúmeras variantes e intervenções familiares, médicas e até mesmo policiais. Neste caso específico, infelizmente nada deu conta de efetivamente frear o tal psicopata irmão.
Alguns autores denominam o Psicopata como o sujeito portador da insanidade da Moral.

Nem todos cometem atrocidades físicas, porém, cometem atrocidades de ordem moral. Muitos são habilidosos em encanto pessoal e capacidade de manipulação, utilizando a mentira de modo tão espontâneo que é praticamente impossível definir quando mentem, posto que o fazem olhando nos olhos em meio a atitude totalmente neutra. O pior é que sabem que estão mentindo e sequer sentem vergonha, arrependimento, ou desprazer. Mentem como meio de sobrevivência social, sem nenhuma justificativa ou motivo.

De acordo com Schneider "A psicopatia é de essência constitucional no sentido de ser pré-existente e nada a tem a ver com vivências anteriores".
"Psicopata é uma maneira de ser no mundo, é uma maneira de ser estável".

Que saudade eu tenho do que eu tinha

Que saudade eu tenho do que eu tinha
:: Maria Isabel Carapinha ::


Ah! Quem um dia já não ouviu principalmente em nossa infância de algum adulto: "se arrependimento matasse!".
Esse errôneo conceito entrou em nosso subconsciente de tal forma que nos faz ter medo do novo e na mesma proporção faz com que nos mantenhamos sempre em zonas de conforto, nem sempre agradáveis, mas que conhecemos profundamente.

Essas situações confortáveis, no entanto, muitas vezes, não por nossa espontânea vontade, mas por força de terceiros se desfazem e com isso somos pegos de surpresa!

Quando essa surpresa assola o nosso coração, criamos os tão famosos e complicados cordões emocionais, que nos mantém presos a situações que não mais fazem parte de nossa vida. Situações do tipo: quando eu tinha aquele emprego eu era feliz, quando eu tinha a minha família unida eu era feliz, quando eu era pequena eu era feliz, quando eu morava em determinado lugar eu era tão feliz e assim por diante nos mais diversos aspectos de nossas vidas, mas de tudo isso fica a pergunta que em seu coração não se quer calar, porque não ser feliz hoje?

A vida passa de uma maneira muito rápida e intensa e estar preso ao passado não permite que você se conecte com possibilidades futuras, não lhe dá oportunidade de viver histórias diferentes, não possibilita que você realize o seu projeto de vida.

Tudo que um dia foi parte de sua vida, teve um motivo e um sentido Divino para ser e se hoje não mais faz parte é porque há sim um projeto muito maior para você. Tenha absoluta certeza.

Viver intensamente o momento presente representa muito mais do que possamos imaginar, significa enxergar o passado como lembranças verdadeiras de um aprendizado intenso e ver o futuro com todas as enormes possibilidades que são oferecidas a cada segundo em nossas vidas.
Estar bem ou mau a cada instante de sua vida é uma escolha que fazemos e depende somente de nós mesmos.

Quando há um perfeito alinhamento entre o seu corpo, a sua mente e o seu espírito, o equilíbrio começa a fazer parte de sua vida e este discernimento de viver o momento presente de maneira intensa se torna real. Faz com que você se sinta mais autêntico e verdadeiro com você mesmo e com os outros, permite que você se conheça de maneira intensa, buscando assim, sempre os elementos que faltam para o seu crescimento e, acima de tudo, faz com que você estabeleça uma enorme conexão com o todo, vivendo de forma harmônica com entrega e confiança.

Os cordões emocionais que formamos por não viver o presente intensamente e sentir enorme falta do que já passou faz com que você nunca se sinta um ser humano inteiro, é como se a cada segundo de sua vida faltasse algo para fazê-lo feliz, e esta coisa não mais faz parte de sua vida.

