Quando a tensão num relacionamento está muito alta, é comum transpor os desafios por meio de discussões que levam a rompimentos. Devido a ressentimentos não expressos e a frustrações não digeridas, criticamos o outro como uma forma de pedir por mais atenção. Que estranha mania: diminuímos o outro com a intenção de que ele nos dê mais!
Por experiência própria, sabemos que criticar com a intenção de agredir é uma forma ineficaz de expressar insatisfação e pedir atenção. No entanto, a crítica é uma forma comum de solicitação.
Quando um parceiro procura aproximar-se do outro de maneira crítica e raivosa, o outro afasta-se para se proteger desta energia de ataque, fechando-se cada vez mais. Sem receptividade de escuta, cada um a seu modo, lança mão de uma estratégia de ataque e recuo - como se visse o outro como um inimigo. Por isso, relacionamentos sustentados por críticas tornam-se viciados em ciclos de ataque versus evitação.
Uma coisa é comunicar sem rodeios suas insatisfações com a motivação de que o outro conheça suas necessidades e percepções. Outra coisa é falar com a intenção de converter o outro a seus pontos de vista. A diferença entre estas duas posições também será dada pela capacidade de escuta daquele que recebe as críticas. No entanto, não há como negar que ao expressarmos um sofrimento de forma congruente e aberta propiciamos a receptividade alheia.
Cabe ressaltar que aquele que é criticado precisa aprender a se impor diante de quem o critica negativamente pois, do contrário, ele se torna um agressor passivo: identificado com seu papel de vítima, agride o outro para posicioná-lo como agressor, ao invés de buscar empatia e um novo entendimento.
Antes de criticar alguém devemos nos distanciar para refletir sobre nossa real motivação ao nos tornarmos um "acusador agressivo". Optar por reter os impulsos agressivos para analisá-los melhor, ao invés de simplesmente desabafá-los, é crucial se quisermos transformar relacionamentos viciados, com conversas cheias de críticas e implicações um frente ao outro.
O psicoterapeuta John Welwood explora como lidar com a questão da raiva nos relacionamentos em seu livro "Amor perfeito, relacionamentos imperfeitos" (Ed. Gaia). Ele nos incentiva a entrar em contato direto com nossa raiva em quatro passos intimamente relacionados: reconhecer, permitir, abrir e entrar.
Reconhecemos nossa raiva na medida em que a percebemos sem avaliá-la como boa ou ruim. Ao sentirmos a raiva manifestando-se em nosso corpo, permitiremos que ela esteja lá por alguns instantes. Welwood explica: "A permissão é uma forma de descompressão ou desbloqueio: deixar que a energia do sentimento seja do tamanho que é, sem se identificar com ela ('esta dor sou eu, significa algo que sou") ou rejeitá-la ("esta dor não sou eu, ela não deve estar aqui"). Cada um precisa ter esta experiência para conhecer o quanto é libertadora essa aceitação. Pois no momento em que nos permitirmos senti-la, ela deixa de ser tão ameaçadora!
Desta forma, aos poucos nos unimos a nós mesmos, não precisamos mais transformar o outro para evitar nossos próprios sentimentos dolorosos.
Welwood ressalta que é importante perceber que o reconhecimento da raiva ou do ódio não significa pensar: "sim, está certo ficar com raiva. Eu devo sentir raiva; tenho o direito de me sentir dessa maneira ou de descarregar a minha raiva em alguém". Em vez disso, significa: "sim, a raiva e o ódio estão armazenados em meu corpo e em minha mente" . E como eles estão ali: sim, eu posso reconhecê-los, dar-lhes espaço e conscientemente experimentá-los".
Quando recuperamos a força para autoacolher nossa raiva, já não necessitamos impreterivelmente de expressá-la. Isto não quer dizer que nos tornamos autossuficientes ou indiferentes àqueles com quem nos relacionamos, mas simplesmente que não precisamos mais criticá-los, ou seja, transformá-los para que eles nos tratem de um certo modo que nos garanta a não termos que encarar nossos próprios sofrimentos.
