quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Pois é...


Como posso mudar o que não gosto em mim?

Como posso mudar o que não gosto em mim?
:: Silvia Malamud :: 
Existe um caminho para que você alavanque as mudanças mais desejadas em seu modo de ser.
Se você se encontra infeliz com suas relações em geral, se é daquele tipo que fica criando estórias e mais estórias mentais sobre como seriam as melhores possibilidades para se obter bons posicionamentos num suposto confronto, mas que, na hora do vamos ver, nada daquilo acontece. Se constantemente fica frustrado por suas expressões se manifestarem muito aquém do que desejava, saiba que pode transcender este robô cerebral de repetição que, no final das contas, atualmente mal e mal, está a seu serviço.
Trata-se de um método certeiro que pode colocar quilômetros à frente de como você está acostumado a se reconhecer.

Gostaria de convidá-lo para uma rápida e radical jornada de transformação e para dar início a este processo, você terá que se exercitar em algumas tarefas não usuais:

- Comece por perceber que as suas ideias e imagens mentais costumam funcionar dentro de você exatamente da forma como encara a ação do ato de dirigir um carro; ou seja, suas imagens mentais, seus pensamentos e emoções estão totalmente automatizados em seu cérebro cumprindo funções do mesmo modo que o ato de dirigir um carro.

- Ao começar a dirigir você sabe qual chave liga o carro e para cada caminho destinado, recursos cerebrais aprendidos serão acionados com a finalidade de lhe possibilitar êxito. No aspecto das reações emocionais, exatamente o mesmo ocorre. Você até pode ter noção do que o aciona, do que ativa, mas depois disso, tudo acontecerá do mesmo modo de quando dirige um carro, seu cérebro recorrerá automaticamente e sempre aos mesmos circuitos aprendidos e enviará padrões de respostas conhecidos para cada tema dinamizado; no caso de dirigir um carro, o tema é entre outras coisas o destino.

Um dia tivemos que ter a presença do eu para aprendermos a funcionar em determinadas situações, depois disso, como um computador, o cérebro automatizou o conhecimento aprendido e agora, em nome de auxiliá-lo, libera estes padrões de conhecimento nas situações onde associa que terá o mesmo tipo de demanda. Isso tudo para nos ajudar a otimizar nosso tempo e para que possamos a partir dos aprendizados anteriores, seguir em frente conhecendo novas coisas, aprendendo mais sobre tudo e criando. O problema aqui é que o cérebro sem a presença do eu, que pode perceber cada situação como sendo única, apenas funciona como uma máquina que um dia foi ativada para cumprir determinadas funções e permanece trabalhando com estas variáveis. Assim como ligamos mecanicamente o nosso piloto automático ao dirigirmos um carro, esquecemos que para reorganizar uma nova mecânica de resposta cerebral precisamos reativar a presença do eu em cada situação de vida vivenciada. Temos que reaprender a fazer isso e quem sabe automatizar antes de tudo a presença de um eu presentemente ativo.

A primeira dica é sair do esquema de aceleração cerebral que insiste em ter autonomia sobre este eu que é o que manda e quem tem de verdade o real poder. Imagine só que enquanto você esta à mercê do seu piloto automático, a sua autoestima vai embora junto com o seu eu real. Na medida em que você se lembra que tem alguém aí dentro que tem poder sobre si mesmo, tudo muda e não há a menor possibilidade de ser diferente.

Na maioria das vezes, aparentemente não prestamos atenção enquanto estamos "dirigindo"... e num susto, de repente, quando ficamos mais atentos, conscientes e lúcidos, olhamos para a estrada e nos damos conta que alguém esteve ali durante todo o tempo, com conhecimentos sobre manobras entre outras diretrizes e que este alguém era nada além de você mesmo.

Enquanto você estiver ausente de si mesmo, suas ações relacionais entre outras situações em sua vida funcionarão de forma semelhante. Por mais que se saiba o quanto é possível planejar uma conversa importante e de modo inteligente, via de regra, é desconhecido o que e como todas estas ideias serão expressas na hora certeira. Por mais que se saiba que somos donos dos nossos atos e desejos interiores, na hora de expressar, não é bem assim que a coisa acontece. Na maioria das vezes, fica-se muito aquém do que se desejaria ter falado e, por outro lado, às vezes desconfortáveis, em meio à sensação foi falado demais.
- A ideia sugerida é a de ficar mais acordado e presente por dentro e por fora. Uma mudança que vai exigir transformação sutil de atitudes, no intuito de você compreender passo a passo como se tomar mais consciente do que está fazendo, inclusive, do que e de como pensa. Puxe o freio de mão e comece a ser o observador de si mesmo absolutamente presente.

