terça-feira, 29 de novembro de 2011

Personalidade dos Bebês


Você sabe identificar as necessidades do seu filho?

Psicóloga explica porque observar e dar atenção aos filhos enquanto são bebês é fundamental para desenvolver sua personalidade
 
Cuidado que as mães dedicam aos filhos pode contribuir com o desenvolvimento da sua individualidade
Ninguém nem precisa te falar que o seu bebê tem personalidade própria desde cedo. Isso você já sabia, ou desconfiava. Mas você sabia que o cuidado que você dedica a ele e o próprio ambiente em que vocês vivem ajudam a desenvolver a sua personalidade no início da vida?
De acordo com a psicóloga Cynthia Boscovich, mãe de Bruno e Giovanna, o ambiente de um recém-nascido é restrito, logo, o mundo do pequeno é a própria mãe, e um pouco depois, o pai e outras pessoas que convivem com ele também. 
É por isso que a atenção da mãe, ou alguém que a substituia, nos primeiros meses de vida é essencial para que as crianças tenham condições de desenvolver características próprias que as diferenciam das outras.
“A mãe deve conhecer o seu filho e saber do que ele necessita. Ela deve estar voltada para estas necessidades e atendê-las de um determinado modo, que saberá de acordo com sua intuição, justamente por estar dedicada ao seu bebê.”
Como sabemos, com essa dedicação, você será capaz de reconhecer o que cada choro do seu bebê quer dizer, se está com sono, com a fralda suja, se quer mamar ou se está com alguma dor. E assim, poderá providenciar com tranquilidade os cuidados que ele necessita. 
Logo depois que você e seu bebê se adaptarem um ao outro e você reconhecer esses sinais relacionados ao choro, você passará a perceber as características mais específicas dele, como o que ele gosta mais ou tolera menos. 
Segundo a psicóloga, o padrão de cuidados prestados ao bebê contribuem com o desenvolvimento de sua personalidade, entretanto desde muito pequenos observamos diferenças que caracterizam os bebês.
Por exemplo, alguns bebês são mais risonhos e abrem o sorrisão pra todo mundo, enquanto outros sorriem para poucas pessoas ou são bem sérios. Tem aqueles que preferem um ambiente cheio de gente, sons e cores, outros se irritam nestes ambientes. "O choro do bebê, que é a maneira que ele tem de se comunicar com o mundo, também demonstra sua personalidade e nestas horas se observarmos os bebê , perceberemos que cada um tem a sua maneira própria de chorar”.
Ao se dar conta dessas características de sua personalidade, você vai percebendo mais ou menos como é o seu bebê é lhe dá oportunidades de se expressar. “Tais cuidados contribuem para segurança e tranquilidade da criança poder exercitar a sua individualidade e autonomia à medida que for crescendo.” 
 
 
Consultoria
Cynthia Boscovich, mãe de Bruno e Giovanna, é psicóloga clínica e  psicanalista. www.cuidadomaterno.com.b

Meu filho tem coisas demais!


Meu filho tem coisas demais!

Se seu filho não sabe mais o que fazer com os presentes, descubra o que fazer


Quase todo dia seu filho ganha alguma coisa, seja uma bala, um adesivo ou um carrinho. Agora, de tantas coisas que tem, nem acha mais graça nos novos presentes e está sempre querendo mais. Isso é comum, e controlar seus impulsos consumistas pode fazer muito bem – a você e a ele

Por Luciana Alvarez, mãe de Marcelo

Nosso filho é o primeiro neto, dos dois lados. Ele possui tudo o que uma criança jamais poderia desejar, em termos de roupas, livros e brinquedos. Ele se comporta muito bem, e  nunca choraminga nem tem crises de birra. Mas nós tememos que, se não lhe dissermos a quantidade certa de ‘nãos’, ele acabará ficando mimado e insuportável. A dúvida, exposta no livro O Que Esperar Dos Primeiros Anos (Ed. Record), pode estar também te preocupando.

Que atire a primeira pedra o pai ou mãe que nunca sentiu aquela vontade irresistível de comprar um presentinho extra para o filho. Ou que não tenha de se segurar toda vez que passa por uma vitrine de brinquedos – e, claro, de vez em quando não se segura. Mas então avós, tios, padrinhos, amigos, todo mundo acaba cedendo ao desejo de dar um agradinho fora de época. Como resultado, as crianças acumulam mimos e acabam se tornando proprietárias de um espólio que simplesmente não dão conta de curtir.

“Embora o garoto que tem tudo não seja necessariamente mimado, aquele que tem mais do que necessita ou consegue usar, vê-se frequentemente assoberbado (com tantos brinquedos, ele não sabe o que fazer) ou frustrado (ele tem tantos brinquedos, que esses se tornam uniformemente aborrecidos)”, explica o livro. Claro, ganhar coisas demais ou ter certeza de que vai receber o que quer acaba com a graça da surpresa e da novidade.

Mas calma! As autoras do livro, Arlene Eisenberg, Heidi Murkoff e Sandee Hathaway afirmam que dizer sim não é um erro. Essa palavrinha mágica é problema quando dita pelos motivos errados – para manter a criança feliz, evitar confrontos, satisfazer os desejos não atendidos de nossa própria infância ou compensar o tempo que os pais não ficam com o filho. Então, a questão não é apenas dizer “sim” ou “não” para os pedidos de uma criança. E, sim, perguntar-se “por quê” e explicar o porquê.

Coleção de carrinhos

Aos 7 anos de idade, Pedro Henrique possui armários repletos de carrinhos. A mãe, Suzana Brayner, estima que sejam por volta de 1 mil e reconhece que cruzou a linha vermelha do consumismo. Por isso mesmo está se esforçando para mudar (e fazendo tudo diferente com seu mais novo, Theo, de 1 ano e meio). “O Pedro curtia muito ganhar presente fora de época. Toda vez que ia na padaria ou no shopping, a gente sempre comprava mais algum. É tão baratinho”, conta. O problema se agravou quando o casal viajou e trouxe para Pedro, na época com 4 anos, uma mala inteira de carrinhos.

Suzana decidiu dar um basta ao ver que o excesso causava sofrimento ao filho. “Um só não era suficiente, ele sofria se não ganhasse uma mala de brinquedos”, lembra. A mãe pediu colaboração da família inteira para conseguir que Pedro receba presentes só em datas especiais – meta que ainda não foi 100% alcançada, mas está a caminho. “Todo mundo dava presente. Quando dormia na casa da minha sogra, na manhã seguinte ganhava dois ou três carrinhos.”

Lógico que Pedro não reagiu bem aos primeiros nãos, mas em vez de amolecer o coração da mãe, a birra inicial deu mais motivação a Suzana. “Quando vi a reação absurda por causa de uma bobagem pensei: isso não é saudável.” Após meses de muita conversa o menino já aceita as novas regras. Os pais também tiveram que quebrar a antiga roda-viva de consumo – reforçada pela TV, passeios em shoppings e colegas de escola. “Nossos programas agora são colocar o pé na terra, curtir um pôr-do-sol, brincar com bichinhos. Para o Theo, até hoje quase não comprei nada: ficamos sócios do Clube do Brinquedo, onde a gente aluga brinquedos e troca quando ele se cansa.”

Procurando alternativas

O Clube do Brinquedo, ao qual Suzana recorreu, foi criado exatamente para os pais que fogem do consumismo excessivo de brinquedos, que acabam sendo usados por pouco tempo. O site faz aluguel de brinquedos de um jeito bem simples. Gastando R$ 75 por mês, o cliente recebe dois brinquedos em casa por mês, podendo trocá-los por outros ou apenas devolvê-los. Os planos custam mais caro conforme a quantidade de brinquedos que o cliente quiser alugar.

Também existem algumas ações esporádicas de troca de brinquedos. Em setembro deste ano, por exemplo, o grupo Boa Praça e o Projeto Criança e Consumo organizaram um evento público em São Paulo, convocando as crianças a levarem brinquedos que não usam mais e trocar com os amigos. Além de reciclar os produtos que a criança têm no armário e promover a socialização, quando ela percebe que os amigos estão interessados naqueles brinquedos que nem queria mais, isso desperta novamente seu interesse.

Outras famílias recorrem à doação: nos aniversários, a cada presente novo, a criança escolhe um dos velhos para doar. Além de solidária, essa iniciativa mantém uma quantidade razoável de brinquedos no estoque da criança, e renovável a cada ano (ou mais, se o Natal e o Dia das Crianças entrarem no jogo).

