sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Fica a dica:


Para médicos, faltam opções de drogas contra obesidade


MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA

Quase um ano após a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proibiu os inibidores de apetite do grupo das anfetaminas e restringiu a venda da sibutramina, médicos endocrinologistas se ressentem da falta de mais opções de tratamento para a obesidade.

"Tenho pacientes que voltaram a engordar e sentem muita falta dos remédios proibidos pela Anvisa [do grupo das anfetaminas] porque se davam muito bem com eles", diz o endocrinologista Alfredo Halpern.

Márcio Mancini, chefe do grupo de obesidade do Hospital das Clínicas da USP, afirma ter visto muitos pacientes no hospital que tinham uma boa resposta aos anorexígenos, sem efeitos colaterais. Com a proibição, porém, alguns ganharam muito peso e agora aguardam para fazer a cirurgia bariátrica no HC.

"Não há um remédio ideal para obesidade que sirva para todos. Uns respondem melhor a uma droga e uns se dão melhor com outra. A Anvisa prejudicou muito uma parcela de pacientes", afirma.

Alguns foram aos Estados Unidos para se consultar com médicos de lá e comprar os anfetamínicos, segundo Halpern. Diferentemente do Brasil, os EUA proibiram a sibutramina, mas vendem as drogas derivadas de anfetamina.

O uso de remédios "off label" (fora das indicações da bula) é outra opção encontrada pelos médicos.
Os endocrinologistas têm indicado drogas aprovadas para outras doenças mas que também provocam perda de peso, como o Victoza (para diabetes) e o topiramato (para enxaqueca).
Nesse caso, a prescrição fica por conta e risco do médico.

Outras medidas incluem prescrever o remédio orlistate (Xenical), que reduz a absorção de gordura e pode provocar diarreia, e recomendar mudança de hábitos.

VENDAS
De acordo com o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, o número de receitas de sibutramina caiu 4% nos primeiros sete meses de restrições à droga. A quantidade total vendida caiu 34,5%. "A quantidade por receita diminuiu. Isso significa que há uma preocupação dos profissionais de cumprir os limites da resolução."

Entre as novas exigências para receitar o remédio estão interromper o tratamento se o paciente não perder 2 kg em quatro semanas e relatar efeitos colaterais. Desde a publicação da norma, em outubro do ano passado, a Anvisa recebeu 12 relatos de efeitos colaterais, seis deles graves.

Cerca de 2.000 relatórios encaminhados por farmácias ainda estão sendo analisados. Barbano diz que a decisão sobre manter ou não a sibutramina no mercado e sobre uma mudança na regra só sairá após essa análise.

Outra exigência da nova regra é que médico e paciente assinem um termo de responsabilidade. Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), diz ter deixado de prescrever a sibutramina por não concordar com o documento.

"O termo é completamente impróprio, falseia informação. Diz que, em um estudo, houve 16% de aumento de risco de infarto entre quem usou o remédio, mas o risco absoluto é de 1,2%."

Barbano, da Anvisa, critica o que chama de "medicalização do problema da obesidade". "Precisamos mudar esse comportamento."

Para Marcos Tambascia, professor de endocrinologia da Unicamp, a decisão da Anvisa foi correta. "Os remédios criavam falsa expectativa de perda de peso sem esforços. Se o médico não vender a ideia de milagre, o paciente pode entender a importância de mudar o estilo de vida."
Editoria de arte/folhapress

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Carroça vazia


Antes que elas cresçam!

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.

Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?

Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas.

Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração.

Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela.

Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.

Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto. 

No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.

O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.

