Ou melhor, acho que até entendo. É que o mundo anda tão endurecido, moda mesmo é deixar o outro sozinho para que “aprenda a se virar desde cedo“. Andamos tão antinatural ultimamente, sei lá se por causa do feminismo, da revolução sexual, da invenção de pílula ou que raios de qualquer outra invenção que, em tese, deveria ser em prol do ser humano e não para causar ainda mais exclusão. E nesse pensamento das últimas décadas, muitas mulheres acabam se distanciando de seus filhotes, não dando o colo a qualquer momento, enfiando um objeto duro, feito de borracha e gelado na boca dos bebês, ao invés de dá-lo o que, de direito, ele precisa: o seio materno.
E foi esse o meu pensamento de todo o fim de semana. Porque, meldels, as pessoas andam tão endurecidas? Qual é o principal argumento que faça uma mãe impor uma regra de só amamentar seu filho de três em três horas? O que a faz negar o colo a uma criança que chora? Não, não me venham com o argumento da manha, porque isso não cola para mim. Não faz o menor sentido. É só usar um pouquinho da nossa inteligência.
Bebês de meses não têm articulação neurológica para fazer manha. Eles não conseguem nem perceber-se fora do corpo da mãe. Para eles, seu corpo e o da mãe são a mesma coisa. Uma criaturinha que tudo o que consegue fazer é ser alimentado, dormir, chorar e evacuar pode mesmo manipular alguém? Até quando vamos continuar a repetir, como papagaios burros de pirata, esse discurso vazio por aí? E, pior, vamos continuar acreditando que isso é verdade e negligenciando nossos bebês de tudo o que eles precisam em seus primeiros meses: colo, carinho, aconchego, calor e leite materno?
Na semana passada eu escutei da boca do maior especialista em vínculo mãe-bebê do Brasil, o Dr. Fernando de Nóbrega, que é crueldade uma mãe deixar seu bebê chorando seja por qualquer motivo. Sei que essa afirmação vai ferir muita gente e eu já estou até preparada para o clichê de sempre: “A Glauciana julga as outras mães“. “Eu não sou menos mãe que você“… e aquele #mimimi eterno de muitas mães por aí. A carapuça serviu? Ah, que ótimo. Então, vista-a e aproveite para reavaliar seus atos com seus filhos.
Mas, não, eu digo chega para esse absurdo de não oferecer a um bebê, tão indefeso, tão pequeno, tão carecido de segurança, o que ele precisa. E, ainda vou mais longe: o que ele precisa só você, a mãe, pode dar. E não custa caro, não doi, não passa por cima de valores. Ele só precisa sentir-se amado. Só precisa ser pego no colo para não estranhar tanto esse mundo além-útero. Só precisa encontrar ninho no peito quente da mãe e perceber que nada lhe fará mal.
Simples assim. É por essa razão que eu parei de passar a mão na cabeça de quem pratica isso. Quando alguém me diz que toma esse tipo de conduta com o filho ou vem me dizer que vou deixar Luca mimado porque o pego no colo sempre ou continuo levando-o grudado em mim no sling aonde quer que eu vá, eu simplesmente digo que esse é um de meus papeis como mãe. E que ela deveria fazer o mesmo.
Basta! É o tipo de coisa pela qual eu milito. Nunca tive grandes causas na vida, não. Não fui uma adolescente anarquista. Não participei das manifestações dos DAs na faculdade. Não fui uma jovem feminista. Mas, taí, se tem uma causa pela qual eu levanto as minhas bandeiras e não tenho medo de soltar a voz é com relação a maternidade integral. Não, não estou falando de não trabalhar, não é só isso. Estou me referindo à aleitamento materno, à presença de qualidade, à dar o colo sempre, à não deixar bebê chorando no berço.
Tenho certeza absoluta que com essas práticas nós vamos construir um mundo melhor, afinal o mundo é feito de pessoas. E eu acredito piamente que criando segurança e oferecendo afeto para os bebês de hoje, teremos cidadãos mais seguros e dispostos a oferecer amor amanhã. Ou alguém duvida que um indivíduo que aprendeu que sua mãe não devia lhe dar colo quando ele se sentisse inseguro vai conseguir dar um abraço acolhedor em alguém? Para mim isso é óbvio! Para você não?
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