Achar um ponto de equilíbrio do consumo saudável desafia a maioria das famílias. “Em primeiro lugar é bom acalmar os corações dos pais e mães: não é mesmo uma tarefa simples. Vivemos em uma sociedade de consumo, as crianças são bombardeadas com as mensagens do mercado… Mas não precisamos ser consumistas”, acredita Gabriela Vuolo, mãe de Mateo e coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana. Segundo ela, o consumismo fica caracterizado toda vez que se compra em exagero e o desnecessário. O que é exagero ou desnecessário cabe ao bom-senso dos pais julgar.

Os pais, recomenda Gabriela, devem começar dando o exemplo e parar de comprar coisas desnecessárias para si – e também doar o que já está sobrando dentro de casa. Depois, podem ajudar os filhos a refletir sobre o consumo, pois crianças não são capazes de fazer isso por conta própria. Ajudar a refletir significa perguntar: você precisa mesmo disso? Precisa ser agora? Esse é o melhor item? Você já não tem algo muito semelhante?

Perdendo a graça

Nada disso quer dizer que os pais devam abrir mão de comprar presente de Natal e aniversário, ou premiar uma atitude positiva. “Presentear é maravilhoso, todo mundo adora, só deve ser feito com critério. Dar presente todo dia faz com que a criança não os valorize – isso é o exagero”, diz a coordenadora do Alana.

Pois foi justamente ao perceber que Teresa, de 2 anos e 9 meses, recebia um objeto novo “todo dia” que Luciana Loew começou a se preocupar. “Um dia uma avó passa em casa e deixa um presentinho, no dia seguinte saio com ela e compro gibis, depois vem a outra avó e traz mais alguma coisa nova. Senti que estava ficando hipócrita na questão do consumo”, conta.

A mãe diz que a menina não fica pedindo presentes a toda hora, mas agora, quando pede, Luciana recomenda que ela espere, guarde na memória o que deseja, e peça de novo em uma data especial. “Nossa geração não ganhava presente do nada. Para quem ganha sempre, o Natal e o aniversário perdem a magia.” E não deu outra: um dia, Teresa ganhou um livro da madrinha, mas já estava tão entretida com outro brinquedo novo, que nem olhou para o presente.

Para a psicanalista Vera Iaconelli, coordenadora do Instituto Gerar, mãe de Gabriela e Mariana, mais do que estragar o encanto das datas festivas, ganhar presentes sempre pode paralisar as crianças. “O que move o sujeito é a falta. É a fome que te faz buscar comida, é a saudade que te faz procurar um amigo”, exemplifica Vera. Recebendo tudo de mão beijada ao primeiro pedido, a criança deixa de desenvolver estratégias para conquistar o que deseja. “Ir atrás do desejo é muito importante no desenvolvimento da criança”.

Outro comportamento prejudicial por parte dos pais é dar objetos antes mesmo que haja um pedido, diz Vera. Quando o adulto se antecipa à formulação do desejo, a criança pode ter problemas para formar a própria identidade. “Fica parecido com o funcionamento do bebê no útero: não tem fome, frio, nenhum desconforto. A criança nem sabe o que quer ou não. Mas é ao responder o que deseja que a criança vai se descobrindo, sabendo quem ela é”, afirma.

A psicanalista ressalta ainda que nem todos os desejos podem ser supridos por coisas. “É algo de nosso cultura achar que ter certo carro, apartamento, ou cabelo nos faria felizes. Mas o objeto não tem capacidade de satisfazer plenamente.” Ou seja, pense em presentear seu filho também com um programa diferente em família – pode ser um passeio a um lugar novo, uma uma tarde fazendo esculturas de argila, ou cozinhar juntos, por exemplo.

Pais inseguros

Mesmo que os amigos da escola, do clube ou qualquer outro grupo social vivam de forma muito consumista, as crianças são capazes de entender que sua família tem outros valores se os pais forem coerentes e derem o exemplo. Os pais não precisam temer o famoso: "mas todo os meus amigos têm!"

A psiquiatra Ivete Gattás, mãe de Vitória, Lígia e Henrique, e coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo, explica que os pais têm mais poder do que pensam. “Vejo muitos pais inseguros, temem que os filhos se sintam diminuídos se não comprarem o que os colegas deles têm. Mas os valores em casa são fortes o suficiente para responder à pressão social e da mídia.”
Segundo Ivete, há pais que compram tudo porque temem a reação dos próprios filhos, não querem desagradá-los nunca. “Muitos ficam reféns. Mas o pai é o responsável, cabe a ele as decisões, isso é educar.” Ao querer acima de tudo a amizade, os pais deixam de ensinar hierarquia e por isso tantas crianças e jovens não respeitam nenhum tipo de autoridade – como  tanto se queixam os professores. “Ao receber tudo, a criança entende a seguinte mensagem: eu sou o máximo, merecedora de todos os prêmios só pelo fato de existir. O mundo me deve.” E, claro, se crescer pensando assim, vai descobrir da pior maneira que, não, o mundo não deve.
REVISTA PAIS E FILHOS / 

Hoje a tarde...


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Xampu sem sal

Xampu sem sal não é melhor do que xampu comum, diz pesquisa

JULIANA VINES / DE SÃO PAULO - FOLHA.COM

Seu cabeleireiro pode até recomendar e a propaganda pode destacar, mas o xampu sem sal não faz a menor diferença no cabelo, de acordo com um estudo brasileiro recém-publicado.

Pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da USP (Universidade de São Paulo) testaram os cosméticos em laboratório e em voluntários. O artigo foi publicado na última edição da revista "Cosmetics & Toiletries (Brasil)".
De acordo com a farmacêutica Vânia Rodrigues Leite e Silva, autora principal do estudo e pesquisadora da Unifesp, os especialistas já desconfiavam do resultado. "O sal é uma matéria-prima muito usada para deixar o xampu mais viscoso. É um componente solúvel em água que é eliminado na lavagem."
Foram estudados os efeitos do xampu em cabelos naturais, tingidos e alisados. Um teste com equipamentos avaliou a penteabilidade das mechas. Depois, três voluntárias usaram os dois tipos de xampu (com e sem sal) e os resultados foram analisados por um banca de cabeleireiros treinados.
Para aumentar os efeitos, os produtos usados tinham 7% de cloreto de sódio (os xampus comuns têm em torno de 1%). Mesmo assim, tanto o xampu sem adição de sal quanto o comum tiveram os mesmos resultados em brilho, maciez, volume e facilidade de pentear. 
"Existe a ideia de que cabelos tratados quimicamente precisam de xampu sem sal. Não é verdade."

MITO DO SAL
 
O sal ficou com má fama porque as pessoas o relacionam com a água do mar, diz o farmacêutico e cosmetólogo Maurício Pupo. "Quando as pessoas vão à praia, ficam com o cabelo ruim, mas não é por causa do sal. A água do mar tem restos de substâncias orgânicas e inorgânicas." 
Isso sem falar na areia e no vento. "A indústria usou esse argumento para fazer a propaganda do xampu sem sal." 
Além de não fazer diferença, mesmo os produtos sem adição de sal podem ter o mineral na fórmula. Muitas das matérias-primas usadas na fabricação do cosmético contêm a substância, como o lauril sulfato de sódio. "O sal já está lá e não faz diferença", diz Silva.

domingo, 13 de novembro de 2011

Meu desejo...

Mãe é tudo igual e Mãe é Mãe!

Por: Cláudia Gimenes

Fui convidada pela Glauciana para escrever artigos para a coluna “Mãe é tudo Igual” e fiquei pensando sobre que tema falar. Como a coluna tem um nome bem significativo, vou reforçar que mãe é tudo igual e que “mãe é mãe”!
Sabe, eu não gerei meus filhos. A vida não me deu esta oportunidade, até porque eu não fui atrás de fazer com que ela me desse! Não quis fazer tratamentos nem exames doloridos. Achava que para ser mãe eu não precisaria sofrer mais do que pela espera por eles.

Eu sabia que tinha filhos para mim em algum lugar e que eram 4, mas eu não sentia que precisasse sentir dor, me submeter a doses massissas de hormônios, piorar ainda mais o que já é ruim em mim em questão hormonal, piorar ainda mais meu problema de obesidade, gastar um dinheiro que eu não tinha para ter um filho. Eu sabia que eles viriam e a adoção era o caminho!!!

E agora vou falar algumas coisas à respeito da maternidade escolhida através da adoção!
Quando decidimos adotar um filho e comunicamos isso a parentes e amigos, todo mundo faz festa, boa parte nos cumprimenta dizendo: “ah, admiro vocês… que gesto nobre”.

