1. Você cria toda uma expectativa sobre os 40 anos e… chegam os 40 e não muda nada. Aí você pensa: que besteira, é igual a ter 20. E sai assobiando. Até que um dia, de uma hora para outra, pára de enxergar de perto. Segundo a ciência, a presbiopia, que é como se chama isso, é, na verdade, gradual: os músculos ciliares vão enrijecendo. Papo furado. É literalmente do dia para a noite: num dia você tá lendo até bula de remédio; na manhã seguinte, não enxerga um palmo adiante do nariz. Passa a ser impossível digitar mensagens no celular, ler o jornal e até espremer espinhas no rosto. Fazer as sobrancelhas, então, nem pensar. Você vai achar que elas estão perfeitas, até que um dia olha em um espelho de aumento e descobre que está parecendo o Claudio Lembo. O lado bom é que tampouco dá para enxergar as rugas. Aconselho tirar os óculos sempre que for se olhar no espelho.
2. Aí você passa a usar óculos de leitura e entra subitamente para o estranho mundo das pessoas que usam óculos. Você vai assoprar o chá e os óculos embaçam. Vai escorrer o macarrão e os óculos embaçam. Como é que esse povo se vira a vida inteira assim? E os óculos são só para perto, então tem que botar e tirar toda hora. Tá no computador, bota. Conversa com o colega, tira. Vai ler a receita, bota. Vai cozinhar, tira (porque embaça!). O lado bom é que usar óculos tá na moda –agora quem usa óculos não é mais “quatro-olhos”, é hipster. E tem um monte de armações lindas. Mais legal ainda é que parece que os óculos dão um upinstantâneo no QI: é só colocar e você imediatamente se sente superinteligente. É tipo o Clark Kent com a força, só que ao contrário.
3. Você faz exercícios, cuida da alimentação direitinho e seu corpo está razoavelmente em forma. Mas de repente aparece… uma pancinha. Gente, que pancinha é essa? Você vai pro Google e descobre que as mulheres depois dos 40 anos possuem uma tendência a acumular gordura abdominal. Que bela porcaria. A solução é perder uns três quilinhos. Só que tem uma coisa que você não sabia: perder três quilinhos aos 20 não é a mesma coisa que perder três quilinhos aos 40. Aos 20, para perder peso basta brigar com o namorado e passar três dias triste, sem comer, que emagrece. Aos 40, você pode passar uma semana inteira chorando e comendo folha que não perde nada! É impressionante! Tem um ditado japonês (ou chinês, sei lá) que diz que para manter a forma depois dos 40 o ideal é “comer a metade e se exercitar o dobro”. É bacaninha isso, mas na verdade parece que o ideal é comer um décimo e se exercitar o triplo. O jeito é transformar a barriga em seu personal Sísifo: em vez de empurrar uma pedra para cima de uma montanha pela eternidade, você vai empurrar a barriga para dentro. PARA SEMPRE.
4. A idade em que se chega à menopausa varia de mulher para mulher, a depender se menstruou mais cedo ou mais tarde. Então, é possível que ela chegue aos 40 ou aos 50. O fato é que aos 40 e poucos a menstruação, nossa infalível companheira de todos os meses desde a adolescência, se transforma em uma filha ingrata. Nos visita uma vez, depois some por três meses, volta, passa outros seis sem aparecer… Até que pimba! Some de vez. E aí você, que detestava menstruar, descobre a coisa mais estranha do mundo: está com saudade daquela vermelhinha fujona! Começa a criar expectativa de que ela volte algum dia… E nada. Porque a menstruação tem uma função como que purificadora, é como se lavasse a gente toda por dentro quando chega. Sabe aquela história de “incomodada ficava a sua avó”? Maior balela. Vovó estava na menopausa e não ficava incomodada coisa nenhuma. SDDS, menstruação!
5. Quando você descobre o lado divertido destas coisas todas já está chegando perto dos 50.
Publicado em 25 de abril de 2014
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