Texto de Affonso Romano de Sant'anna 


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O conforto do outro

Viver sozinho é uma opção moderna. O sujeito não é acordado pelo despertador dos outros, volta para casa na hora que quer e vê o que deseja na televisão. Nunca tem de interromper a leitura para escutar a última história sobre a família, o trabalho ou os amigos de ninguém. Se em algum momento estiver carente, tenta encher o quarto com o corpo e as ideias de uma mulher de quem ele goste. Temporariamente. 
Vale o mesmo para as mulheres, claro. Muitas vivem perfeitamente à vontade com o silêncio, o vinho e os cosméticos de quem está sozinha. Cozinham para ela e as amigas, assistem duas temporadas inteiras de uma série no fim de semana e, se der vontade, arrumam companhia com mais facilidade do que os homens. Desde a invenção da internet, até o delivery de sexo por meio dos sites de relacionamento ficou fácil. Nem precisa mais sair de casa. 
Ainda assim, as pessoas se juntam, namoram e passam a dormir juntas todos os dias. Diante dos confortos e facilidades da vida urbana, essa atitude às vezes me parece um mistério. Por que abrir mão da enorme e promissora liberdade do século 21 para se confinar ao espaço de um único relacionamento, que tende a ser mais estreito e mais restrito do que qualquer arranjo solitário? Supondo que os envolvidos não queiram ter filhos, claro. Se quiserem, é outra história. Até hoje, ninguém inventou um ambiente melhor para criar filhotes humanos do que uma casa em que haja dois adultos dividindo essa pesada responsabilidade. 
Mas pouca gente pensa em filhos quando começa um relacionamento desses em que se dorme junto toda hora. Elas querem outra coisa quando se metem na casa dos outros ou permitem que os outros se metam na casa delas. Se você perguntar, dirão que é algo grandioso como amor ou compromisso. Eu duvido. Essas palavras representam abstrações intangíveis na vida real, enquanto as nossas decisões diárias são baseadas em elementos concretos da existência. Mesmo que isso seja inconsciente. Dou exemplos: 
Pode tomar banho com ele, dormir encostado nele, transar com ele do jeito que gosta ou mesmo amarrar e bater, se você for da turma dos Cinquenta Tons de Cinza. Isso do ponto de vista estritamente físico. Mas um corpo, claro, tem também um cérebro com informações e capacidade analítica. Essa parte neurológica da sua companhia pode ser usada para lembrar o nome de um filme, discutir seus projetos profissionais, refletir sobre os seus sentimentos conturbados ou para esclarecer um detalhe do processo do Mensalão que você não entendeu. Não se pode deixar de lado, evidentemente, a função social do corpo parceiro. Você pode viajar com ele, levá-lo ao cinema ou almoçar com ele na sua mãe, aos domingos. Assim fica mais gostoso fazer coisas que de outro jeito você acharia aborrecidas. Quando as pessoas dizem amor, elas estão pensando, concretamente, em sexo e companhia constante. É isso que um relacionamento sólido garante. Alguns dias por semana, ou todos os dias, você tem assegurada a presença física de alguém de quem gosta – e pode fazer várias coisas com esse corpo querido. 
As pessoas precisam de ajuda, aconchego, distração. Tudo isso vem no pacote físico do relacionamento. Se você não tem alguém na sua vida, vai fazer supermercado sozinho toda semana. O que pode ser pior do que isso? Cozinhar pode ser outra tarefa intolerável com apenas duas mãos. Falta quem lave as folhas, pique a cebola e guarde a louça depois do jantar. E não é só isso. Quem ajuda a colocar as malas no carro? Quem vai levar para casa o amigo que bebeu demais? Quem decide a cor da porcaria da parede e o formato da droga da pia do banheiro? Quem faz você rir do seu mau humor matinal? Quem abraça você se chegar em casa chorando depois de um dia de cachorro? Para isso tudo serve o namorado, a mulher, o corpo parceiro.

Acho que essas razões concretas, e não as palavras altissonantes, explicam por que as pessoas abrem mão da liberdade moderna para meter-se em relacionamentos. O conforto do sexo e da companhia constante não se consegue de outra forma. Não está à venda no supermercado e não tem no delivery dos sites de relacionamento. Para ter alguém enchendo a sua vida – e algumas vezes o seu saco – é preciso renunciar a parte da sua independência e do seu sossego, deixar que o outro invada o seu espaço com móveis esquisitos, conversa fiada e despertadores barulhentos. Faz parte. Quem já passou por isso sabe que nem sempre é sensacional, mas ultimamente, agora, esta manhã, tem sido indescritivelmente bom.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

sábado, 15 de setembro de 2012

Lindo!