E aí, por mais que você explique que não é um gesto nobre, que é a espera por um filho, ninguém compreende. As pessoas passam a te olhar com um olhar que vai da admiração à pena e você vê nos olhares reticentes o pensamento de “coitada, não pode ter filhos”.

E passamos a sentir nossa gravidez de uma forma solitária, sem os paparicos de uma grávida biológica, porque ou somos criticadas ou somos exaltadas, colocadas à altura de santas por estarmos, apenas, desejando ser mães!!!

Isso aconteceu comigo! Não tive paparicos, não tive chá de bebê organizado pelas cunhadas – que organizavam chás para todas as crianças prestes a chegar na família -, mas tudo bem. o filho que eu esperava era meu, não dos outros!

Quando o filho chega, todo mundo vem, olha com cara de pena para o seu filho e diz: “coitadinho, né?!? Como a mãe teve coragem de largar um bebê tão lindo?!?”. Mas, espera aí. Quem é a MÃE?

Você está diante de uma mãe que acaba de ganhar um filho e diz uma frase destas? Meu coração se partia a cada comentário “sem maldade”, advindo da total falta de senso, caridade e amor, referidos à minha filha. Eu era A MÃE! Ela teve uma progenitora e uma mãe em duas pessoas diferentes. A mãe sou eu!

E aí seu filho vai crescendo e você vai ouvindo: “mas você não tem medo que ela vá procurar a mãe verdadeira?”. E mais uma vez eu digo: “Quem é a MÃE VERDADEIRA? Aquela que gerou e não pôde ou não quis ficar ou você que está convivendo no dia a dia com a criança?”

Então posso afirmar que “mãe verdadeira” não existe, porque se aceitarmos o conceito de “mãe verdaderia” teremos que admitir que existe uma “mãe falsa”. Tá, eu sempre fui considerada a mãe falsa pela sociedade, mas pela linguagem popular, sou a mãe verdadeira!!! rss

Muita gente fala: “mãe é quem cria”, mas estas mesmas bocas te perguntam se você não tem medo que seu filho procure a progenitora, referindo-se a ela como “a mãe verdadeira”. Hipocrisia! Sendo assim, vamos fazer deste desabafo um momento de esclarecimento. O que existe são: mães biológicas e mães adotivas. Nenhuma delas é falsa.

E quando você decide ter o segundo filho, ouve: “você vai adotar outra vez? Porque não tenta ter um filho seu?!”. Para tudo!!! Porque eu não tento ter um filho meu?! A outra filha que eu tenho é de quem, afinal de contas?! Eu sou a mãe, ela é minha filha! Qual a dúvida?

E aí as bocas “sem maldade” completam seus questionamentos com um “ah, claro que ela é sua filha, afinal de contas você é quem cria, mas você já fez uma caridade, agora precisa tentar ter um filho seu mesmo, de verdade, do seu sangue”.
E quando você escuta coisas assim, cai sua ficha! Você é mãe, tem um filho, está esperando outro filho e não é considerada mãe, nem seus filhos considerados filhos! Somos pais e filhos de segunda linha em uma sociedade cheia de preconceitos enrustidos.

Quem disse que quando eu adotei pensei em fazer caridade?! Adotei para ser MÃE, oras. Caridade a gente faz doando dinheiro para asilos, abrigos, abrigos de cães, fazendo trabalho voluntário em hospitais e comunidades carentes. Quem adota, adota para ter um filho, tal e qual quem engravida.

Quem adota não pensa em fazer caridade, em salvar uma vida do mundo do crime, em tirar um coitadinho da rua, da miséria ou seja lá de onde for. Quem adota o faz para ser MÃE.

E de mais a mais, quem disse que sangue diz alguma coisa na relação mãe x filhos, pai x filhos? Quem crê que sim, basta relembrar o caso da mocinha Suzane R., filha biológica, advinda de uma gravidez planejada, bem criada e tal…

Apesar de pessoas assim, você segue sua vida e quando decide ter seu terceiro filho, pouca gente é comunicada, menos gente ainda participa. Você já cansou do verniz que as pessoas usam no preconceito e na discriminação e, como sua gestação é sem barriga e sem paparicos, você decide que será sem encheção de saco também.

O terceiro filho pouca gente visita, quase não ganha presentes. Você, definitivamente, é louca perante a sociedade, principalmente se seu filho chegar doente, afinal de contas se você pode escolher, porque aceitou uma criança doente?

O quarto filho só pessoas muuuito próximas e não necessariamente parentes, ficam sabendo. Você só conta para pessoas que compartilham o desejo de adotar, mesmo, e nem faz ideia como será quando este filho chegar. Provavelmente será festejado só em casa, mesmo, entre papai, mamãe, irmãos e alguns pouquíssimos amigos de longe, que nunca te viram pessoalmente.

Se eu tenho mágoas disso tudo?! Não, não tenho!!! Aprendi a conviver e descobri que o preconceito existe, sim, que está mais presente em nossa sociedade do que as pessoas imaginam e que se você não for forte, você é engolido por ele, sucumbe à depressão.

Por isso não me dou o direito de ter preconceito contra nada, também não me dou o direito de julgar as decisões alheias. Escolhas são direito inalienáveis do ser. Você pode até não concordar com algumas escolhas das pessoas que ama, mas tem obrigação de respeitar.

Por isso, aproveito sempre que posso para falar sobre o assunto, porque acredito que somente com informações é que se acaba com o preconceito! Pior do que isso tudo que eu passei é ver meus filhos, agora entrando na adolescência, serem bombardeados com perguntas movidas pela falta de conhecimento do que seja uma relação de filiação verdadeira.

Hoje já não perguntam mais para mim se não tenho medo que eles queiram procurar a mãe verdadeira. Hoje os amigos deles perguntam se eles não têm curiosidade de conhecer suas mães verdadeiras. E o preconceito vai sendo passado de geração a geração.

Eles são bem orientados em casa e são multiplicadores dos conceitos corretos, explicam com paciência para os amigos sobre a inexistência de uma “mãe verdadeira” e colocam os conceitos em seus lugares, mas na minha modesta opinião, se não existisse de verdade preconceito, não haveriam mais crianças e adolescentes fazendo esse tipo de pergunta.

E só para constar: não, eu não tenho medo!!! Se um dia eles quiserem procurar suas mães biológicas eu os ajudarei. Amor é algo que se conquista com a convivência do dia a dia e eu não tenho porque temer um encontro deles com uma desconhecida – que lhes deu à vida -, mas uma desconhecida.

Isso tudo para dizer que mãe é tudo igual, que mãe é mãe, não importa de que forma ela se torna mãe. Se você teve a paciência de ler tudo isso, vou me atrever a deixar algumas dicas se, por acaso, você for pego de surpresa com a notícia de que alguém próximo vai adotar:

- Não olhe com compaixão, nem pena. Adotar não é uma sentença, é uma escolha!
- Não exalte o ato de adotar como algo sublime, não coloque a pessoa em questão nos pés de uma santa, porque isso magoa e ofende.
- Trate seu parente ou amigo que vai adotar tal e qual trataria se ele estivesse esperando um filho biológico. Nós, mães adotivas, também gostamos de ganhar mimos para nossos filhos.
- Quando visitar a família na chegada da criança, jamais olhe com pena nem diga “coitadinha, né?!”.

Nenhuma mãe gosta de ouvir que seu filho é coitadinho! Se, por um lado, ele foi abandonado, por outro foi muito esperado e amado antes mesmo de nascer, então não existe nenhum coitadinho.

http://www.coisademae.com

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Especial!

Você quer mudar, mas não sabe como?

:: Rosana Braga ::
Vira e mexe, depois de escrever um novo artigo semanal, recebo mensagens de leitores dizendo que adoram me ler, que sabem que precisam mudar, fazer diferente, tomar novas atitudes, mas... não sabem como nem por onde começar!

Faz sentido! Não são poucos os grandes pensadores que vêm nos alertando desde sempre sobre o quanto uma mudança interior requer a junção de um conjunto de pré-requisitos e, de fato, não é fácil. Mas também é certo que esta é a única forma de fazer a vida valer a pena: tornar-se você, dia após dia, aprendendo a retirar carapuças, remover crenças que não são suas e, feito ostra, encontrar enfim a pérola dentro si mesmo!

