Diante de uma decisão, é melhor seguir a lógica ou o coração? Como veremos, o melhor é perceber que estas experiências são interdependentes...
Recentemente, ao ler o livro O Momento Decisivo, o funcionamento da mente humana no instante da escolha, de Jonah Lehrer (Ed. Best Business) esclareci uma suspeita antiga: a de que nós, seres humanos, somos emocionais por excelência! A neurociência está nos provando que a idéia de que somos seres racionais era falsa...
Desde os tempos da Grécia antiga, afirmava-se que a qualidade que torna o ser humano superior aos outros animais é a sua habilidade de racionalizar. Creio que até aí tudo iria bem se não fossem os preconceitos que se criaram em relação à sua natureza emocional.
Platão, no século IV a.C, apregoava que o homem deveria suprimir sua sensibilidade, suas emoções, pois elas o impedem de agir moralmente, ou seja, racionalmente. Para ele, filosofar era agir puramente de forma racional!
Esta forma de pensar ganha uma nova força na França, no século XVII, com René Descartes, considerado o primeiro filósofo moderno. Ao contrário dos gregos antigos, que acreditavam que as coisas são simplesmente porque são, Descartes instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que puder ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável. Assim, surgiu sua famosa frase: Penso, logo existo. Mais uma vez o homem é estimulado a pensar, verificar, analisar, sintetizar, enumerar, e para tanto era preciso deixar as emoções de lado.
O ponto é que nosso cérebro emocional vem sendo depreciado no Ocidente há mais de dois mil e quatrocentos anos! As nossas emoções foram se transformando numa espécie de bode expiatório de todas as más decisões tomadas.
Desta forma, crescemos aprendendo a abafar nossas emoções, quer dizer, de uma forma ou de outra, nos foi ensinado que as emoções não eram confiáveis! Na hora de tomar uma decisão, nos era sempre recomendado: Pense bem, controle suas emoções, seja superior a elas!
Mas, esta idéia de que as emoções deviam ser deixadas de lado foi por água a baixo, em 1982, pelo neurocientista português Antonio Damásio, com seu paciente chamado Elliot.
Elliot havia extraído um pequeno tumor do córtex cerebral. Apesar de estar fisicamente bem e seu QI não sofrer alterações, passou a ter um comportamento um tanto limitador: não conseguia tomar decisões. Desde as tarefas mais rotineiras como escolher que roupa iria vestir. O fato é que sua vida ficou totalmente arruinada: perdeu o emprego e sua mulher pediu o divórcio.
Damásio notou que Elliot estava emocionalmente distante de tudo e todos, assim como de si próprio. Sua fala era calma, porém, indiferente. Não demonstrava qualquer sentimento de frustração, impaciência ou tristeza. Surpreendido, Damásio questionou a premissa da racionalidade humana, isto é, de que uma pessoa sem emoções seria capaz de tomar as melhores decisões!
Foi, então, com base no estudo deste doente e de muitos outros, que Damásio começou a compilar um "mapa do sentimento", localizando as áreas específicas do cérebro que são responsáveis pela geração de emoções. "Um cérebro que não consegue sentir, não pode decidir", concluiu.
Aproximar-se e reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles e expressar as emoções é uma forma de desenvolvermos nossa inteligência emocional: saber reconhecer e validar sentimentos e pensamentos presentes nas escolhas e decisões.
Muitas vezes usamos de um mecanismo de defesa chamado racionalização, para não encarar os problemas de frente: criamos desculpas racionais para nossas dificuldades emocionais. Uma maneira fácil para distinguirmos se estamos tendo um pensamento racional, ou fazendo uma racionalização, é notar a diferença entre os dois: o pensamento racional BUSCA razões boas enquanto que a racionalização CRIA boas razões...
Ao sentir nossos sentimentos, aumentamos a consciência dos estados sensível de nossa mente. Este é um processo íntimo que requer uma atitude introspectiva. No momento em que expressamos nossos sentimentos, eles se manifestam como emoções.
Na medida em que aprendemos a prever as consequências de nossas escolhas, podemos nos responsabilizar por elas. Desta forma, analisamos nossos sentimentos. Ganhamos autoconfiança e coragem.
No entanto, podemos refletir o quanto quisermos e pudermos, mas, quando chega o momento de decidir, não há como evitar o frio na barriga diante do salto no escuro... Primeiro, porque toda experiência é única - não temos como buscar garantias nas experiências alheias e depois, só quando nos tornamos o novo é que sabemos que cara ele tem!
Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano. Trabalha com a técnica de EMDR, um método de Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares. Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções, Mania de sofrer.
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Recentemente, ao ler o livro O Momento Decisivo, o funcionamento da mente humana no instante da escolha, de Jonah Lehrer (Ed. Best Business) esclareci uma suspeita antiga: a de que nós, seres humanos, somos emocionais por excelência! A neurociência está nos provando que a idéia de que somos seres racionais era falsa...
