quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mulheres e garotos

Elas descobriram que não precisam de homens maduros para ser felizes.

Algumas das minhas amigas de 30 e 40 anos estão namorando garotos de 20. Não sei se é uma tendência, mas parece. Se eu conheço pessoalmente uns quatro casais, deve haver muitos deles por aí. Acho natural e previsível. Num mundo em que os homens sempre apreciaram a juventude das parceiras, as mulheres começam a fazer o mesmo. Basta ler o novo romance da série Bridget Jones – Louca pelo garoto - para constatar que o fenômeno está em toda parte. Ao menos como aspiração.

O que dizer sobre isso? Nada revolucionário. É mais uma manifestação da liberdade feminina. Ela deixa claro, de novo, que aquilo que sempre se disse sobre o desejo e os sentimentos das mulheres era bobagem para muitas delas. As mulheres NÃO precisam de um sujeito maduro para ser felizes. As mulheres SÃO atraídas de forma duradoura por um corpo e um espírito jovem. Como acontece há séculos com os homens.

Não há muito que discutir. No passado, quando as mulheres pouco podiam falar de si mesmas, criaram-se teorias para explicá-las. Teorias masculinas, naturalmente. Em geral formuladas por homens influentes, com mais de 40 anos. Agora que as mulheres podem fazer o que têm vontade, muitas estão descobrindo que as velhas descrições da alma feminina não lhes servem. Por isso estão mergulhadas em grupo no trabalho de explorar o mundo por conta própria. Às vezes em companhia de garotos. Sabe-se lá o que irão descobrir sobre elas mesmas.

Do alto da minha monumental ignorância, suspeito que as experiências das mulheres vão levá-las à constatação da diversidade. Umas farão de uma forma; outras, de forma inteiramente diferente. Não há uma regra que sirva para todas. Não há uma forma única de amar ou de ser feliz. Cada um de nós precisa de um tipo de resposta emocional e de parceria. Ela será encontrada em pessoas e situações diferentes. É simples.

É claro que existem comportamentos gerais, mas quem se interessa por eles? Não vivemos no interior de uma estatística. Cada um de nós habita a própria vida, convive com os próprios desejos, um dia de cada vez. A gente faz o que pode, nas circunstâncias que nos são oferecidas, com mais ou menos coragem e discernimento. Deixem aos sociólogos, em 100 anos, o trabalho de quantificar nosso comportamento. Até lá estaremos mortos, mas talvez tenhamos sido felizes.

Do ponto de vista que realmente importa – o dos sentimentos – relações entre gente de idades diferentes costumam ser mais cuidadosas. A percepção da distância faz com que as pessoas se tratem de maneira mais delicada. Elas sentem que aquela construção exige cuidados adicionais. O resultado da preocupação é bom. Vivemos um tempo de aspereza e até brutalidade nas relações afetivas. As pessoas andam despachadas demais umas com as outras. Melhor que se tratem com zelo do que com arrogância indiferente.

Minha experiência de ser mais velho, - mas também de ser o mais novo – sugere que há coisas legais nas duas situações. Gente mais velha aprecia a importância das relações e tende a tratar o outro com generosidade. É bom. O mais novo carrega uma intensidade que faz a vida ficar muito mais interessante. Também é bom. A arte está em lidar com as diferenças e fazer com que o interesse mútuo permaneça. Aí intercede a fatalidade. Alguns casais terão fôlego, outros não. Só dá para saber tentando.

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

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