A Radiestesia através da Mesa Radiônica desfaz os cordões emocionais que formamos ao longo do tempo, e faz com que nossa energia se torne presente 100% no momento agora. Fará com que você sinta a sua presença mais intensa em toda parte. A sintonia se estabelece a cada momento em sua vida, e sentirá que foi traçada para ser da maneira que é, tudo acontece em sincronicidade.

Viver de um passado que já não faz parte de sua vida pode fazer com que você adoeça por ter seu masculino ou feminino ferido, ou ainda o levar a doenças cardíacas por apego, ou ainda a problemas psíquicos por dificuldade de lidar com superiores. E uma certeza absoluta a seguir virá: sua vida parou naquele momento que você não se desprende. A ajuda se faz necessária e, de forma energética, quando eliminamos esses cordões emocionais, por mais que voltemos a vícios de comportamento, aquela conexão não será mais possível, pois a energia foi dissipada.

Há algum tempo, atendi uma moça do interior de São Paulo que se dizia completamente infeliz com a empresa que estava trabalhando, dizia que a sua vida havia criado uma estagnação incrível depois que havia mudado para esta empresa. Seu lado emocional havia se desestruturado pela sua infelicidade e no aspecto financeiro, havia desabado... e não sabia nem ao menos onde seu dinheiro ia parar... e por isso sua saúde estava completamente abalada.

Contou-me ainda que durante algum tempo trabalhara em São Paulo em uma multinacional maravilhosa, onde havia respeito entre as pessoas, que o ambiente era muito bonito, que pessoas do seu nível social ali, enfim tudo era ótimo e ela só havia sido feliz até sair de tal empresa.

Neste exato momento, perguntei a ela o porquê de sua saída e ela me disse eu queria crescer profissionalmente e me lançar a novos desafios, por isso optei por uma empresa menor em que eu pudesse ser considerada uma pessoa e não um número.
Na minha ótica, a resposta estava ali, ela se prendera de tal forma como referencial ao emprego anterior que nada dali para frente seria melhor, pois a comparação se instalava a cada momento.

Iniciei com o equilíbrio de todas as suas frequências energéticas e parti, então, para desfazer os bloqueios e cordões emocionais que ainda a prendiam ao emprego antigo, a cada novo bloqueio identificado se tornava mais e mais claro para ela quantas possibilidades ela estava desperdiçando no presente. Quando concluímos a eliminação de todos os cordões emocionais e bloqueios formados, sua visão sobre o todo já era outra, e eu, no intuito de trazê-la para o presente, fiz a seguinte pergunta: você me disse que trocou de emprego para se lançar a novos desafios e crescer e o que você está fazendo para isso? Silêncio absoluto...
Ela percebeu de corpo e alma o quanto permanecia presa a algo que não mais fazia parte de sua vida e resolveu mudar.

Ainda a acompanhei por alguns meses com a Mesa Radiônica a fim de ter absoluta certeza que não haviam mais bloqueios energéticos e que os vícios de comportamento do passado não mais desestabilizavam sua energia.

Hoje depois de se enfiar de cabeça no presente e fazer do emprego atual o melhor que podia existir, em uma oportunidade de reestruturação da empresa, tornou-se uma das sócias proprietárias e a sua virada de vida tão desejada se concretizou por completo.

De tudo isso, fica a lição: viver de passado faz com que possibilidades futuras sejam desperdiçadas.

Existem situações que vivemos em nossas vidas que parecem castigos, quando, na verdade, são o remédio para nos colocar no caminho correto rumo ao nosso projeto de vida.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

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Quando aquele amigo que você não vê há séculos posta fotos comprometedoras no Facebook. 
Texto por Hermés Galvão / Revista Trip.


Já abriu seu Facebook um belo dia e deu de cara com uma foto antiga sua, postada por um “amigo” que você não via há séculos? 