À proporção em que for se ganhando nessa nova postura, tanto seus pensamentos acerca de algum tema, como as suas ações tenderão a ficar cada vez mais vívidas e poderosas, portanto, lúcidos. O resultado é desenvolvimento de maior autonomia de você para você mesmo.
Por conta desse novo engajamento de vida, e por estar mais presente percebendo os seus próprios pensamentos como um observador de si mesmo, tanto seu poder de ação, como os resultados deste tipo de experiência lhe abrirão portas para que você acesse suas inúmeras reservas ocultas de energia, sabedoria e experiências adquiridas ao longo da vida. Além de tudo isso, como bônus superior, você estará habilitado para fazer novas sínteses de si, podendo se renovar por completo e muito provavelmente que seus objetivos de vida poderão mudar de modo radical, pois você não será mais o mesmo.

Mais uma dica:
- Durante os exercícios de auto-observação, fatalmente você irá se confrontar com emoções negativas relacionadas a alguma situação; apenas pela sua observação e centramento fará uma ponte com uma situação positiva onde se sente bem. É somente a partir de uma boa sensação emocional resgatada que você poderá resolver mentalmente alguma questão que o perturba.
Este é um exercício que exige presença positiva para que você conquiste suas ações de modo deliberado e, como conseqüência, ser dono do seu estado emocional, assumindo o seu poder para escolher de verdade onde e como deseja ficar e não mais um resultado passivo de um circuito cerebral aprendido e automatizado.
O seu cérebro é inteligente, mas fica literalmente "burro" sem a sua presença, como um computador girando um programa nunca revisitado, com soluções não atualizadas e que acabam ficando arcaicas para todo o sistema.

Sempre é bom trocar softwares da nossa máquina mental quando percebermos ser necessário. Algumas vezes pode ter necessidade de chamar algum técnico para lhe auxiliar, no caso, terapeuta certificado, mas o serviço interno da autonomia do eu, quem sempre terá que fazer é você mesmo.

Todos nós temos a tendência de ficarmos anestesiados pelo dia a dia, mas se assim permanecermos, dificilmente sairemos vencedores de quadros que nos afetam de modo negativo. Com treino, você aprenderá a ter maestria sobre como sair de qualquer mal-estar para o estado de absoluta presença do eu. E na medida em que for desenvolvendo capacidade para examinar os seus inimigos internos que hoje lhe detonam, um véu começará a sair da sua frente e você saberá que está totalmente acordado, no comando da sua existência. Que lhe pertence.

Sempre!


Que tal falar sobre o que sente?

Que tal falar sobre o que sente? 
:: Rosemeire Zago :: 

Todos nós temos um pouco de dificuldade em lidar com nossos sentimentos. Tudo começa quando ainda somos crianças. Naquela época, raramente tínhamos alguém que nos desse apoio para que pudéssemos demonstrar sentimentos como raiva, ciúme, inveja, vergonha, nem chorar nos era permitido. Nos ensinavam, com raríssimas exceções, que nada devíamos demonstrar e, aos poucos, aprendemos a reprimir o que sentimos.

Quando não tivemos quem nos ajudasse a lamentar nossos momentos de dor, solidão, tristeza, acabamos por bloquear, esconder, até para nós mesmos, tudo aquilo que sentimos. Queremos ser fortes e conseguimos, mas só nós sabemos qual o preço que pagamos. Com o tempo, começamos a perceber que tudo aquilo que por anos ficou muito bem guardado, começa de alguma forma a pedir, para não dizer gritar, que precisa sair.
É neste momento que, inconscientemente, criamos situações nas quais estes sentimentos possam ser experimentados novamente.