Para começar, em primeiro lugar, obviamente, é preciso querer, querer mesmo, de verdade. Mas... querer apenas NÃO BASTA! Sem contar que, para alguns, a percepção de que é hora de mudar chega quando estão se sentindo incomodados, sofrendo. Porém, em muitos casos, especialmente dos mais teimosos e resistentes, a percepção só chega quando estão sangrando, desmanchando-se, desfazendo-se, quase sucumbindo. Somente, então, realmente se disponibilizam a começar o processo de mudança.

Sim, mudar é um processo, um caminho, e não o apertar de um botão qualquer que, feito interruptor de lâmpada, faz tudo clarear com apenas um clique. Portanto, se você deseja mudar da noite para o dia, esqueça! Não vai rolar! Só se muda vivendo, tentando, errando, exercitando um eu mais autêntico todos os dias.

Eu sei que, no final das contas, tudo o que você lê pode servir como maravilhoso estimulante, mas na prática, na vida mesmo, quando o bicho tá pegando, é preciso bem mais do que palavras. É preciso ter as ferramentas certas e, principalmente, saber usá-las. Eis a questão: como?

Embora já tenha cansado de dizer isso, talvez de outras maneiras, vou repetir: não existe uma única resposta. E cada um tem de encontrar a sua. Ou seja, decisão, ação, movimento. Não dá para querer mudar e, ao mesmo tempo, continuar parado ou continuar fazendo tudo igual. Mudar é agir, e agir de um jeito diferente!

Então, acorda! Pare de reclamar, choramingar, cozinhar o galo, dar desculpas, adiar ou enfiar a cara no sofá e ficar assistindo a vida passar. Se você pensa que qualquer pessoa admirável se tornou a pessoa que é só porque desejou e, num estalar de dedos, tudo aconteceu, sinto em decepcioná-lo, mas não foi nada disso, pode apostar! A grande maioria das pessoas realmente felizes teve de fazer por onde, teve de trilhar seu próprio caminho, descobrir quem elas eram e como poderiam se posicionar no mundo.

Por isso, se quer ser realmente feliz, terá de criar a sua história, revelar seus próprios segredos, fazer suas próprias regras e abrir o seu caminho, o que o conduzirá a exatamente aonde você quer chegar! Um passo de cada vez, um dia de cada vez, e buscando ajuda, porque ela é quase sempre essencial!

Não seja inocente nem tolo de achar que pode fazer isso sozinho! Na maioria das vezes, não pode! Precisa de ajuda. E ajuda de quem sabe. Pense: quando está com dor de dente, vai ao dentista. Quando está com dor de estômago, vai ao gastro. Quando está com problemas na pele, vai ao dermato. Mas por que quando está com dores emocionais, resiste tanto para procurar um especialista no assunto? Existem muitas excelentes opções! Psicólogos das mais diversas abordagens, meditação, transpessoal, constelação familiar, livros maravilhosos, cursos imperdíveis. Basta procurar...

Pare com essa bobagem de que falar de sentimentos e aprender a lidar com as emoções é coisa pra gente doida! Pra começar, em última instância, ninguém é normal, nem eu e nem você! E depois, esse tipo de pensamento ou crença equivocada sobre os profissionais que trabalham com a psique humana não passa de um preconceito inconsistente e extremamente limitante!

Um curso que também indico pessoalmente, extremamente funcional e eficiente, é o Processo Hoffman da Quadrinidade*. Já fiz e me surpreendi com a qualidade e os resultados do treinamento, que é validado pela Universidade de Harvard como o melhor para quem quer aprender a liderar a própria vida! São sete dias de imersão absoluta num local especialmente preparado para promover profundas transformações numa pessoa. E conduzido por profissionais altamente competentes e amorosos.

Enfim, se você está sofrendo emocionalmente ou desejando mudar seu comportamento, faça alguma coisa por si mesmo! Caso contrário, terá de se conformar com a vidinha que vem levando e esperar até que ela se torne insuportável e você tenha de reconhecer que já perdeu pessoas, relacionamentos e tempo demais! Mas, sobretudo, pare de atormentar o mundo com suas lamentações, porque elas definitivamente não servem para nada! Tome uma atitude de gente grande!

Portal 11:11

 Acid ::

Você já se pegou olhando o relógio no exato momento 11:11?
De tempos em tempos acontece no planeta Terra um evento de grandes proporções. E dentro em breve um desses eventos irá ocorrer. Algumas dessas grandes mudanças que acontecem na Terra ocorrem níveis que podemos sentir na pele; outras podemos apenas nos sentar e assistir o desenrolar; outras ainda passam despercebidas pela imensa maioria das pessoas. Essas últimas são mais sutis por sua própria natureza, e os esotéricos as chamam de "portais".

Quando se fala em "portais" eu lembro logo do filme Stargate, onde um portal se abre pra outra dimensão (ou planeta), mas o nosso portal não tem nada a ver com isso. Os portais energéticos são "marcos", delimitações de um momento espiritual, como na filosofia temos a transição do Iluminismo pro Romantismo, por exemplo.

Devido à grande importância do calendário gregoriano no destino da raça humana, os engenheiros siderais estabeleceram que o dia 11 de novembro de 2011 (11/11/11) marcará o início da transição para uma nova Era. Se você já se pegou olhando várias vezes para o relógio no exato momento 11:11 saiba que estava apenas assistindo a uma campanha publicitária do evento do dia 11/11/11.

SIGNIFICADO

Quem começou falando de 11:11 foi Kryon, uma entidade Angélica que era canalizada pelo norte-americano Lee Carrol. Para ele ver o 11:11 significa um despertar espiritual para a humanidade, relacionado a mudanças magnéticas na Terra. Isso nos anos 80. De lá para cá muitas interpretações surgiram. Para George Barnard, 11:11 é "o chamado para criaturas que são meio anjos, meio humanas". O paranormal Uri Gueller diz que é uma fenda entre dois mundos. Para outros, o 11 simboliza a cadeia de DNA, e o 11:11 representa a ativação do DNA dormente para uma suposta ascensão. O profeta Edgar Cayce falou há décadas sobre algo relacionado ao 11:11, muito antes de virar modinha: "A primeira lição para seis meses deve ser Um-Um-Um-Um; Unicidade de Deus, Unicidade nas relações humanas, Unicidade de força, Unicidade de tempo, Unicidade de objetivo, Unicidade em cada esforço - Unicidade - Unicidade!" Embora ele fale Um-Um-Um-Um, ele cita seis exemplos, ou seja: 11-11-11.

O 11-11 se repete todo ano, mas o 11-11-11 só acontece uma vez a cada 100 anos. Se juntarmos numericamente esses dois elementos teremos 11+11 = 4 e 11 = 2, resultando no número místico 42, que todos sabemos que é a resposta para a Vida, o Universo e tudo mais. O 11 aparece também na soma da data final do Calendário Maia: 12+21+2012.

Na numerologia o 11 é considerado um número "mestre". Quando o número é duplicado, ele ganha a força do número também duplicada. O UM representa o início, enquanto o 11 pode ser interpretado como um novo início para duas pessoas, dois indivíduos. Representa também equilíbrio, refinamento, congruência e altos ideais.

O Portal 11/11 será uma oportunidade de crescimento para aquele que se conectar com as energias cósmicas que estarão em ebulição. Aqueles que se sintonizarem com essa energia experimentarão uma grande mudança em suas vidas, no campo pessoal e afetivo. Mas em qual hora você deve conectar-se para aproveitar os benefícios cósmicos? É aí que entra a tradição mística da Igreja Católica, que nos ensina que a Hora do Angelus (ou Toque das Ave-Marias, que corresponde às 06:00, 12:00 ou 18:00 horas) são o melhor momento para meditação. Infelizmente, no mundo de hoje, os horários de trabalho e agitação da vida não permitem o recolhimento e tranquilidade necessárias para uma efetiva meditação, restando o início da noite (18:00) como um momento mais propício à introspecção (hora em que até mesmo os animais se recolhem). Atentem para o fato de que o horário de verão é uma criação temporária, não estando carregada da egrégora que se formou ao longo dos séculos aqui no Brasil em determinada hora, então quem estiver sob influência do horário de verão deve procurar elevar seus pensamentos ao Cosmo às 19:00h.

