Superbactéria x antibióticos
Por que o uso indiscrimado desses medicamentos deixa as bactérias mais resistentes e prejudica a saúde do seu filho.A maneira como você trata as doenças na sua casa, seja do seu filho ou de outra pessoa da família, pode contribuir ou não com o aparecimento das tão faladas superbactérias. Isso porque elas surgem, principalmente, por causa do uso indiscriminado de remédios, nesse caso, de antibióticos. Aos poucos, as bactérias vão ganhando força contra ele que, dentro de alguns anos, perde a função.
Por causa disso, a Anvisa publicou nesta quinta-feira (28 de outubro) uma nova determinação no Diário Oficial: a partir de agora, só é possível comprar antibióticos com prescrição médica e retenção de receita. Ou seja, uma via ficará com a farmácia e a outra, que será carimbada pelo estabelecimento, com o consumidor. Vai haver mudanças também nas embalagens dos medicamentos, que terão de trazer a seguinte mensagem: "Venda sob prescrição médica - Só pode ser vendido com retenção da receita". Os fabricantes terão 180 dias para se adaptar à norma.
Mas não há motivo para pânico. O mais importante é evitar a automedicação. Nas reportagens a seguir, entenda melhor esse assunto.
Com o aumento dos casos de infecção pela superbactéria KPC, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) intensificou as discussões sobre o uso de antibióticos. O aparecimento do micróbio está sendo ligado ao uso demasiado de medicamentos, que tornou a bactéria mais resistente e difícil de ser eliminada. Por causa disso, a Anvisa publicou nesta quinta-feira (28 de outubro) uma nova determinação no Diário Oficial: a partir de agora, só é possível comprar antibióticos com prescrição médica e retenção de receita. Ou seja, uma via ficará com a farmácia e a outra, que será carimbada pelo estabelecimento, com o consumidor. Vai haver mudanças também nas embalagens dos medicamentos, que terão de trazer a seguinte mensagem: "Venda sob prescrição médica - Só pode ser vendido com retenção da receita". Os fabricantes terão 180 dias para se adaptar à norma.
Os riscos de infecção por superbactérias são mínimos para a população geral e costumam atingir apenas pessoas hospitalizadas e com saúde debilitada. “Mesmo os profissionais que trabalham em hospitais não ficam tão vulneráveis”, tranquiliza a infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), Luci Correa. Para as mães e pais, fica um alerta: não dar antibióticos, nem nenhum outro remédio, aos filhos sem que um médico tenha receitado.
1) Antibiótico faz mal para os dentes?
Os ministrados para crianças, não. Isso ocorria no passado por conta de um tipo específico substância, a tetraciclina, que manchava e alterava a cor dos dentes, mas esses efeitos eram desconhecidos. Hoje não há mais esse risco e as tetraciclinas não são mais prescritas para uso infantil.
2) Quantas vezes por ano a criança pode tomar antibiótico?
Não há um número limite, depende de cada criança. Há aquelas que são mais vulneráveis e têm muitos episódios de amidalite e sinusite. O que é preciso é que um médico avalie sempre os sintomas e a criança para identificar o problema. Na primeira infância é muito comum as infecções virais, que têm sintomas bastante parecidos, como febre e problemas respiratórios, e o antibiótico não funciona no caso de viroses, só quando a infecção é por bactérias.
3) E se o meu filho fica sempre doente?
O ideal é que o pediatra e os pais procurem identificar as causas da criança estar sempre doente e tentar eliminá-las. Ou seja, tratar a causa, não só os efeitos.
4) Por que é preciso tomá-lo, em geral, por dez dias?
Entre a ingestão do antibiótico e ele atingir o ponto da infecção, o medicamento vai perdendo força. Como explicou a infectologista Luci, é como se o antibiótico fosse o exército dos mocinhos com uma determinada munição para combater o exército inimigo de bactérias. A munição dos mocinhos acaba e é aí que chega o momento de tomar de novo. Quanto à duração do tratamento, é para certificar-se de que todos os “soldados” inimigos foram mesmo eliminados, senão eles voltam a se multiplicar.
5) Tem de ser sempre no mesmo horário?
Sim, pelo explicado na questão anterior, os horários e dias têm de ser respeitados rigorosamente. Só assim o tratamento dá certo.
6) O que fazer se esqueci uma dose? Ou se atrasei uma?
Se o atraso for curto, de 30 minutos, pode dar a dose e seguir o tratamento. Se foi por muito tempo, dê a próxima dose no horário normal. A dose que foi esquecida deve ser dada no final do tratamento. Mas o ideal, de acordo com os médicos, é não esquecer mesmo e prestar muita atenção no tratamento.
7) É preciso, mesmo, ter tanto medo de oferecer antibiótico às crianças?
Não, desde que seja receitado pelo médico. O risco que se corre é de dar antibiótico para resolver algo para o qual ele não funciona e só o médico tem condições de avaliar isso. Como qualquer outro medicamento, tomar por conta própria oferece dois riscos: o de fazer mal e o de não adiantar nada.
8) Existem outras formas de tratar determinadas doenças sem o antibiótico?
As infecções bacterianas precisam de antibióticos, mas não todas. As de pequena extensão, como furúnculos, costumam se curar sozinhas. Vacinas e hábitos saudáveis ajudam a evitar doenças, mas quem avalia o tratamento é sempre o pediatra ou clínico.
9) E se não fizer mais efeito, dá para variar o tipo?
Os casos como os da superbactéria não oferecem riscos para as pessoas em geral. Por isso, não há problema em continuar visitando um parente que está hospitalizado. A avaliação de se um antibiótico faz ou não efeito e a substituição só podem feitas por um médico. Quando precisar de uma consulta com um médico novo, ou em um pronto-socorro, informe quais medicamentos seu filho tomou nos últimos meses.
10) Antibiótico de criança e de adulto é similar?
Alguns sim, só variam na dosagem e na forma de administração – em geral por via oral, líquido ou comprimidos, para as crianças. Outros são só de uso adulto.
REVISTA CRESCER / Fontes: Clery Bernadi Gallacci, pediatra da maternidade Santa Joana e professora de pediatria da faculdade de ciências médicas da Santa Casa de São Paulo e Luci Correa, infectologista e Coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein