A felicidade existe. Não é essencial que apareça um Príncipe quarentão, executivo de multinacional.
WALCYR CARRASCO / REVISTA ÉPOCA
Quando a mulher se separa, passa por dois momentos. O primeiro é de alívio, por se ver livre do chato do marido, de uma relação ruim ou simplesmente da monotonia de um casamento sem paixão. Bota cor no cabelo, muitas vezes faz plástica, tortura-se na academia, pronta para, enfim, o quê? Viver a vida! O segundo momento é a descoberta de que não é bem assim. As que continuam casadas deixam aos poucos de convidá-la para churrascos, jantares, festas. Mulheres não são solidárias entre si. São capazes de convidar a amiga para ir ao toalete, num restaurante. Já viram homem fazer isso? Se fizer, bem... sei não. A separada perde seu grupo de amizade, antes formado por casais felizes. As amigas não vão trazer para o churrasco alguém que agora pode se tornar uma rival. Nada é dito. Mas de repente ela não tem o que fazer no fim de semana. Descobre a solidão.
Agrega-se a outras amigas divorciadas como ela. Grupos de três ou quatro, que saem juntas, vão a barzinhos. A mais ousada fica de olho na primeira oportunidade de aceitar um drinque. A tímida sem jeito não sabe retribuir olhares, sorrir convidativa na hora certa. Claro, muitas vezes não vão sozinhas para casa. Para surpresa das trintonas, quarentonas, cinquentonas, muitos rapazes mais novos adoram mulheres mais velhas. Admira-se! É um gato! Ela nem sabe como ele se interessou por ela. Nem vai saber, no dia seguinte ele amarra os tênis e some. Pronta para uma nova relação romântica, ela descobre que a separação nem sempre liberta. Mas restringe, em muitos sentidos. A questão é estatística. Segundo o IBGE, há mais mulheres que homens no país. Tem mais: eles vivem menos que elas. Portanto, a expressão que muita leoa ruge faz todo sentido:
– Há falta de homem no mercado.
Não só numericamente. Há os gays. Com o avanço da liberdade sexual, de cada um ser quem é, mais gays assumidos brotam por todo lado. Essa estatística eu não procurei, porque nem acredito. Já disseram que é de 10%. Duvido, só? Tem mais: há gays sem nenhum traço de feminilidade. A divorciada muitas vezes vai jantar, vai ao cinema, teatro. Está prestes a se apaixonar, quando descobre: é só jantar, cinema, teatro. Acaba de madrinha no casamento do melhor amigo, com um rapazinho simpático que a chama de tia.
É uma saga. O desejo de ser amada, abraçada, apertada continua. O sexual também. A liberdade também chegou à mulher. Pode expressar sua sexualidade. Com quem, eis o problema. Ouvi falar de outra estatística, creio que dos Estados Unidos, onde se divorciar é tão frequente como tomar um sorvete. Segundo afirma, a profissão com vida sexual mais ativa é a dos entregadores de pizza. Vamos combinar. Ela está sozinha, já com uma roupa de ficar em casa. Pede uma pizza. Abre a porta e lá está um garotão de sorriso aberto. Qual o pecado, mesmo que seja na pia da cozinha?
A nova vida é repleta de descobertas. Ex que não paga pensão, muitas vezes. Os filhos com saudades do pai, o amigão que sai nos feriados e fins de semana (se sai). Enquanto a mãe vira a chata, que bota tudo nos eixos, reclama. Mesmo assim, no meio desse caos, muitas vezes ela conhece alguém. Um cara legal. Talvez divorciado também. É quando ela erra mais. Está ansiosa, ávida por um novo casamento, desta vez feliz. Gosta do sujeito. Só que homem sozinho ou divorciado tem seu tempo. Às vezes demora para querer uma relação de verdade. Essa é construída através de vários encontros, fins de semana na praia. Um dia ele cozinha para ela, em outro saem com casais de amigos dele. Mas ela está preocupada. Os anos passam, está ficando para trás, sozinha. Precipita a situação. Ou por palavras ou por atitudes. O candidato se afasta. Homem sozinho é como boi de rodeio. A mulher tem de agarrar, segurar-se em cima, enquanto ele saracoteia, corre, pateia no chão. Como nos rodeios, poucas conseguem. A maioria se magoa porque num dia ele preferiu o futebol com os amigos. Ou deu uma bijuteria mixuruca no aniversário. Não pelo valor, saibam disso. Ela só gostaria de mostrar um superpresente às amigas, como prova de que é amada.