É interessante perceber que no catolicismo o 11 não é lá muito bem visto. DelDebbio fala a respeito:

Sobre o numero 11, alguns ocultistas, como Dion Fortune e seus seguidores, por exemplo, o associam a alguns aspectos pouco luminosos da criação, visto seu relacionamento com a assim chamada "não esfera", o "excesso" além da Criação de Deus. Tal rígida interpretação tem nas bases do fundamentalismo cristão a sua provável raiz. Até mesmo no julgamento de Santo Agostinho encontraremos referências ao numeral 11 como sendo um estandarte dos excessos humanos, o "Brasão do Pecado", dizia o pai da teologia cristã. O argumento que sustenta este ponto de vista sobre o 11 é curioso: se o número 10 compreende a totalidade da Criação de Deus, representando o Universo propriamente dito, aquilo que vier imediatamente após este número estará fora do Plano Divino, além da Vontade que tudo rege. Neste caso, o 11 aparece como sendo o ser humano integral e não mais como simples servo de Deus. Ele surgirá na forma de "algo" que excedeu os limites da Criação, que saiu do Paraíso perfeito e que agora caminha por vontade própria.

Por uma coincidência (ou não) a doutrina Thelêmica, de Aleister Crowley, tem na sua máxima "Do what thou wilt shall be the whole of the Law" (Faze o que queres há de ser o todo da Lei) 11 sílabas.

Estaria tudo isso relacionado com o provável "avanço" da raça humana? De certa forma isso nos parece mais um retrocesso, quando nos deparamos com tanta falta de amor no coração das pessoas, tanta religião falsa manipulando seus seguidores, tanta "culpa" e tanta morte jogada em cima da idéia "Deus" em tantos países... mas eu acredito que não podemos nos deter no caminho da evolução por medo de sofrer. O simbolismo do homem nu expulso do paraíso foi o primeiro "afastamento" do útero Divino, um início de separação traumática e que certas doutrinas ainda carregam como "culpa" em seu inconsciente. Deve ter sido uma barra pra Adão e Eva ter de se virarem sozinhos, mas isso os proporcionou autonomia e nos legou todo o avanço da raça humana até hoje - não sem dor e sacrifícios (na lenda de Prometeus temos uma idéia vagamente semelhante). A parábola do filho pródigo é clara quando mostra o "Pai" feliz pelo filho ter voltado, enquanto o outro queria que ele ficasse puto com o irmão por ter partido. Acredito que o 11/11 seja o início do tempo do Ser Humano Integral, sem depender de doutrinas, crenças e religiões, mas podendo tê-las, se assim desejar. É o filho que se afasta do Pai com liberdade (e vontade própria) pra voltar. É algo muito diferente do atual ateísmo de guerrilha de Dawkins, ou da sanha de conversão dos fanáticos religiosos.

Fiquem atentos porque o acontecimento do Portal 11/11 vai ser uma coisa GRANDE!



Referência:

11:11 Synchronicity- Repetitive Numbers and Their Meaning

O que faz o amor acabar?

O que faz o amor acabar?
: Rosana Braga ::

Até onde podemos supor, quem começa um relacionamento espera que ele não termine tão cedo. Especialmente no início, quando mostramos o melhor de nós na intenção de conquistar a pessoa amada, nossas expectativas sempre rondam a ideia – ainda que fantasiosa – do e foram felizes para sempre.

Sim, estamos cansados de ouvir que o sempre não existe, que nada é eterno e que o tempo transforma as relações em algo bem diferente do que era quando começou – lembrando que diferente, em princípio, não quer dizer nem pior e nem melhor. Mas o fato é que acreditar no amanhã é imprescindível. É esta esperança e esta significativa aposta no amor que o faz ganhar em profundidade. Ou seja, é preciso investir para ganhar, seja qual for o compromisso.

Porém, o maior equívoco na conquista e, principalmente, na manutenção das relações, tem sido o foco. Apesar de ser essencial acreditar no futuro, é absolutamente indispensável vivenciar o hoje, o agora, este dia!

Por isso, se você quer saber o que faz o amor acabar, a resposta é apenas uma: começar a acreditar que hoje pode ser ruim porque depois você poderá consertar. Talvez até possa, mas deixar para fazer o amor valer a pena somente amanhã é a maior e mais perigosa armadilha que os casais constroem para si mesmos sem se dar conta!

Em outras palavras: nada pode garantir que o amor entre você e a pessoa com quem você se relaciona jamais vai acabar. Isso não existe. É imprevisível e incontrolável. Entretanto, se você quer fazer o que está ao seu alcance, se quer fazer o que é possível, então, minha sugestão é para que você viva um amor de um dia.

Isso mesmo: ame como se este amor fosse acabar ao final deste dia. Como se você tivesse apenas hoje para namorar, beijar, abraçar, falar, ouvir, ouvir bastante, considerar, perdoar, pedir perdão, ceder, reconhecer o que o outro faz de bom, reconhecer o que você faz que não é muito legal... Enfim, apenas hoje, apenas agora...

Claro que isso não significa que se você não puder aproveitar o hoje, estará tudo acabado. Mas esteja certo de que se você se relacionar na maior parte do tempo sempre esperando pelo amanhã para que seja bom, então, está fadado ao fim! Pode ser oficial ou camuflado, mas o fim será inevitável!

Portanto, não perca mais tempo! Quanto antes você começar, mais fácil será instaurar esta dinâmica no seu relacionamento. Mais eficiente e mais prazeroso será praticar o amor por um dia!

Afinal de contas, é fácil compreender o quão mais possível é viver um grande amor por 15 ou 20 horas do que por 15 ou 20 anos... E na mesma medida, por 15 ou 20 minutos do que por 15 ou 20 horas. Então, que tal uma ligação carinhosa, um convite picante, uma flor sem motivos aparentes, um elogio despretensioso?

Nada de mais para quem quer viver uma linda história de amor, não acha?


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Disciplina se ensina?

Entre tantos outros, a disciplina é um dos maiores ensinamentos que podemos dar aos nossos filhos. É uma postura que tomamos diante do nosso cotidiano e que facilita, motiva, dá ordem às coisas.
A disciplina possibilita uma rotina organizada, saudável e, embora tenha um tom de rigor, na medida em que define princípios, estabelece métodos, contribui imensamente para o melhor funcionamento de qualquer atividade.

Uma criança que recebe desde cedo um conjunto de regrinhas cria uma disposição diferente e, na constância das atividades, torna-se mais organizada, mais centrada, mais determinada. Essas ferramentas são muito, muito ricas para toda a vida!

Além disso, um lar onde a ordem e os valores são exercitados no dia a dia é com certeza um lar mais leve, menos confuso, onde aquela “loucura” tão mencionada pelos pais – principalmente aqueles que tem um número maior de filhos – é mais suave.

Um cotidiano pautado pela organização estabelece de tal forma uma rotina mais tranquila que tanto os pais quanto as crianças se sentem melhores e aproveitam melhor cada momento.

Horinha de dormir significa respeito pela saúde do corpo, o que a criança entende pela vivência, e não por cumprir uma regra chata. Lugar e horinha estabelecidos para comer, como se portar à mesa e a escolha dos alimentos também fazem parte da disciplina e são formas de respeito. Estar limpinho, arrumado... Ter um quarto em ordem, brinquedos organizados fazem render mais a brincadeira, a forma mais gostosa de aprender que existe!

O respeito com o cumprimento das suas atividades, aulas, professores e adultos é parte muito importante da disciplina.

Não se esqueça nunca de apontar para os pequenos as vantagens do cumprimento das regrinhas, seus resultados, e nem de elogiar cada ganho e tarefa realizados até que passem a fazer parte do seu comportamento.

Gente, não existe uma receita e não estamos buscando comportamento exemplar e impecável sempre! Estamos buscando formar crianças educadas e felizes. A disciplina, o respeito e a ordem consistem num conjunto de princípios nos quais acreditamos e queremos passar para os nossos filhos.

Em um lar onde a disciplina é aplicada, de verdade, ela não é exigida como um fardo pesado. Ela acontece de maneira natural , gostosa, verdadeira.

Sempre digo que a criança precisa de amor, segurança, confiança nos pais. Quando ela percebe que o que é dito é cumprido, que as atividades dentro de casa acontecem numa ordem serena e estável, automaticamente se sente mais segura e certamente pode se desenvolver de maneira mais saudável e crescer mais bem preparada para o mundo.

Quando uma criança chega à nossa vida, dando tanto sentido a tantas coisas e nos cobrindo de felicidade, temos a certeza absoluta do amor que temos de sobra pra dar e, nesse amor, cabe a nossa imensa responsabilidade de ajudá-la a se compreender como um indivíduo e dar a ela as ferramentas possíveis para que possa conviver, da melhor maneira, com o mundo que existe dentro dela e com o mundo gigante que existe lá fora.