Desde os tempos da Grécia antiga, afirmava-se que a qualidade que torna o ser humano superior aos outros animais é a sua habilidade de racionalizar. Creio que até aí tudo iria bem se não fossem os preconceitos que se criaram em relação à sua natureza emocional.
Platão, no século IV a.C, apregoava que o homem deveria suprimir sua sensibilidade, suas emoções, pois elas o impedem de agir moralmente, ou seja, racionalmente. Para ele, filosofar era agir puramente de forma racional!
Esta forma de pensar ganha uma nova força na França, no século XVII, com René Descartes, considerado o primeiro filósofo moderno. Ao contrário dos gregos antigos, que acreditavam que as coisas são simplesmente porque são, Descartes instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que puder ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável. Assim, surgiu sua famosa frase: Penso, logo existo. Mais uma vez o homem é estimulado a pensar, verificar, analisar, sintetizar, enumerar, e para tanto era preciso deixar as emoções de lado.
O ponto é que nosso cérebro emocional vem sendo depreciado no Ocidente há mais de dois mil e quatrocentos anos! As nossas emoções foram se transformando numa espécie de bode expiatório de todas as más decisões tomadas.
Desta forma, crescemos aprendendo a abafar nossas emoções, quer dizer, de uma forma ou de outra, nos foi ensinado que as emoções não eram confiáveis! Na hora de tomar uma decisão, nos era sempre recomendado: Pense bem, controle suas emoções, seja superior a elas!
Mas, esta idéia de que as emoções deviam ser deixadas de lado foi por água a baixo, em 1982, pelo neurocientista português Antonio Damásio, com seu paciente chamado Elliot.
Elliot havia extraído um pequeno tumor do córtex cerebral. Apesar de estar fisicamente bem e seu QI não sofrer alterações, passou a ter um comportamento um tanto limitador: não conseguia tomar decisões. Desde as tarefas mais rotineiras como escolher que roupa iria vestir. O fato é que sua vida ficou totalmente arruinada: perdeu o emprego e sua mulher pediu o divórcio.
Damásio notou que Elliot estava emocionalmente distante de tudo e todos, assim como de si próprio. Sua fala era calma, porém, indiferente. Não demonstrava qualquer sentimento de frustração, impaciência ou tristeza. Surpreendido, Damásio questionou a premissa da racionalidade humana, isto é, de que uma pessoa sem emoções seria capaz de tomar as melhores decisões!
Foi, então, com base no estudo deste doente e de muitos outros, que Damásio começou a compilar um "mapa do sentimento", localizando as áreas específicas do cérebro que são responsáveis pela geração de emoções. "Um cérebro que não consegue sentir, não pode decidir", concluiu.
Aproximar-se e reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles e expressar as emoções é uma forma de desenvolvermos nossa inteligência emocional: saber reconhecer e validar sentimentos e pensamentos presentes nas escolhas e decisões.
Muitas vezes usamos de um mecanismo de defesa chamado racionalização, para não encarar os problemas de frente: criamos desculpas racionais para nossas dificuldades emocionais. Uma maneira fácil para distinguirmos se estamos tendo um pensamento racional, ou fazendo uma racionalização, é notar a diferença entre os dois: o pensamento racional BUSCA razões boas enquanto que a racionalização CRIA boas razões...
Ao sentir nossos sentimentos, aumentamos a consciência dos estados sensível de nossa mente. Este é um processo íntimo que requer uma atitude introspectiva. No momento em que expressamos nossos sentimentos, eles se manifestam como emoções.
Na medida em que aprendemos a prever as consequências de nossas escolhas, podemos nos responsabilizar por elas. Desta forma, analisamos nossos sentimentos. Ganhamos autoconfiança e coragem.
No entanto, podemos refletir o quanto quisermos e pudermos, mas, quando chega o momento de decidir, não há como evitar o frio na barriga diante do salto no escuro... Primeiro, porque toda experiência é única - não temos como buscar garantias nas experiências alheias e depois, só quando nos tornamos o novo é que sabemos que cara ele tem!
Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano. Trabalha com a técnica de EMDR, um método de Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares. Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções, Mania de sofrer.
Oi Lilian, muito interessante seu post. Fiquei com vontade de ler o livro e saber mais sobre o assunto! Também sou uma apaixonada pela minha família e acredito no poder do amor. Conheci seu blog pela Bia Barros, que é casada com o Ricardo, primo do meu marido.
ResponderExcluirEu também tenho um blog, onde escrevo sobre plantas (sou paisagista), família, educação de filhos, etc. Passa lá para dar uma olhada!
http://nofigueiredo.blogspot.com/
Beijos floridos,
Nô