E assim elas continuam. Em grupos de três, quatro, que viajam juntas. Outras têm aquele superamigo gay, que também não encontra ninguém. Divertem-se. Um dia ela descobre que está gostando dessa vida. É verdade! A felicidade existe. Mas não é essencial que apareça um príncipe encantado quarentão, travestido de executivo de multinacional.
Agrega-se a outras amigas divorciadas como ela. Grupos de três ou quatro, que saem juntas, vão a barzinhos. A mais ousada fica de olho na primeira oportunidade de aceitar um drinque. A tímida sem jeito não sabe retribuir olhares, sorrir convidativa na hora certa. Claro, muitas vezes não vão sozinhas para casa. Para surpresa das trintonas, quarentonas, cinquentonas, muitos rapazes mais novos adoram mulheres mais velhas. Admira-se! É um gato! Ela nem sabe como ele se interessou por ela. Nem vai saber, no dia seguinte ele amarra os tênis e some. Pronta para uma nova relação romântica, ela descobre que a separação nem sempre liberta. Mas restringe, em muitos sentidos. A questão é estatística. Segundo o IBGE, há mais mulheres que homens no país. Tem mais: eles vivem menos que elas. Portanto, a expressão que muita leoa ruge faz todo sentido:
– Há falta de homem no mercado.
Não só numericamente. Há os gays. Com o avanço da liberdade sexual, de cada um ser quem é, mais gays assumidos brotam por todo lado. Essa estatística eu não procurei, porque nem acredito. Já disseram que é de 10%. Duvido, só? Tem mais: há gays sem nenhum traço de feminilidade. A divorciada muitas vezes vai jantar, vai ao cinema, teatro. Está prestes a se apaixonar, quando descobre: é só jantar, cinema, teatro. Acaba de madrinha no casamento do melhor amigo, com um rapazinho simpático que a chama de tia.
É uma saga. O desejo de ser amada, abraçada, apertada continua. O sexual também. A liberdade também chegou à mulher. Pode expressar sua sexualidade. Com quem, eis o problema. Ouvi falar de outra estatística, creio que dos Estados Unidos, onde se divorciar é tão frequente como tomar um sorvete. Segundo afirma, a profissão com vida sexual mais ativa é a dos entregadores de pizza. Vamos combinar. Ela está sozinha, já com uma roupa de ficar em casa. Pede uma pizza. Abre a porta e lá está um garotão de sorriso aberto. Qual o pecado, mesmo que seja na pia da cozinha?
A nova vida é repleta de descobertas. Ex que não paga pensão, muitas vezes. Os filhos com saudades do pai, o amigão que sai nos feriados e fins de semana (se sai). Enquanto a mãe vira a chata, que bota tudo nos eixos, reclama. Mesmo assim, no meio desse caos, muitas vezes ela conhece alguém. Um cara legal. Talvez divorciado também. É quando ela erra mais. Está ansiosa, ávida por um novo casamento, desta vez feliz. Gosta do sujeito. Só que homem sozinho ou divorciado tem seu tempo. Às vezes demora para querer uma relação de verdade. Essa é construída através de vários encontros, fins de semana na praia. Um dia ele cozinha para ela, em outro saem com casais de amigos dele. Mas ela está preocupada. Os anos passam, está ficando para trás, sozinha. Precipita a situação. Ou por palavras ou por atitudes. O candidato se afasta. Homem sozinho é como boi de rodeio. A mulher tem de agarrar, segurar-se em cima, enquanto ele saracoteia, corre, pateia no chão. Como nos rodeios, poucas conseguem. A maioria se magoa porque num dia ele preferiu o futebol com os amigos. Ou deu uma bijuteria mixuruca no aniversário. Não pelo valor, saibam disso. Ela só gostaria de mostrar um superpresente às amigas, como prova de que é amada.
E assim elas continuam. Em grupos de três, quatro, que viajam juntas. Outras têm aquele superamigo gay, que também não encontra ninguém. Divertem-se. Um dia ela descobre que está gostando dessa vida. É verdade! A felicidade existe. Mas não é essencial que apareça um príncipe encantado quarentão, travestido de executivo de multinacional.