Não existe homem fiel


A frase não é minha, mas reflete a crença de grande parte dos brasileiros. Na quinta-feira (2) foi repetida pelo cantor Zezé Di Camargo durante uma entrevista coletiva. “Não existe homem fiel. Existe homem numa fase fiel”, disse ele ao dar pistas de que se separou de Zilu, com quem esteve casado por 30 anos.
Ninguém precisa ser um estudioso para saber que a infidelidade é mais comum do que parece, mas os estudos existem. Não são tão abundantes quanto as “puladas de cerca”, mas os achados nos permitem afirmar uma ou duas coisas.
Décadas de pesquisa demonstram que, pelo menos historicamente, a infidelidade é mais frequente entre os homens que entre as mulheres. Nos Estados Unidos, de 20% a 40% dos homens heterossexuais casados terão ao menos um affair durante a vida. Entre as mulheres, o índice varia de 10% a 25%.
A cada ano, de 1,5 a 4% das pessoas casadas têm um caso. É o que nos conta uma reportagem publicada neste mês pela revista Psychology Today, assinada por Hara Estroff Marano. Suspeito que o índice real de infidelidade – tanto lá quanto aqui – seja muito superior ao confessado.
Há um fato novo: a traição está deixando de ser uma prática marcadamente masculina. As pesquisas mais recentes flagram a mudança na população abaixo de 45 anos. Os índices de infidelidade entre homens e mulheres estão convergindo.
A maior parte das traições começa no ambiente de trabalho. Com mais mulheres trabalhando fora, as chances que elas têm de encontrar um affair se tornam tão altas quanto as oportunidades que os maridos têm. Além disso, a independência financeira deu às mulheres a liberdade de arriscar. E muitas estão fazendo isso.  
Entre as mulheres, a principal razão de traição ainda são necessidades emocionais. Basicamente, elas traem porque não estão felizes com o casamento.Aos meus ouvidos, a frase de Zezé soa ultrapassada. Ou pelo menos incompleta. Homens e mulheres traem. As motivações para a traição, no entanto, ainda parecem ser diferentes. É o que dizem os especialistas.
Entre os homens, a traição é independente da qualidade do casamento. Eles traem quando o casamento vai bem e quando vai mal.
O fator determinante para a traição – tanto entre os homens, quanto entre as mulheres – é a oportunidade. “As pessoas casadas se envolvem com outras pessoas quase sempre sem planejar”, diz o psicólogo Barry McCarthy.
Nenhum lugar oferece mais oportunidades que o ambiente de trabalho. Ele permite o contato constante com um grande número de pessoas, quase sempre com interesses comuns. E ainda torna plausível a desculpa clássica: “Benhê, vou dar uma esticada aqui no escritório”.
Não é mais possível entrar em qualquer discussão sobre infidelidade sem levar em conta as pesquisas recentes sobre os hormônios e a maquinaria do cérebro. Em estudos feitos com ressonância magnética, a antropóloga Helen Fisher demonstrou que existem sistemas neurais diferentes que determinam a atração, o amor romântico e o vínculo. Eles podem operar de forma independente entre si.
“Todo mundo começa um casamento acreditando que nunca terá um affair”, diz Helen. “Por que, então, nossos dados coletados em várias partes do mundo demonstram que as pessoas traem mesmo quando são felizes no casamento?”
A resposta: “Você pode ter um vínculo forte com um parceiro e sentir um amor romântico intenso por outro. E, ao mesmo tempo, perceber que outras pessoas lhe despertam desejo sexual”, diz Helen.
Hormônios, hormônios, hormônios. Podemos submetê-los às regras da cultura. Fazemos isso o tempo todo para que a vida em sociedade seja viável. Mas eles são rebeldes.   
(Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras)

Simmmm


O escândalo das vaginas

Não entendi a comoção em torno da plástica íntima.