Tenho certeza de que a disciplina é uma aliada e tanto!

“EDUCAR É IMPREGNAR DE SENTIDO O QUE FAZEMOS A CADA INSTANTE”
Paulo Freire

Se vocês tiverem perguntas ou quiserem algumas dicas, escrevam para o site do Bebê e eu terei muito prazer em responder.

Abraço carinhoso,
Tita

Colunista

Tita Belliboni Luciana Belliboni, que tem o carinhoso apelido de Tita, é pedagoga e apresentadora da versão brasileira da série Doces Momentos, do canal Discovery Home & Health

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Você é chata?

 por Ruth Bandeira 

Você já parou para pensar se, por acaso, você é chata? Não há quem aguente uma colega de trabalho grosseira, mal educada, aquela que só reclama da vida, fofoca sobre os outros e almoça sozinha porque ninguém a tolera. Se você se enquadrou nessa situação, a boa notícia é que você pode não “ser”, mas pode “estar” chata por causa das atuais circunstâncias do trabalho.

Normalmente, quando o trabalho está superaquecendo a cabeça e a rotina incomoda horrores, as pessoas acabam tentando descansar de alguns problemas pensando em outros, geralmente banais. O filho que foi mal na prova, a unha que quebrou ou o fio do vestido que soltou. E elas acabam reclamando de tudo para todos, como se suas vidas fossem uma revista de fofocas – a mais chata e entediante.

Conhece alguém assim? Ou pior: você é assim? Não se preocupe. O primeiro passo é reconhecer alguns sinais, prestando atenção em suas atitudes. Se as pessoas dispersam quando você chega na roda, se preferem tirar dúvidas com os outros e não com você, se estão sempre ocupados quando você precisa falar algo, não estão mais pedindo favores ou simplesmente excluem você de alguns trabalhos, o seu comportamento pode estar afastando os colegas.

De qualquer maneira, é possível melhorar. O problema é quando a pessoa não percebe suas atitudes e defeitos. Ser egocêntrica, não ouvir conselhos ou qualquer outra coisa que o outro tem a dizer são comportamentos que criam barreiras e dificuldades não só na vida pessoal, como também na profissional.

Para acabar com esse problema, a melhor dica é fugir da rotina. Se puder, viaje no final de semana ou faça um programa diferente do comum. Saia com seus amigos ou prepare um jantar romântico. Qualquer coisa que a faça rir, conversar e, é claro, fugir da rotina, deixará você mais feliz e, consequentemente, menos chata!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Davi - 1 ano e 10 meses

O Davi está numa fase intensa de descobertas...
cansativa, mas muito especial e amorosa.
Amooooooo !!!!!

Na cama da Mamãe

No escritório do Papai

Paixão pela máquina

Mamãe diz, "chora Davi!"

Passando perfume para sair....

Fim de linha!

Cantando e dançando antes da escola...

Bagunça!!!

Pintou o sofá e quis tirar com acetona... olha o resultado!

DEscobriu onde enche o brinquedo de água!

Ajudando a reforma da Vovó... vassoura, sua paixão!

Brincando com água...

Filme preferido: Monstros S.A

Meu bebê faz manha...


Cada vez que eu escuto essa expressão tenho vontade de vomitar. Tenho mesmo, juro, fico enjoada. Estou para ouvir coisa mais sem sentido em relação a um bebê de meses, que não tem suporte neurológico nem para segurar sua cabeça. Como é que conseguiria ter condições de manipular seus sentidos para chantagear emocionalmente um adulto? É quase ridículo, não consigo mesmo entender.

Ou melhor, acho que até entendo. É que o mundo anda tão endurecido, moda mesmo é deixar o outro sozinho para que “aprenda a se virar desde cedo“. Andamos tão antinatural ultimamente, sei lá se por causa do feminismo, da revolução sexual, da invenção de pílula ou que raios de qualquer outra invenção que, em tese, deveria ser em prol do ser humano e não para causar ainda mais exclusão. E nesse pensamento das últimas décadas, muitas mulheres acabam se distanciando de seus filhotes, não dando o colo a qualquer momento, enfiando um objeto duro, feito de borracha e gelado na boca dos bebês, ao invés de dá-lo o que, de direito, ele precisa: o seio materno.

E foi esse o meu pensamento de todo o fim de semana. Porque, meldels, as pessoas andam tão endurecidas? Qual é o principal argumento que faça uma mãe impor uma regra de só amamentar seu filho de três em três horas? O que a faz negar o colo a uma criança que chora? Não, não me venham com o argumento da manha, porque isso não cola para mim. Não faz o menor sentido. É só usar um pouquinho da nossa inteligência.

Bebês de meses não têm articulação neurológica para fazer manha. Eles não conseguem nem perceber-se fora do corpo da mãe. Para eles, seu corpo e o da mãe são a mesma coisa. Uma criaturinha que tudo o que consegue fazer é ser alimentado, dormir, chorar e evacuar pode mesmo manipular alguém? Até quando vamos continuar a repetir, como papagaios burros de pirata, esse discurso vazio por aí? E, pior, vamos continuar acreditando que isso é verdade e negligenciando nossos bebês de tudo o que eles precisam em seus primeiros meses: colo, carinho, aconchego, calor e leite materno?

Na semana passada eu escutei da boca do maior especialista em vínculo mãe-bebê do Brasil, o Dr. Fernando de Nóbrega, que é crueldade uma mãe deixar seu bebê chorando seja por qualquer motivo. Sei que essa afirmação vai ferir muita gente e eu já estou até preparada para o clichê de sempre: “A Glauciana julga as outras mães“. “Eu não sou menos mãe que você“… e aquele #mimimi eterno de muitas mães por aí. A carapuça serviu? Ah, que ótimo. Então, vista-a e aproveite para reavaliar seus atos com seus filhos.

Mas, não, eu digo chega para esse absurdo de não oferecer a um bebê, tão indefeso, tão pequeno, tão carecido de segurança, o que ele precisa. E, ainda vou mais longe: o que ele precisa só você, a mãe, pode dar. E não custa caro, não doi, não passa por cima de valores. Ele só precisa sentir-se amado. Só precisa ser pego no colo para não estranhar tanto esse mundo além-útero. Só precisa encontrar ninho no peito quente da mãe e perceber que nada lhe fará mal.

Simples assim. É por essa razão que eu parei de passar a mão na cabeça de quem pratica isso. Quando alguém me diz que toma esse tipo de conduta com o filho ou vem me dizer que vou deixar Luca mimado porque o pego no colo sempre ou continuo levando-o grudado em mim no sling aonde quer que eu vá, eu simplesmente digo que esse é um de meus papeis como mãe. E que ela deveria fazer o mesmo.

Basta! É o tipo de coisa pela qual eu milito. Nunca tive grandes causas na vida, não. Não fui uma adolescente anarquista. Não participei das manifestações dos DAs na faculdade. Não fui uma jovem feminista. Mas, taí, se tem uma causa pela qual eu levanto as minhas bandeiras e não tenho medo de soltar a voz é com relação a maternidade integral. Não, não estou falando de não trabalhar, não é só isso. Estou me referindo à aleitamento materno, à presença de qualidade, à dar o colo sempre, à não deixar bebê chorando no berço.

Tenho certeza absoluta que com essas práticas nós vamos construir um mundo melhor, afinal o mundo é feito de pessoas. E eu acredito piamente que criando segurança e oferecendo afeto para os bebês de hoje, teremos cidadãos mais seguros e dispostos a oferecer amor amanhã. Ou alguém duvida que um indivíduo que aprendeu que sua mãe não devia lhe dar colo quando ele se sentisse inseguro vai conseguir dar um abraço acolhedor em alguém? Para mim isso é óbvio! Para você não?

http://www.coisademae.com/

Bom pra pensar...

Quando você conseguir superar
graves problemas de relacionamentos,
não se detenh...
a na lembrança dos momentos difíceis,
mas na alegria de haver atravessado
mais essa prova em sua vida.

Quando sair de um longo tratamento de saúde,
não pense no sofrimento
que foi necessário enfrentar,
mas na bênção de Deus
que permitiu a cura.

Leve na sua memória, para o resto da vida,
as coisas boas que surgiram nas dificuldades.
Elas serão uma prova de sua capacidade,
e lhe darão confiança
diante de qualquer obstáculo.

Uns queriam um emprego melhor;
outros, só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta;
outros, só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena;
outros, apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos;
outros, ter pais.

Uns queriam ter olhos claros;
outros, enxergar.
Uns queriam ter voz bonita;
outros, falar.
Uns queriam silêncio;
outros, ouvir.
Uns queriam sapato novo;
outros, ter pés.

Uns queriam um carro;
outros, andar.
Uns queriam o supérfluo;
outros, apenas o necessário.

Há dois tipos de sabedoria:
a inferior e a superior.

A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe
e a superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.
Tenha a sabedoria superior.
Seja um eterno aprendiz na escola da vida.

A sabedoria superior tolera;
a inferior, julga;
a superior, alivia;
a inferior, culpa;
a superior, perdoa; a inferior, condena.
Tem coisas que o coração só fala
para quem sabe escutar!

- Chico Xavier.
 
 

domingo, 6 de novembro de 2011

Anticâncer

Eu estava em Pittsburgh há sete anos, tendo deixado a França há dez. Fazia meu internato em psiquiatria ao mesmo tempo em que continuava pesquisas começadas durante o doutorado de ciências. Com meu amigo Jonathan Cohen, dirigia um laboratório de imagens cerebrais funcionais para o qual obtivéramos o financiamento do National Institute of Health, o Instituto Nacional de Saúde americano. Nosso objetivo era compreender os mecanismos do pensamento observando o que se passava dentro do cérebro. Nunca poderia imaginar o que essas pesquisas iriam me fazer descobrir: minha própria doença.

Jonathan e eu éramos muito próximos. Ambos médicos que se especializavam em psiquiatria, juntos nos inscrevêramos no doutorado de ciências em Pittsburgh. Ele vinha do universo cosmopolita de São Francisco, eu de Paris via Montreal, e tínhamos nos encontrado de repente em Pittsburgh, no coração de uma América profunda, estrangeira tanto para um quanto para o outro. Alguns anos antes, publicáramos nossas pesquisas na prestigiosa revista Science, e depois – na Psychological Review – um artigo sobre o papel do córtex préfrontal, uma zona ainda pouco conhecida do cérebro que permite o elo entre o passado e o futuro. Apresentávamos uma nova teoria na psicologia, graças às nossas simulações do funcionamento cerebral em computador. Os artigos tinham causado um certo alvoroço, o que nos permitira, enquanto éramos simples estudantes, conseguir recursos e criar aquele laboratório de pesquisa.

Para Jonathan, se quiséssemos avançar nesse campo, as simulações em computador não bastavam mais. Precisávamos testar nossas teorias observando diretamente a atividade cerebral por intermédio de uma técnica de ponta, a imagem funcional por ressonância magnética (IRM). Na época, essa técni ca era balbuciante. Somente centros de pesquisa muito avançados possuíam aparelhos de ressonância magnética de alta precisão. Muito mais difundidos, os aparelhos RM de hospital eram também claramente menos efi cientes. Especificamente, ninguém tinha conseguido avaliar com um aparelho de hospital a atividade do córtex pré-frontal – o objeto de nossas pesquisas. De fato, ao contrário de outras regiões do cérebro cujas variações são muito fáceis de medir, o córtex pré-frontal não se ativa com muita intensidade. É preciso “empurrá-lo”, inventando tarefas complexas, para que ele se manifeste minimamente nas imagens IRM. Paralelamente, Doug, um jovem físico da nossa idade especialista em técnicas de IRM, teve a idéia de um novo método de gravação de imagens que talvez permitisse contornar a dificuldade. O hospital onde trabalhávamos concordou em nos emprestar seu aparelho RM à noite, entre oito e onze horas, uma vez terminadas as consultas. E nós começamos a testar a nova abordagem.

Doug, o físico, modificava continuamente seu método, enquanto Jonathan e eu inventávamos tarefas mentais para estimular ao máximo essa zona do cérebro. Após vários fracassos, conseguimos perceber em nossas telas a ativação do famoso córtex pré-frontal. Foi um momento excepcional, o resultado de uma fase de pesquisa intensa, tornada mais emocionante ainda pelo fato de ter sido vivida entre colegas.

Nós éramos um pouco arrogantes, eu devo confessar. Estávamos com 30 anos, acabáramos de concluir nossos doutorados, já tínhamos um laboratório. Com nossa nova teoria que interessava a todo mundo, éramos estrelas em ascensão na psiquiatria americana. Dominávamos tecnologias de ponta que ninguém praticava. As simulações em computador das redes de neurônios e as imagens cerebrais funcionais por IRM ainda eram quase desconhecidas dos psiquiatras universitários. Naquele ano, Jonathan e eu chegamos até a ser convidados pelo professor Widlöcher, o luminar da psiquiatria francesa da época, para fazer um seminário no Pitié-Salpêtrière, o hospital parisiense onde Freud estudou com Charcot. Durante dois dias, diante de um público de psiquiatras e neurocientistas franceses, nós explicamos como a simulação das redes de neurônios em computador podia ajudar na compreensão dos mecanismos psicológicos e patológicos. Aos 30 anos, havia razão para sentir orgulho.

A vida antes do câncer era o quê? Eu era um entusiasmado com a vida, um tipo de vida que agora me parece um tanto estranho: eu estava cheio da certeza do sucesso, confiante em uma ciência sem concessões, e não sentia muita atração pelo contato com os pacientes. Como trabalhava ao mesmo tempo com o internato de psiquiatria e o laboratório de pesquisa, tentava fazer o me nos possível na área clínica. Eu me lembro de um pedido que me fi zeram, para que me inscrevesse em um certo estágio. Como a maior parte dos internos, não me sentia muito animado: a carga de trabalho era muito pesada, e além do mais não era de psiquiatria propriamente dita. Tratava-se de passar seis meses em um hospital geral, tratando de problemas psicológicos de doentes hospitalizados por problemas físicos – gente que tinha sido operada, passado por um transplante hepático, que sofria de câncer, de lúpus, de esclerose múltipla… Eu não tinha nenhuma vontade de fazer um estágio que ia me impedir de dirigir o laboratório, e, além disso, toda aquela gente sofrendo, não era exatamente o que me interessava. Queria sobretudo fazer pesquisa, escrever artigos, participar de congressos e difundir minhas idéias. Um ano antes, eu tinha ido para o Iraque com os Médicos sem Fronteiras. Fui confrontado com o horror e gostei de aliviar o sofrimento de tantas pessoas, dia após dia. Mas a experiência não me deu vontade de continuar no mesmo caminho, uma vez de volta ao hospital em Pittsburgh. Era como se houvesse dois mundos diferentes e fechados um ao outro. Eu era antes de tudo jovem e ambicioso – ainda sou um pouco…

O lugar que o trabalho ocupava na minha vida tinha, aliás, desempenhado um papel importante no divórcio penoso do qual eu emergia naquele momento. Entre outras causas de desacordo, minha mulher não tinha suportado, por causa de sua carreira, o fato de eu querer continuar morando em Pittsburgh. Ela queria voltar para a França, ou pelo menos ir morar em uma cidade mais fun, como Nova York. Para mim, ao contrário, tudo estava se acelerando em Pittsburgh e eu não queria deixar meu laboratório e meus colaboradores. Tudo terminou diante do juiz, e durante um ano eu vivi sozinho na minha minúscula casa, entre um quarto e um escritório.

E então, num dia em que o hospital estava quase deserto – era entre o Natal e o ano-novo, a semana mais vazia dos Estados Unidos -, eu vi aquela jovem no refeitório lendo Baudelaire. Alguém que lê Baudelaire na hora do almoço é um espetáculo raro nos Estados Unidos, e ainda mais em Pittsburgh. Eu sentei na mesa dela. Ela era russa, tinha as maçãs do rosto protuberantes e grandes olhos negros, um ar ao mesmo tempo reservado e extremamente perspicaz. Às vezes ela parava completamente de falar, eu ficava desconcertado. Eu perguntei por que fazia aquilo e ela me respondeu: “Estou verificando interiormente a sinceridade do que você acabou de dizer.” Aquilo me fez rir. Eu estava gostando bastante daquela maneira de me colocar no meu lugar. Foi assim que nós começamos uma história que levou tempo para se desenvolver. Eu não tinha pressa, ela também não.