Se servir de consolo, você não é o único

Tenho 1.699 amigos no Facebook. E quando você me ler já devo ter “conquistado” mais um, pois um dia quero ser como o Roberto Carlos e ter 1 milhão deles, para cantar por aí e tirar onda de popular. Afinal, o que são os friends do FB senão figurinhas de um álbum que nunca irá se completar? Quanto mais gente na página, melhor (pode até ser repetido, ou você não conhece ninguém com dois perfis, sendo um público?). E quanto mais requests pendentes, opa, melhor ainda – pega superbem dizer, em tom meio de reclamação, que sua lista de pendências, já enorme, não para de crescer. E que entre tantos pedidos – desesperados, você adora dizer – há um rol sem-fim de velhos conhecidos que o tempo, sempre sábio, tratou de afastar do seu convívio: o gordinho da escola, a baranga que comemos (e negamos, naturalmente), o filho da amiga de uma irmã da sua ex-namorada que você viu uma vez na vida, provavelmente nas férias em algum lugar que você também prefere esquecer, e, claro, primos distantes e cunhados, tios de mais de 60 que descobriram o poder das redes sociais e, mais claro ainda, desocupados em sua nova ocupação (aposentados), passam o dia te cutucando, mandando correntes de paz e amor, frases da Clarice Lispector, links de matérias velhas, histórias de maus-tratos com cachorros, paisagens tipo de calendário de farmácia, clipes do Renaissance (os mais prafrentex já sabem copiar URL e aprenderam o significado de “share”) e, tcharan, postando fotos antigas, muito antigas, em que você aparece invariavelmente:
1 medonho
2 bêbado e de olhos fechados
3 em péssima companhia
4 em uma casa de praia muito diferente das que você frequenta hoje
5 e, tiro no pé, abraçado com a garota mais feia do bairro, vestindo uma camiseta com a frase “NO STRESS” estampada no peito
É, amigo, o mundo virtual traz coisas que a gente não gostaria nunca que chegassem ao real. Porque, sim, o passar dos anos serviu não só para tirarmos um monte de gente da frente como também para deixar muita coisa para trás. Mas existem mil maneiras de fugir, se esconder e tornar-se invisível diante dos olhos que veem do outro lado da tela. Da mesma forma que o lado de lá sempre arruma uma maneira de revelar você, assim, de surpresa, no meio da sua tarde de trabalho. Em outras palavras, não temos saída.
A foto, aquela foto, chega mais cedo ou mais tarde – às vezes, num ato de saudosismo radical alheio, você é agraciado com uma verdadeira compilação de vida regressa que o seu muy amigo resolveu publicar numa tacada só. Saiba que ainda tem gente com hora livre pra digitalizar porta-retratos, e aí é que nós, ocupados demais para desfazer todos os tags, nos vemos numa berlinda irreversível. A essa altura, no fim da noite, quando entramos para dar uma espiada sem compromisso na vida dos outros, já vemos comentários de amigos recentes: “é você nessa foto? Nossa, quem diria”, ou, mais cruel ainda, um seco e sonoro “ahahahahahahahaha”. Sem contar aqueles que fazem download da foto para no futuro ter um trunfo contra você. Quem nunca recebeu chantagem virtual que faça log out agora.
Pois é, o amigo de outrora pode ser o inimigo de agora, e sem se dar conta disso. Claro, pelo menos eu acredito que ele, o nervosinho on-line, está a agir com a melhor das intenções ao trazer de volta momentos que nem o seu inconsciente quis lembrar. Fazer o quê? Bem, nada muito extremado, não.
Brigas no chat estão fora de questão, ligar tampouco – até porque você provavelmente nem tem o número de telefone da criatura. Responder mensagem ou curtir, então, nem sem fala. Podemos, talvez, ignorar os fatos e aceitar que o Facebook tornou-se, mais que uma rede social, uma teia de aranha fácil de entrar e difícil de sair. Uma vez dentro, adeus integridade, adeus neutralidade.

