A reportagem de capa de ÉPOCA desta semana explora uma questão importante: a internet faz mal para o nosso cérebro? É difícil ter uma
resposta conclusiva porque o fenômeno é muito novo. Mas a pergunta não deixa de
ser relevante e está na cabeça de muitos pais, que não sabem muito bem se devem
ou não ficar preocupados com o envolvimento dos filhos com computadores,
celulares, videogames e outros aparelhos tecnológicos.
Outro dia, uma mãe de São Paulo ficou perplexa ao notar que a filha, uma adolescente de 13 anos, estava se comunicando com duas amigas via iPhone. Detalhe importante: as três estavam no mesmo carro. O caso me foi relatado pela pedagoga Claudia Siqueira, diretora do Colégio Sidarta, em São Paulo. Talvez seja um caso radical, mas, em maior ou menor medida, muitos pais estão vendo os filhos trocarem o contato real pelo virtual.
Isso pode trazer problemas até para os próprios adolescentes. Claudia conta que, um dia, perguntou a uma aluna por que ela estava chorando. E a menina respondeu que a amiga que tinha conhecido no acampamento de férias não queria encontrá-la. Dizia que bastava baterem papo pela internet.
Isso quer dizer que a internet está fazendo mal para o cérebro das crianças e dos adolescentes?
Não exatamente. O nosso cérebro muda quando entramos em contato com algo novo, seja um computador, um celular, um iPad – ou uma agulha de crochê! Ele cria novas conexões para dar conta das novas tarefas e isso é bom. O problema é quando nós não conseguimos usar a tecnologia a nosso favor.
“A palavra da vez é dosar”, diz o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Centro de Estudos de Dependência da Internet do Hospital das Clínicas. Mas dosar nem sempre é tarefa fácil para crianças e adolescentes. Porque o córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pela autorregulação, só termina de se desenvolver por volta dos 18, 20 anos. “Por isso, crianças e adolescentes têm mais dificuldade de controlar seus impulsos e estão mais vulneráveis a vícios.” Vício em internet, drogas, compras, jogos, o que for.
É aí que entram os pais e a escola. “O pior lado da tecnologia é não ter parâmetro para usá-la”, diz Claudia Siqueira. “A escola tem que ajudar os jovens nisso.” Quando os alunos do 6º ao 9º do Ensino Fundamental pediram para usar o computador para anotar as aulas, como os estudantes do Ensino Médio, ela disse não. “Eles já vão ter contato com o computador fora da sala. Então, é importante que desenvolvam a habilidade de escrever à mão.” Antiquado? Pode até parecer, mas Claudia lembra que os vestibulares ainda são em papel e caneta. E, hoje, todos sabem se virar com um teclado, mas tem gente incapaz de deixar um bilhete legível.
Em casa, os pais têm que ficar atentos se os filhos não estão procurando refúgio no mundo virtual para os problemas do mundo real. O psicólogo Cristiano de Abreu afirma que grande parte das pessoas viciadas em internet já tinha algum problema para se relacionar – como timidez excessiva – e se sentiu segura atrás da tela do computador ou do celular. ”Para quem já tem algum tipo de fobia social, a internet é uma grande ferramenta para minimizar os sentimentos negativos”, afirma o psicólogo. Mas fugir das pessoas dificilmente faz alguém se sentir melhor, pelo contrário: geralmente aumenta a distância entre ela e os outros.
O que os especialistas nos mostram é que, antes de lidar com as questões virtuais, não podemos nos esquecer dos problemas reais. É fato que a internet altera o nosso cérebro e a nossa vida. Mas sempre cabe a nós decidir como usá-la. E, especialmente, como ajudar as crianças a fazê-lo.
Uma pesquisa divulgada nesta segunda (31) por um instituto de
pesquisa americano mostrou que 59% dos pais acham que o uso de tecnologia
prejudica as atividades físicas dos filhos; e 40% afirmam que o tempo que eles
gastam no mundo virtual prejudica suas relações no mundo real.
Outro dia, uma mãe de São Paulo ficou perplexa ao notar que a filha, uma adolescente de 13 anos, estava se comunicando com duas amigas via iPhone. Detalhe importante: as três estavam no mesmo carro. O caso me foi relatado pela pedagoga Claudia Siqueira, diretora do Colégio Sidarta, em São Paulo. Talvez seja um caso radical, mas, em maior ou menor medida, muitos pais estão vendo os filhos trocarem o contato real pelo virtual.
Isso pode trazer problemas até para os próprios adolescentes. Claudia conta que, um dia, perguntou a uma aluna por que ela estava chorando. E a menina respondeu que a amiga que tinha conhecido no acampamento de férias não queria encontrá-la. Dizia que bastava baterem papo pela internet.
Isso quer dizer que a internet está fazendo mal para o cérebro das crianças e dos adolescentes?
Não exatamente. O nosso cérebro muda quando entramos em contato com algo novo, seja um computador, um celular, um iPad – ou uma agulha de crochê! Ele cria novas conexões para dar conta das novas tarefas e isso é bom. O problema é quando nós não conseguimos usar a tecnologia a nosso favor.
“A palavra da vez é dosar”, diz o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Centro de Estudos de Dependência da Internet do Hospital das Clínicas. Mas dosar nem sempre é tarefa fácil para crianças e adolescentes. Porque o córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pela autorregulação, só termina de se desenvolver por volta dos 18, 20 anos. “Por isso, crianças e adolescentes têm mais dificuldade de controlar seus impulsos e estão mais vulneráveis a vícios.” Vício em internet, drogas, compras, jogos, o que for.
É aí que entram os pais e a escola. “O pior lado da tecnologia é não ter parâmetro para usá-la”, diz Claudia Siqueira. “A escola tem que ajudar os jovens nisso.” Quando os alunos do 6º ao 9º do Ensino Fundamental pediram para usar o computador para anotar as aulas, como os estudantes do Ensino Médio, ela disse não. “Eles já vão ter contato com o computador fora da sala. Então, é importante que desenvolvam a habilidade de escrever à mão.” Antiquado? Pode até parecer, mas Claudia lembra que os vestibulares ainda são em papel e caneta. E, hoje, todos sabem se virar com um teclado, mas tem gente incapaz de deixar um bilhete legível.
Em casa, os pais têm que ficar atentos se os filhos não estão procurando refúgio no mundo virtual para os problemas do mundo real. O psicólogo Cristiano de Abreu afirma que grande parte das pessoas viciadas em internet já tinha algum problema para se relacionar – como timidez excessiva – e se sentiu segura atrás da tela do computador ou do celular. ”Para quem já tem algum tipo de fobia social, a internet é uma grande ferramenta para minimizar os sentimentos negativos”, afirma o psicólogo. Mas fugir das pessoas dificilmente faz alguém se sentir melhor, pelo contrário: geralmente aumenta a distância entre ela e os outros.
O que os especialistas nos mostram é que, antes de lidar com as questões virtuais, não podemos nos esquecer dos problemas reais. É fato que a internet altera o nosso cérebro e a nossa vida. Mas sempre cabe a nós decidir como usá-la. E, especialmente, como ajudar as crianças a fazê-lo.
Letícia Sorg - Revista Época.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fico muito feliz com seu comentário!!! :)