Fomos informados pela imprensa, alguns dias atrás, que cresce exponencialmente no Brasil o número de cirurgias estéticas de vagina. As mulheres que têm lábios vaginais muito grandes estão pagando cerca de três mil reais para reduzi-los às proporções da moda, que são modestas e delicadas. Se eu entendi direito, em vez de um botão de rosa aberto ou semiaberto, elas querem um botão cerrado. Acham mais bonitinho. 
A notícia provocou o barulho de sempre. As moças engajadas foram às redes sociais dizer que esse tipo de operação representa uma violência social inaceitável. Os homens que amam as mulheres declararam seu amor incondicional a qualquer forma sagrada de vagina. Em dois minutos, apareceram dezenas de médicos explicando como a operação – embora simples e rápida – exige uma recuperação cuidadosa (um mês sem sexo!) e acarreta dois riscos sérios: infecção e perda de sensibilidade vaginal, por dano ao tecido nervoso.
Confesso que, neste tipo de assunto, estou me tornando um pessimista. 
As pessoas farão coisas cada vez mais malucas com seus corpos, não importa o que a gente ache ou diga. Acredito que isso exterioriza o enorme mal estar interior com elas mesmas, que precisa ganhar forma de algum jeito. Se puderem redesenhar seus corpos – da forma como não conseguem alterar seus sentimentos – farão isso cada vez mais agressivamente, sob qualquer desculpa, inclusive a de se tornar mais atraentes. Temo que no futuro vivamos num livro de ficção científica de Willian Gibson, em que os personagens têm olhos cor de rubis, vaginas artificiais nas coxas e carregam clitóris embaixo dos braços. Eu chamaria isso de inferno, mas muitos acharão que é o paraíso.  
Sendo homem, tampouco faço ideia de como seja estar insatisfeito com a própria vagina, achá-la desengonçada, pelancuda, feia. Já ouvi mulheres com esse sentimento e elas me pareceram tristes. Minha primeira impressão é que o amor e o desejo dos parceiros deveriam ajudar a colocar isso de lado, mas talvez em alguns casos essas atenções faltem, ou sejam insuficientes. Deve haver situações em que a modificação do corpo seja mais que mera estupidez ou frivolidade, e talvez um psicólogo seja a pessoa adequada para ajudar a determiná-las.  Dito isso, e talvez por ser um pessimista, eu não fiquei escandalizado com as cirurgias estéticas de vagina. Não entendo em que elas são eticamente diferentes de uma plástica de nariz. Ou de barriga. Ou de seios. Se a gente já se acostumou com peitos que balançam como bolas de borracha, por que fazer caso de minúsculas lacerações do tecido vaginal? Pergunto aos meus botões ignorantes se uma lipoaspiração é menos nojenta, agressiva, perigosa ou de qualquer maneira menos fútil que uma plástica corretiva na vagina – e não recebo deles resposta satisfatória. 
Embora eu não saiba nada sobre os sentimentos da vagina, sei como os homens se sentem em relação ao pênis. 

Milhões vivem profundamente insatisfeitos com a forma e, sobretudo, com as dimensões que receberam da natureza. Se houvesse a certeza de mudar essa situação com uma cirurgia de três mil reais, de curta duração e baixo risco, tenho certeza de que muito se atirariam a ela como loucos - desesperados e famintos. Quem, sendo homem, sabendo como cada um de nós se sente em relação ao próprio pênis, diria a outro homem que não fizesse por si mesmo essa graça? Mas não existe uma cirurgia segura que ofereça a prodigalidade peniana. Portanto, estamos livres para rir, julgar e invejar as mulheres. 
Não quero com isso endossar de forma nenhuma as plásticas vaginais. Já disse que acho esse modismo uma expressão da nossa coletiva (e inexorável) maluquice. Mas tampouco fico confortável vendo as pessoas que fazem esse tipo de procedimentos sendo estigmatizadas. Acho patético que uma sociedade que foi tão longe em incentivar o flagelo corporal das mulheres em nome da beleza se volte coletivamente contra a mais recente manifestação da sua própria loucura – apenas outro sintoma, sutil e delicado, de que coisas muito mais importantes estão erradas. 
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