A foto, aquela foto, chega mais cedo ou mais tarde, no dia em que você é agraciado com uma verdadeira compilação de vida regressa que o seu muy amigo resolveu publicar numa tacada só

Estamos todos entregues, vulneráveis e à mercê. Ninguém, ou quase ninguém (talvez a Marisa Monte), pode tirar onda de cool desde a tenra infância – porque a verdade sempre vem, em forma de imagem ou em comentário (público, nunca no seu in box). Porque na calada da noite sempre haverá um amigo insone on-line, deixando um recado no seu mural dizendo sentir saudade da época em que foram juntos, de ônibus, para a micareta de Conceição da Barra, lá no Espírito Santo. E quando você ler a mensagem, no dia seguinte, já terá sido tarde demais. E aquela figura que aceitou seu convite para ir ao show do Yamandu Costa na noite anterior já vai ter descoberto que, no fundo, você é tão refinado quanto, digamos, a Carminha de Avenida Brasil.
Poderia ser diferente, caso seu grupo de amigos no Facebook fosse mais próximo da realidade – ou realmente dá para acreditar que temos, na vida pé no chão, mais de seis com quem podemos contar na hora do aperto? Tem dúvidas? Diga que está na pior, sem grana e sem sexo, e verás. Se não fôssemos tão vaidosos (e carentes) a ponto de aceitar todo mundo que pede amizade, talvez não precisássemos passar por situações que hoje, na mesa de bar e na fila do quilo, nos queixamos como vítimas desarmadas. E, se realmente tivéssemos coragem de dizer não sem medo de solidão, provavelmente declinaríamos metade dos convites que surgem a toda hora em nossa página inicial. Mas não, vibramos de alegria sempre que aparece uma bolinha vermelha lá no canto superior da tela, é como se “alguéns” no mundo lembrassem da nossa existência; nos sentimos queridos, desejados, observados. Assediados. Quase que sexualmente. E assim nos masturbamos diariamente, gozando da cara dos outros enquanto gozam da nossa, a maior lambança.
Sorte que o scroll desce tão rápido, é tanto post, tanto jornalista subindo foto de comida (ainda estou para entender o sentido de postar prato de massa, e no inverno a coisa piora), tanto stylist mostrando as novas tattoos, os novos músculos e a última viagem (tudo começa com um GRU >>> JFK), é tanta gente feliz trocando o profile picture que mal dá tempo de ver, mais uma vez, que algum condenado trouxe o nosso passado de volta sem ao menos avisar. Passa tudo tão depressa que, no fim das contas, tê-lo aceitado como amigo e não ignorá-lo num “piscar” de botões foi a melhor decisão que tomamos na vida. Na vida virtual, claro. Porque à vera, no corpo a corpo, continuamos distantes um do outro. Porque o tempo – o tempo real, os dias e os anos, o vento e a chuva, o sol e os verões que vieram em seguida – se encarregou de apagar o que foi escrito. Agora é prescrito, foi para o espaço. Mas não se perdeu de todo. Está no iCloud. Para caso um dia precisar, afinal nunca sabemos o dia de amanhã. Vai que aquela baranga com quem você deu uma volta em Arraial d’Ajuda virou CEO de uma agência de conteúdo?
Agradecemos aos leitores e colegas de trabalho que souberam rir de si mesmos e doaram as fotos que ilustram essa matéria e sua versão online: Isis Vasques, Rodrigo Paes, Luiz Henrique Amaral, João Paulo Pereira da Cruz, Ana Maria Bouzada, Nicole Balestro, Livia Jorge, Bernardo da Mata, Andre Colmeneiro, Lino Bocchini, Fernanda Valéria, João Guilherme Franco, Luka Pom Pom, Millos Kaiser, e Edy Star.

Certeza absoluta!


domingo, 4 de novembro de 2012

Mude o foco para eliminar os problemas

Mude o foco para eliminar os problemas
por Carlos Augusto Monteiro 

Você já reparou que em cada fase de nossa vida alguns problemas parecem maiores que os outros? Não estou falando de problemas graves e pontuais, como doença ou perda de emprego. Estou falando daquelas características de nós mesmos de que não gostamos, estamos sempre tentando modificar.