Quando vivemos situações de desprezo, rejeição, abandono, solidão, quando criança, e não havia quem pudesse suportá-la ao nosso lado, passamos a recriar situações e relacionamentos para podermos expressá-los aqueles mesmos sentimentos que foram reprimidos, com a fantasia inconsciente de resolver o trauma original. Nem sempre recriamos as mesmas situações, mas, sim, qualquer situação que nos faça sentir os mesmos sentimentos.

Sentimentos de rejeição, abandono e abusos vividos durante a infância são os mais difíceis de serem superados. É como se registrássemos que não somos dignos de sermos amados, nem aceitos por aquilo que somos, gerando assim muitas dificuldades nos relacionamentos pela necessidade constante de aprovação e reconhecimento.
Por exemplo, uma pessoa que viveu situações de rejeição e abandono durante sua infância, pode buscar, é isso mesmo, buscar inconscientemente, situações que a façam se sentir abandonada e rejeitada.

Se teve um pai e/ou mãe que a rejeitaram, foram ausentes, distantes, poderá fazê-la recriar relacionamentos com pessoas que a façam se sentir igualmente rejeitada e abandonada. Com qual intenção? Para que possa se libertar daqueles sentimentos que tanto machucaram e continuam a machucar, mesmo depois de muitos anos.
Mas para isso é importante ter alguém com quem possa contar o que sentiu, lamentar, e receber todo apoio que não recebeu na época que aconteceu. Há pessoas que perderam pessoas significativas quando crianças e até hoje, já adultas, não choraram, nem elaboraram, e muito menos superaram essa dor.
Ser capaz de falar sobre a dor que sentimos significa que inconscientemente estamos dispostos a aceitar e superar o que nos aconteceu. O que nem sempre é fácil, pois assusta, causa medo de sentir mais dor, o que faz com que as pessoas evitem tocar nestes assuntos, o que só causa mais dor. O fato de não falar sobre o que sentimos, não nos isenta de senti-los.

Quando passamos uma vida sendo machucados e passamos por cima, ignorando como se nada tivesse acontecido, pois do contrário ficaríamos completamente sós, acabamos por permitir que outras pessoas nos machuquem mais e mais. Assim, perdemos o foco em nossa própria vida, deixando de nos ouvir para ouvir aos outros, deixamos de ser nós mesmos para sermos quem gostariam que fôssemos, e é assim que nos perdemos de nossa essência, de quem somos verdadeiramente.

É preciso lembrar e ter consciência que se um dia alguém não o aceitou, o abandonou, muitas outras lhe deram valor, gostam de você e estão ao seu lado.

É preciso parar com essa busca incessante de aprovação, seja de quem for, geralmente dos genitores, e que pode se estender por toda uma vida, do contrário, de vítima poderá se tornar em algoz de si mesmo.
Se a rejeição ainda está viva como se existisse no momento presente é porque, de alguma forma, você assim permite. Interrompa esse círculo vicioso de dor. Libere este sentimento para que ele se dissolva e pare de se torturar.
Hoje você não precisa mais passar pelas mesmas agressões, indiferença, desprezo, vergonha, humilhação, entre tantas outras situações que já vivenciou.
Hoje você pode viver na harmonia, paz, tranqüilidade, pois essa condição só depende de você.

Enquanto criança, não temos muitos recursos para nos defender, mas, hoje, adultos, podemos, e temos todo direito de sermos pessoas inteiras, felizes, sem implorar por carinho, apoio, compreensão, amor.
Com certeza, você deve ter muitos momentos agradáveis registrados em sua mente. Muitas palavras e atitudes de carinho. Traga isso para o momento presente. Por que se sentir desvalorizado, diminuído, inferior, rejeitado, porque uma pessoa não o aceitou ou demonstrou aquilo que você precisava? Por que não permitir que o amor de outras pessoas, que com certeza há ao seu redor, cheguem até seu coração? Quais são as pessoas que lhe demonstram amor, carinho, atenção, que lhe tratam com respeito, dignidade e consideração? Valorize essas pessoas, deixe que o amor que sentem por você seja muito maior que a rejeição e o desprezo que recebeu um dia. Você pode reagir!