Mulher conta como matou o pai que a estuprava


A americana Stacey Lannert passou 17 anos na cadeia. Seu crime: matar o próprio pai. Ela tinha 18 anos quando atirou duas vezes nele, que estava bêbado e desmaiado sobre o sofá.
Conseguir sair da prisão em 2009 foi uma vitória para Stacey. Sua pena era perpétua, mas ela conseguiu convencer a Justiça americana de que não havia assassinado o pai por causa de dinheiro. Sua intenção, conseguiu comprovar depois de anos lutando, era proteger a irmã mais nova, Christy, que havia sido, como ela, estuprada pelo pai.
Quando cometeu o crime, Stacey já tinha sofrido anos e anos com o abuso. Aos 10, era estuprada com frequência pelo pai – e ameaçada de morte caso contasse a alguém das agressões. Aos 12, perdeu a que poderia ser sua última esperança de proteção: a mãe. Ela se divorciou do pai sem saber da pedofilia em sua própria casa. Ignorou o aviso de uma babá, que havia perguntado a Stacey se o pai a “machucava”. A criança respondeu que sim, e a babá decidiu avisar a mãe. A mãe, sabendo que o pai não batia na menina, não fez nada sobre a acusação.
Talvez, se tivesse usado as palavras corretas – estupro, pedofilia –, a babá pudesse ter evitado anos de violência cruel e um homicídio. É essa a reflexão de Stacey em Redemption: A Story of Sisterhood, Survival, and Finding Freedom Behind Bars (algo como Redenção: uma história de irmandade, sobrevivência e de encontrar a liberdade atrás das grades), o livro de memórias que ela lança neste mês com a jornalista Kristen Kemp. “É por isso que é tão importante que a gente encontre as palavras de verdade”, diz.
Não que Stacey goste de falar sobre pedofilia, mas ela resolveu passar por cima da própria dor porque acha que pode ajudar outras famílias. “Nunca me senti confortável contando minha história, e duvido que um dia me sinta. Mas eu a conto porque quero que outros consigam falar sobre as suas histórias. A cura começa quando as feridas são expostas. Acredito que podemos acabar com o abuso sexual falando abertamente sobre o trauma e a devastação que ele cria”, diz Stacey em entrevista publicada no site da livraria virtual Amazon.
Stacey também conta que uma das maiores dificuldades para escrever sua própria história foi se lembrar não apenas do agressor, mas também do pai normal, com quem viveu momentos felizes. Por que eles não podiam ser sempre assim? É impossível explicar as razões que levam a essa infelicidade e não há como justificar o crime, mas se mais pessoas falassem sobre a pedofilia com todas as letras, talvez muitos momentos tristes pudessem ser evitados.
Fora da prisão há pouco mais de dois anos, Stacey Lannert dedica parte de sua vida a ajudar as vítimas de abuso no site Healing Sisters, em que as mulheres dão apoio umas às outras.
Letícia Sorg é repórter especial de ÉPOCA em São Paulo.

Meus livros...

'As vezes nem sei por onde começar... ou terminar... AMO !!!!



8 anos ♥♥♥♥♥♥♥♥


2012  
2003
Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo,
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito.

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você.
Meu riso é tão feliz contigo.
O meu melhor amigo é o meu amor.

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança.
A gente brinca
Na nossa velha infância.

Seus olhos, meu clarão,
Me guiam dentro da escuridão.
Seus pés me abrem o caminho;
Eu sigo e nunca me sinto só.

Você é assim:
Um sonho pra mim;
Quero te encher de beijos.
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito.

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você.
Meu riso é tão feliz contigo...
O meu melhor amigo é o meu amor.

E a gente canta
E a gente dançar
E a gente não se cansa
De ser criança.
A gente brinca
Na nossa velha infância.

Seus olhos, meu clarão,
Me guiam dentro da escuridão.
Seus pés me abrem um caminho;
Eu sigo e nunca me sinto só.

Você é assim: Um sonho pra mim.
Você é assim...
Você é assim: um sonho pra mim.
Você é assim...

Na natureza selvagem


Vocês se amam, mas cada um quer uma coisa, pensa uma coisa, tem uma expectativa diferente. E agora? É sobre isso o post de hoje na seção Mulheres pelo Mundo, da jornalista Elisa Martins, que vive no México.
Dizem por aí que todos os homens são iguais, e as mães também, só mudam de endereço. Não é exagero? A variedade é o que dá graça à condição humana. Mas já repararam como existem padrões que se repetem no modo como nos relacionamos uns com os outros? Nem falar nas relações amorosas… As dúvidas que tiram o sono das chicas aqui no México se parecem muito às que já vi preocupar amigas no Brasil. Outro dia, uma amiga mexicana me veio com a pergunta do milhão: “o que você faria se a pessoa que você ama não quisesse o mesmo que você?”.
Engoli seco. Primeiro, porque me pegou de surpresa. Segundo, porque não sabia responder. E depende, certo? Como muitas coisas na vida, cheia de variáveis. Esta amiga terminou com o namorado de anos depois de flagrar uma conversa incômoda dele com uma desconhecida na internet (ah, essas redes sociais…). Era o chat da traição anunciada. No fim das contas, ela e o namorado conversaram, se entenderam, e tudo parecia voltar à calma. Mas ela não. Ela avançou ao futuro. Encasquetou porque ele diz que não acredita em casamento, nem faz questão de filhos, e ela sofre porque sonha de verdade em casar e ter uma família. E continua a relação com a estranha sensação de que está fadada ao fim.
Alguém por aí diria que toda relação é uma incógnita, que por mais que os dois envolvidos pensem de maneira parecida e compartilhem uma ideia de futuro não é garantia de uma relação “para sempre”. Mas, se não existe um mínimo de sonhos em comum, a coisa não complica? Como não conheço bem o namorado, disse a ela que não existe nada como uma conversa franca. Tendemos a pensar que sabemos o que se passa na cabeça do outro, e imaginação não é realidade. E fui também sincera: nestes casos, é difícil uma relação prosperar se as pessoas não estão dispostas a ceder, em menor ou maior grau, segundo a situação exija, em um jogo de escolhas que envolve perdas. Porque senão a longo prazo estariam infelizes, jogando suas frustrações um no outro, e com raiva do tempo perdido em que a paixão anulou a urgência de uma conversa séria. Só sabendo bem o que os dois sentem podem avaliar suas possibilidades, ou ao menos a vontade de tentar – ou ceder.
A tal conversa ainda não aconteceu. Nem acho que minha amiga tenha pressa, talvez por medo do rumo que as palavras tomem quando lançadas ao ar. O mesmo mistério que permeia o que une duas pessoas existe no que as separa. Quando saber que aquele ponto de discordância se transformou em “diferenças irreconciliáveis”, expressão corriqueiramente usada pelos famosos para justificar mais uma separação?
Uma grande amiga me disse uma vez que o que nos mantém juntos a outra pessoa não são suas qualidades, mas os defeitos. Isso porque ela pode ter o maior leque possível de qualidades, mas, se tem um defeito insuportável, por mais amor que exista a relação estará capenga. Incômoda.
Minha dúvida é sobre quando deixamos de ter dúvidas. Minha cunhada contou que nas palestras matrimoniais que teve que frequentar como requisito para o casamento na Igreja os casais eram instigados todo o tempo a duvidar sobre o que os levou até ali. Desafiados a refletir se o amor que sentiam era tão forte como diziam sentir, quase numa versão moderna-afetiva da Inquisição. Haverá quem desista sob pressão. Mas mesmo os mais seguros devem se perguntar, senão no tal curso, em algum momento da vida: será? Será esse? Será essa? Será que serei capaz de tolerar a diferença? Ter paciência para tentar o entendimento? Capacidade de escutar o outro? Habilidade para fazê-lo(a) falar? Quando amamos, a intenção de prosperar certamente existe, mas não é tão certa a destreza, nem a resistência a fatores externos. Existe o esforço – e isso já faz diferença.
Outra grande amiga disse outro dia que viver sozinho é mais fácil. Na teoria. Viver com alguém mais supõe outros desafios, situações que nos obrigam a amadurecer, dividir, somar. Cada um saberá como levar sua relação com o outro, e se preferir, apenas consigo mesmo, o que também pode ser bem difícil. Mas, desde que comecei a escrever este texto, uma frase não sai da minha cabeça. Vi num filme (dirigido por Sean Penn, “Na natureza selvagem”, tem também livro, altamente recomendado!). No final de uma arriscada aventura de auto-descoberta, o protagonista descobre, sozinho no Alasca, a resposta para o que buscava: “a felicidade só é real quando compartilhada”.