Para esses supostos problemas, existe um grande remédio: mudar o foco.

Quanto mais atenção você dá a um problema, mais ele cresce. Isso acontece porque esse problema acaba tomando tempo e espaço em nossas vidas. Tempo e espaço esses que poderiam ser melhor utilizados em atividades produtivas, que nos levem em direção a nossos objetivos e não apenas fiquem atrapalhando nossa vida.

Um bom exemplo de atitude que dá certo em relação a essas situações incômodas é quando, ao longo do tempo, alguns problemas que eram enormes já não nos assustam tanto. Isso é bastante comum quando a gente vai amadurecendo. Em determinada época de nossa vida, especialmente na adolescência, um coração partido é o fim do mundo. Como sofremos quando alguém não corresponde à nossa paixão!

Depois de um tempo, se conseguimos estabelecer um casamento, um relacionamento estável com alguém e olhamos para trás, nos surpreendemos pelo tempo e energia que gastamos lamentando não ter conseguido conquistar aquela outra pessoa. O problema não parece muito menor do que era na época? Pois isso é resultado da mudança de foco.

Tenho certeza de que, quando você viu que não adiantava insistir em conquistar aquela pessoa, parou de pensar tanto nela e foi se envolvendo com outras áreas de sua vida. E, de repente, de tanto focar em questões produtivas, acabou conseguindo encontrar e conquistar uma pessoa que tem muito mais a ver com você do que aquela que ficou para trás.

Parabéns, você soube mudar o foco e está colhendo os frutos disso.

Mas garanto que hoje são outros tipos de problemas que incomodam você. Pois bem, sabe qual é o segredo? Para esses problemas, também é a mudança de foco que vai trazer a solução.

Não digo que você deva parar completamente de pensar neles. Mas deve, isso sim, ter uma postura muito mais de solução do que de tristeza pela falta de alguma coisa. Você deve analisar como pode conquistar o que está lhe faltando. Quais os passos que deve dar para suprir esta falta?

Tenho certeza de que, com consistência e foco no resultado, você vai chegar lá! 

Ansiedade: Um aviso que não pode ser ignorado

Ansiedade: Um aviso que não pode ser ignorado
por Gisela Luiza Campiglia 

Ansiedade: "Comoção aflitiva de quem receia que uma coisa suceda ou não, sofrimento de quem espera, impaciência, desejo veemente, sofreguidão" - Dicionário Aurélio.

A Ansiedade é um processo natural a todo ser humano. Mesmo as emoções, consideradas por nós como negativas, tem um propósito na existência humana. Servindo como um sinal de alerta para a mente, ela avisa ao corpo que é o momento de fabricar energia; funciona como ferramenta psicológica de motivação para a realização de uma ação futura.

Porém, o chamado estado nervoso é ansiedade em excesso e pode prejudicar o senso de realidade e a saúde. Insônia, dor de estômago e o famoso "deu branco na hora H", são sintomas de uma condição de preocupação intensa, diminuindo nossa capacidade de realização na vida.

Quando a energia produzida pela Ansiedade não é utilizada na realização de uma ação, o desequilíbrio se instala. A pessoa passa a viver apenas na mente, na tentativa de controlar o futuro em pensamento e perde o contato com a realidade presente.

A energia criada pelo sinal dado através da Ansiedade existe e precisa ser gasta em alguma ação. A mente procura regular esse desequilíbrio e é obrigada a criar válvulas artificiais de escape para drenar o excesso de energia acumulada. A mais comum delas é a ação de comer compulsivamente. Vícios e distúrbios psicológicos compulsivos estão intimamente ligados ao excesso de ansiedade; são formas de dar vazão a esse desequilíbrio energético.

Os atletas ficam ansiosos pelo dia da competição, mas utilizam a energia da ansiedade de forma produtiva, na ação de se preparar para a prova. Com isso atingem o máximo de seu potencial, estando no melhor de si para enfrentar o desafio competitivo.