A quem você gostaria de agradecer por uma palavra, um gesto, apoio, que um dia recebeu? Você já falou para essa pessoa o quanto lhe ajudou quando precisou? Por que não fazer isso agora? Dê um telefonema, escreva um e-mail, marque um almoço, jantar, um suco, um momento para falar da diferença que fez em sua vida.
Você deixará essa pessoa feliz e você ficará mais ainda em saber que há pessoas com quem pode contar. Divida estes bons sentimentos com quem conseguiu fazê-los despertar dentro de você.

A vida não pode ser contabilizada apenas por dor, mágoas, tristezas... mesmo que um dia existiram elas podem ser substituídas por alegria, paz, harmonia.
Saber valorizar o que recebemos de bom e partilhar com quem nos faz sentir vivos, alegres, pode ser um antídoto contra a dor que nos fizeram um dia sentir. Solte essa dor, chore o que não chorou, procure quem possa ouvi-lo, só assim irá conseguir se libertar daquilo, que por mais que negue, ainda dói dentro de você.

Gratidão.


Mulheres e garotos

Elas descobriram que não precisam de homens maduros para ser felizes.

Algumas das minhas amigas de 30 e 40 anos estão namorando garotos de 20. Não sei se é uma tendência, mas parece. Se eu conheço pessoalmente uns quatro casais, deve haver muitos deles por aí. Acho natural e previsível. Num mundo em que os homens sempre apreciaram a juventude das parceiras, as mulheres começam a fazer o mesmo. Basta ler o novo romance da série Bridget Jones – Louca pelo garoto - para constatar que o fenômeno está em toda parte. Ao menos como aspiração.

O que dizer sobre isso? Nada revolucionário. É mais uma manifestação da liberdade feminina. Ela deixa claro, de novo, que aquilo que sempre se disse sobre o desejo e os sentimentos das mulheres era bobagem para muitas delas. As mulheres NÃO precisam de um sujeito maduro para ser felizes. As mulheres SÃO atraídas de forma duradoura por um corpo e um espírito jovem. Como acontece há séculos com os homens.

Não há muito que discutir. No passado, quando as mulheres pouco podiam falar de si mesmas, criaram-se teorias para explicá-las. Teorias masculinas, naturalmente. Em geral formuladas por homens influentes, com mais de 40 anos. Agora que as mulheres podem fazer o que têm vontade, muitas estão descobrindo que as velhas descrições da alma feminina não lhes servem. Por isso estão mergulhadas em grupo no trabalho de explorar o mundo por conta própria. Às vezes em companhia de garotos. Sabe-se lá o que irão descobrir sobre elas mesmas.

Do alto da minha monumental ignorância, suspeito que as experiências das mulheres vão levá-las à constatação da diversidade. Umas farão de uma forma; outras, de forma inteiramente diferente. Não há uma regra que sirva para todas. Não há uma forma única de amar ou de ser feliz. Cada um de nós precisa de um tipo de resposta emocional e de parceria. Ela será encontrada em pessoas e situações diferentes. É simples.

É claro que existem comportamentos gerais, mas quem se interessa por eles? Não vivemos no interior de uma estatística. Cada um de nós habita a própria vida, convive com os próprios desejos, um dia de cada vez. A gente faz o que pode, nas circunstâncias que nos são oferecidas, com mais ou menos coragem e discernimento. Deixem aos sociólogos, em 100 anos, o trabalho de quantificar nosso comportamento. Até lá estaremos mortos, mas talvez tenhamos sido felizes.

Do ponto de vista que realmente importa – o dos sentimentos – relações entre gente de idades diferentes costumam ser mais cuidadosas. A percepção da distância faz com que as pessoas se tratem de maneira mais delicada. Elas sentem que aquela construção exige cuidados adicionais. O resultado da preocupação é bom. Vivemos um tempo de aspereza e até brutalidade nas relações afetivas. As pessoas andam despachadas demais umas com as outras. Melhor que se tratem com zelo do que com arrogância indiferente.

Minha experiência de ser mais velho, - mas também de ser o mais novo – sugere que há coisas legais nas duas situações. Gente mais velha aprecia a importância das relações e tende a tratar o outro com generosidade. É bom. O mais novo carrega uma intensidade que faz a vida ficar muito mais interessante. Também é bom. A arte está em lidar com as diferenças e fazer com que o interesse mútuo permaneça. Aí intercede a fatalidade. Alguns casais terão fôlego, outros não. Só dá para saber tentando.

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

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