Ho´oponopono

Ho´oponopono... sempre uma bênção... 
Ho´oponopono... sempre uma bênção...
:: Rubia A. Dantés ::

Todos temos problemas de relacionamento, com a família, os amigos, companheiros... e isso faz com que nos afastemos de pessoas que gostamos muito delas, mas que em algum ponto existe um conflito que não conseguimos superar... que torna essas relações motivo de grande sofrimento

Existem muitas coisas que nos ajudam a passar por esse tipo de problema que a vida nos apresenta, mas o Ho'oponopono, para mim, tem um lugar muito especial entre essas muitas coisas... porque, além de ser extremamente simples e poderoso... é algo que muda dentro da gente a forma como olhamos para tudo, a partir de então.

Os conflitos não deixam de existir... a diferença é que passamos a olhar de forma diferente, ao assumirmos responsabilidade. Se a culpa é do outro, fica muito mais difícil solucionar os problemas, do que quando sabemos que... tudo que atraímos para a nossa realidade é de nossa responsabilidade.

O problema deixa de ser só motivo de sofrimento e se transforma em mais uma oportunidade, em um degrau para avançarmos mais um passo... e resgatarmos relacionamentos que podem se revelam preciosos, se for o caso... ou também, se for o caso, as pessoas se vão naturalmente, sem as amarras que, mesmo afastadas as mantinham presas.

É incrível como essa mudança de postura nos dá forças para querer limpar cada vez mais as memórias equivocadas que ainda nos impedem de ter uma vida mais plena e desfrutar da companhia de pessoas que o Grande Mistério colocou no nosso caminho.

Tenho experimentado e visto Ho'oponopono operar verdadeiros milagres quando o problema é uma dificuldade de relacionar com o outro... que, na verdade, é uma dificuldade de relacionar com a gente mesmo, porque o outro está dentro de nós...

Ho'oponopono se aplica a qualquer situação onde existe um problema e uso para tudo... diante de qualquer coisa que me incomoda, seja algo bem palpável ou só um sentimento de mal-estar, uma tristeza, agitação, medo, insegurança... qualquer coisa... faço Ho'oponopono para limpar a causa.

De forma bem simples assumo responsabilidade falando:
- O que em mim está causando tal problema.
A seguir peço a Divindade para fazer a limpeza:
- Divindade, por favor, limpe em mim o que está causando tal problema e transmute em pura Luz.
E repito as frases... Sinto muito! Me perdoe! Te Amo! Sou grata!

Se for um problema de relacionamento com outra pessoa, você pode fazer assim:
-O que em mim está causando problemas no meu relacionamento com tal pessoa? (assumindo responsabilidade)
-Divindade, por favor, limpe em mim o que está causando problemas no meu relacionamento com tal pessoa e transmute em pura luz
E repita as frases... em qualquer ordem, você pode escolher falar todas ou só as que preferir.