Medicamentos

O nível de frustração da pessoa ansiosa é muito grande. Vivendo no vir-a-ser, sem nenhuma realização, ela corre um enorme risco de entrar em um processo depressivo. Nosso Cérebro funciona como um computador, nossos pensamentos criam circuitos mentais, os quais podem ser saudáveis ou destrutivos. Os circuitos mentais podem ser considerados como o software padrão do computador, lembrando que somos nós os programadores deste sistema.

Nossas crenças e paradigmas dão significado às interpretações das situações da vida. Nossa forma de encarar os desafios da vida é que define a qualidade positiva ou negativa desses circuitos mentais. Assim, alimentar circuitos cerebrais negativos, com preocupações desnecessárias, tem um alto preço físico e mental, além de aumentar as chances de fracasso pessoal.

Buscar a causa da Ansiedade em excesso também tem seu preço, o autoconhecimento exige tempo, responsabilidade, estudo e dedicação, mas possibilita a solução permanente do problema e maior êxito nas realizações de vida.

Segundo boletim publicado pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) da Anvisa, o uso de medicamentos ansiolíticos, hoje, ultrapassa o de antibióticos; sendo responsável por 40% das vendas de remédios controlados nas farmácias. Medicamento é necessário em alguns casos e deve ser indicado apenas por profissionais médicos especializados na área.

Identificar a causa da Ansiedade em excesso é a única solução de cura do paciente, os ansiolíticos não devem ser usados eternamente. A Terapia aliada ao uso de medicamentos é necessária para a solução do problema da ansiedade.

Na vida moderna, onde impera o imediatismo e o comodismo, parece normal o uso de "calma e felicidade em pílulas". Médicos de áreas não especializadas receitam sem escrúpulos e de forma corriqueira medicamentos que atuam como droga no organismo. A indústria farmacêutica agradece e seu fígado fica envenenado, inclusive, pelo fato de as pessoas continuarem a tomar bebida alcoólica, mesmo usando medicamento controlado.

O autoconhecimento exige mais trabalho que tomar remédios. Porém, conhecer a si mesmo traz discernimento, firmeza e liberdade. Tomar medicamentos gera ilusão, dependência e prejuízos diversos. Quando o usuário pára com os remédios, a ansiedade volta e os problemas na vida da pessoa também reaparecem.

Conhecer e Controlar a si mesmo

O Ansioso tem o medo como crença inconsciente, por isso tenta ilusoriamente controlar o futuro, fica maquinando em pensamentos um "plano" de defesa para se proteger desse futuro perigoso, mas sem uma ação eficaz. Alimenta circuitos mentais negativos trazendo exaustão física e mental para o presente.

Os medos podem ser de vários tipos: medo de si mesmo, de duvidar da própria capacidade de realização, da opinião dos outros, de ser inadequado, de decepcionar a expectativa alheia; medo de deixar o passado já conhecido para trás e de explorar novas oportunidades futuras. Apenas o autoconhecimento é que pode mostrar qual é o medo inconsciente causador do excesso de ansiedade.

Proponho uma reprogramação da mente criando novos circuitos mentais positivos, através da mudança de crenças baseadas no medo. 

Dicas Úteis

Ser realista é assumir que a minha postura, conhecimentos e atitudes de hoje, influem no meu sucesso de amanhã. É aceitar em paz o meu limite de não poder controlar o Futuro.
Sou capaz de lidar bem com qualquer situação, quando faço o meu melhor hoje. Eu não ajo pelo medo e, sim, somente pelo bom senso, fico em Paz comigo e com a vida.

Eu sou responsável pelo que penso, pelo que sinto e pelo que faço!
O futuro a "Deus" pertence; não controlo a vida ou os outros. Mas, Deus ajuda a quem se ajuda, só é livre quem controla a si mesmo.

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