Seis meses mais tarde, fui trabalhar durante todo o verão na universidade de São Francisco em um laboratório de psicofarmacologia. O dono do labora tório estava em vias de se aposentar e gostaria que eu fosse seu sucessor. Eu me lembro de ter dito a Anna que se eu encontrasse alguém em São Francisco, talvez fosse o fim de nosso relacionamento. Que eu compreenderia perfeitamente se ela fizesse o mesmo por seu lado. Acredito que ela tenha lamentado, mas eu queria ser absolutamente franco. Ela não morava comigo, nosso relacionamento era agradável, mas não passava disso. Mesmo assim, eu dei de presente a ela um cachorro antes de partir… Havia entre nós uma certa ternura. Uma ternura e uma distância.

Mas, quando eu voltei em setembro para Pittsburgh, ela veio morar na minha casa de boneca. Eu sentia que alguma coisa entre nós estava crescendo, o que me deixava contente. Não sabia bem aonde aquela história iria me levar e continuava me mantendo na defensiva – não esquecera meu divórcio. Mas minha vida estava caminhando bem. Eu me sentia feliz com Anna. No mês de outubro, nós tivemos duas semanas mágicas. O verão tinha voltado. Naquele momento, eu olhei para ela e compreendi que estava apaixonado.

E depois tudo mudou inesperadamente.

Eu me lembro da gloriosa noite de outubro em Pittsburgh. De moto pelas avenidas ladeadas de flamboyants em direção ao centro de IRM, eu ia me encontrar com Jonathan e Doug para uma de nossas sessões de experiências com os estudantes que nos serviam de “cobaias”. Eles entravam no aparelho e nós lhes pedíamos para fazer tarefas mentais por um salário mínimo. Nossas pesquisas os animavam, e sobretudo a perspectiva de receber no final da sessão uma imagem numérica de seus cérebros, que eles corriam para exibir em seus computadores. O primeiro estudante veio por volta das oito horas. O segundo, previsto para nove ou dez horas, não apareceu. Jonathan e Doug me perguntaram se eu não queria me fazer de cobaia. Claro que eu aceitei, eu era o menos técnico dos três. Me deitei dentro do aparelho, um tubo extremamente apertado onde se fi ca com os braços colados no corpo, um pouco como em um caixão. Muita gente não suporta os aparelhos de ressonância magnética: 10% a 15% dos pacientes são excessivamente claustrofóbicos e não conseguem fazer IRM.

Eu estava dentro do aparelho e começamos como sempre por uma série de imagens cujo objetivo é destacar a estrutura do cérebro da pessoa examinada. Os cérebros, como os rostos, são todos diferentes. É preciso portanto, antes de qualquer avaliação, fazer uma espécie de cartografia do cérebro em repouso (o que se chama de imagem anatômica), com a qual serão comparadas as vistas tomadas no momento em que o paciente estiver executando atividades mentais (nós as chamamos de imagens funcionais). Durante todo o processo, batendo em um assoalho de madeira, correspondente aos movimentos do ímã eletrônico que se engata e desengata muito depressa para induzir variações do campo magnético no cérebro. O ritmo dessas batidas varia, caso essas imagens sejam anatômicas ou funcionais. Pelo que eu conseguia ouvir, Jonathan e Doug estavam fazendo imagens anatômicas do meu cérebro.

Ao final de uns dez minutos, a fase anatômica terminou. Eu esperava ver aparecer em um pequeno espelho colado bem em cima dos meus olhos a “tarefa mental” programada por nós a fim de estimular a atividade do córtex pré-frontal – era o objetivo da experiência. É para apertar um botão cada vez que se identifiquem letras idênticas dentre as que desfi lam rapidamente na tela (o córtex pré-frontal permite memorizar as letras que desapareceram e fazer as operações de comparação). Aguardo, pois, que Jonathan envie a tarefa e que se desencadeie o ruído próprio do aparelho registrando a atividade funcional do cérebro. Mas a pausa se prolonga. Não compreendo o que está acontecendo. Jonathan e Doug estão ao lado, na sala de controle, só se pode falar para lá por interfone. Então eu ouço nos fones de ouvido: “David, há um problema. Há alguma coisa errada com as imagens. Vamos ter que recomeçar.” Tudo bem. Recomeçamos. Fazemos outra vez dez minutos de imagens anatômicas. Chega o momento em que a tarefa mental devia começar. Eu aguardo. A voz de Jonathan me diz: “Não vai dar para fazer. Temos um problema. Espere um pouco.” Eles vêm para a sala do aparelho e fazem deslizar a mesa sobre a qual eu estou deitado, e eu vejo, ao sair do tubo, que eles estão com uma expressão estranha. Jonathan coloca uma mão sobre o meu braço e me diz: “Não podemos fazer a experiência. Tem um negócio no seu cérebro.” Eu peço que me mostrem na tela as imagens que eles gravaram por duas vezes no computador.

Eu não era nem radiologista nem neurologista, mas tinha visto muitas imagens de cérebro, era nosso trabalho cotidiano: havia, sem nenhuma ambigüidade, na região do córtex pré-frontal direito, uma bola redonda do tamanho de uma noz. Pela sua localização, não se tratava de um desses tumores benignos do cérebro que se vêem por vezes, operáveis, ou que não estão entre os mais virulentos – como os meningiomas, os adenomas da hipófise. Às vezes, trata-se de um cisto, de um abscesso infeccioso, provocado por certas doenças como a aids. Mas minha saúde era excelente, eu fazia muito esporte, chegava até a ser capitão do meu time de squash. Essa hipótese estava, pois, descartada. Impossível me iludir sobre a gravidade do que acabáramos de descobrir. Em estágio avançado, um câncer no cérebro sem tratamento geralmente mata em seis semanas; com tratamento, em seis meses. Eu não sabia em que estágio me encontrava, mas conhecia as estatísticas. Permanecemos os três silenciosos, não sabendo o que dizer. Jonathan mandou os filmes para o departamento de radiologia a fim de que fossem avaliados logo no dia seguinte por um especialista, e nós nos despedimos.

Fui embora na minha moto, em direção à minha casinha na outra ponta da cidade. Eram 11 horas, a lua estava muito bonita num céu luminoso. No quarto, Anna dormia. Eu me deitei e olhei para o teto. Era de fato muito estranho que a minha vida acabasse daquele jeito. Era inconcebível. Havia um tal fosso entre o que eu acabara de descobrir e o que eu construíra durante tantos anos, a disposição que eu acumulara para o que prometia ser um percurso longo e que devia resultar em realizações cheias de sentido. Tinha a impressão de estar só começando a contribuir com coisas úteis. Eu emergia de um período muito duro. O doutorado tinha sido especialmente trabalhoso. Meu casamento só durara três meses. Há sete anos eu vivia em uma cidade que não tinha nada de atraente. Com 22 anos, tinha deixado a França pelo Canadá e depois pelos Estados Unidos. Tinha feito tantos sacrifícios, investido tanto no futuro! E, de repente, me via diante da possibilidade de não haver futuro nenhum.

E, além do mais, estava sozinho. Meus irmãos estudaram um tempo em Pittsburgh, mas já tinham ido embora. Não tinha mais mulher. Minha relação com Anna era muito recente, e ela iria certamente me deixar: quem quer saber de um tipo que aos 31 anos está condenado à morte? Eu me via como um pedaço de madeira boiando dentro de um rio e que subitamente encalha na margem, preso. O destino dele era contudo fazer todo o caminho até o oceano. Ficara preso naquele lugar, ao acaso, onde não tinha verdadeiros elos. Eu ia morrer sozinho em Pittsburgh.

Lembro-me de um acontecimento extraordinário que se produziu enquanto eu estava deitado na cama contemplando a fumaça do meu cigarro indiano. Na verdade, eu não estava com vontade de dormir. Estava imerso nos meus pensamentos quando, de repente, ouvi minha própria voz falando na minha cabeça, com uma suavidade, uma segurança, uma convicção, uma clareza, uma certeza que eu não conhecia. Não era eu, e contudo era de fato a minha voz. No momento em que eu repetia a mim mesmo que “não é possível que isto tenha acontecido a mim, é impossível”, a voz disse: “Sabe de uma coisa, David? É perfeitamente possível, e não é assim tão grave.” E então se passou algo extraordinário e incompreensível, pois, naquele segundo, deixei de ficar paralisado. Era uma evidência: sim, era possível, faz parte da experiência humana, muitas outras pessoas a viveram antes de mim, eu não era diferente. Não era grave ser simplesmente humano, plenamente humano. Meu cérebro encontrara sozinho a via da tranqüilidade. Depois, quando tive medo novamente, tive que aprender a controlar minhas emoções. Mas naquela noite eu adormeci e no dia seguinte pude trabalhar e fazer o necessário para começar a enfrentar a doença, e encarar a minha vida.
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