Ho'oponopono se tornou tão natural para mim que, muitas vezes, quando algo acontece inesperado, já começo a repetir as frases sem nem passar pelo processo todo de assumir responsabilidade e fazer o pedido... sei que isso já está implícito... e funciona!
Então, penso que não existem muitas regras e que as coisas vão ficando cada vez mais e mais simples... Acho que cada um deve fazer como se sente bem fazendo...

Essa Oração da Morrnah Simeona, Criadora do Ho'oponopono Identidade Própria é muito abrangente e pode ser feita em qualquer ocasião

"Divino Criador, pai, mãe, filho em um...
Se eu, minha família, meus parentes e ancestrais lhe
ofendemos, à sua família, parentes e ancestrais em
pensamentos, palavras, atos e ações do início da nossa
criação até o presente,
nós pedimos seu perdão...
Deixe isto limpar, purificar, libertar, cortar todas as
lembranças, bloqueios, energias e vibrações negativas
e transmute estas energias indesejáveis em pura luz...
Assim está feito".

'Pular corda é melhor que correr'


...afirma o treinador físico Marcio Atalla


JULIANA CUNHA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Conhecido por conta do quadro "Medida Certa", do Fantástico, Atalla quer ser o educador físico dos sedentários e acaba de lançar o livro "Sua vida em movimento" (Paralela, 102 págs, R$ 17). Ele defende que se exercitar por 15 minutos diários é melhor que frequentar a academia de forma irregular e critica grupos de corrida de rua.
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Folha - Em seu livro, você diz que basta subir nove andares de escada ou caminhar 30 minutos por dia para deixar de ser sedentário. Deixar de ser sedentário é suficiente? Se for, por que as pessoas passam duas horas na academia?
Marcio Atalla - Abandonar o sedentarismo -- ou seja, apenas subir os nove andares ou fazer a caminhada -- já afasta 60% dos problemas cardíacos e reduz em 30% as chances de diabetes, então, posso te dizer que já é uma grande coisa.
Quem passa mais tempo se exercitando é porque tem metas maiores: quer um corpo definido, quer ficar mais forte e ter ainda mais saúde. Claro que é melhor se exercitar mais, mas a chave da questão é a constância. Subir nove degraus por dia, todos os dias, traz mais benefícios a longo prazo que fazer quatro meses de academia por ano e ficar sedentário no resto do tempo.
O foco do livro são as pessoas sedentárias e que se exercitam pouco. Você já viveu uma fase assim ou apenas atendeu pessoas com esse perfil?
Em comparação com as pessoas comuns, nunca estive sedentário, mas tive fases de inércia, dessas que a gente comenta com os outros treinadores: "Poxa, estou um péssimo exemplo para os alunos, só vim na academia quatro vezes na semana".
Atualmente está bem complicado para eu conseguir me exercitar. Viajo bastante, tenho horários loucos. Muitas vezes, a solução é improvisar no quarto do hotel, com exercícios que usam o peso do meu próprio corpo.
Você faz aquela mesma sequência que descreve no livro, com 20 agachamentos de perna, dez flexões de braço etc? Pula corda?
Faço sequências um pouco mais exigentes, as do livro são mais gerais, para não machucar ninguém. E pulo bastante corda em casa. Se você tem apenas 15 minutos, pule corda. É um exercício aeróbico incrível e fortalece os músculos da perna.
Mas o impacto não é grande demais, a pessoa não pode se machucar se fizer sem orientação?
Ao pular corda, naturalmente contraímos as musculaturas dos glúteos e das pernas, o que protege contra lesões. É muito mais seguro do que correr na rua sozinho. A quantidade de pessoas que se machucam correndo na rua é impressionante.
Cerca de 40% dos corredores de rua amadores passam pelo menos um mês por ano parados por conta se lesões. Para atletas amadores, é um número muito alto. Vejo muita gente correndo em grupos de corrida que não têm nem sequer uma planilha individualizada. Se for para correr nessas condições, acho muito mais adequado pular corda.
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