Uma vez menos reativos, conseguimos mais facilmente relativizar: não pegar tudo ao pé da letra. Sob a raiva, encontra-se a tristeza. Ao expressarmos nossa vulnerabilidade ao invés de nossa irritação, damos ao outro um voto de confiança, recolocando-o numa posição de parceria e não de inimigo como outrora.
Se por um lado, temos a necessidade de nos sentirmos garantidos em nossos relacionamentos, temos também a necessidade de nos soltarmos. O fato é que quanto mais estivermos conectados de forma segura, mais separados e diferentes poderemos ser. Mas se estivermos num relacionamento baseado em críticas, nossa tendência será a de retrair nossa espontaneidade para não corrermos o risco de agirmos de modo a sermos um novo alvo de desaprovação.
Neste sentido, quanto mais empático e seguro for o relacionamento, mais autênticos nos tornamos, pois reconhecemos, no ato de nos entregarmos na relação, uma oportunidade de autodescoberta.
Por experiência própria, sabemos que criticar com a intenção de agredir é uma forma ineficaz de expressar insatisfação e pedir atenção. No entanto, a crítica é uma forma comum de solicitação.
Quando um parceiro procura aproximar-se do outro de maneira crítica e raivosa, o outro afasta-se para se proteger desta energia de ataque, fechando-se cada vez mais. Sem receptividade de escuta, cada um a seu modo, lança mão de uma estratégia de ataque e recuo - como se visse o outro como um inimigo. Por isso, relacionamentos sustentados por críticas tornam-se viciados em ciclos de ataque versus evitação.
Uma coisa é comunicar sem rodeios suas insatisfações com a motivação de que o outro conheça suas necessidades e percepções. Outra coisa é falar com a intenção de converter o outro a seus pontos de vista. A diferença entre estas duas posições também será dada pela capacidade de escuta daquele que recebe as críticas. No entanto, não há como negar que ao expressarmos um sofrimento de forma congruente e aberta propiciamos a receptividade alheia.
Cabe ressaltar que aquele que é criticado precisa aprender a se impor diante de quem o critica negativamente pois, do contrário, ele se torna um agressor passivo: identificado com seu papel de vítima, agride o outro para posicioná-lo como agressor, ao invés de buscar empatia e um novo entendimento.
Antes de criticar alguém devemos nos distanciar para refletir sobre nossa real motivação ao nos tornarmos um "acusador agressivo". Optar por reter os impulsos agressivos para analisá-los melhor, ao invés de simplesmente desabafá-los, é crucial se quisermos transformar relacionamentos viciados, com conversas cheias de críticas e implicações um frente ao outro.
O psicoterapeuta John Welwood explora como lidar com a questão da raiva nos relacionamentos em seu livro "Amor perfeito, relacionamentos imperfeitos" (Ed. Gaia). Ele nos incentiva a entrar em contato direto com nossa raiva em quatro passos intimamente relacionados: reconhecer, permitir, abrir e entrar.
Reconhecemos nossa raiva na medida em que a percebemos sem avaliá-la como boa ou ruim. Ao sentirmos a raiva manifestando-se em nosso corpo, permitiremos que ela esteja lá por alguns instantes. Welwood explica: "A permissão é uma forma de descompressão ou desbloqueio: deixar que a energia do sentimento seja do tamanho que é, sem se identificar com ela ('esta dor sou eu, significa algo que sou") ou rejeitá-la ("esta dor não sou eu, ela não deve estar aqui"). Cada um precisa ter esta experiência para conhecer o quanto é libertadora essa aceitação. Pois no momento em que nos permitirmos senti-la, ela deixa de ser tão ameaçadora!
Desta forma, aos poucos nos unimos a nós mesmos, não precisamos mais transformar o outro para evitar nossos próprios sentimentos dolorosos.
Welwood ressalta que é importante perceber que o reconhecimento da raiva ou do ódio não significa pensar: "sim, está certo ficar com raiva. Eu devo sentir raiva; tenho o direito de me sentir dessa maneira ou de descarregar a minha raiva em alguém". Em vez disso, significa: "sim, a raiva e o ódio estão armazenados em meu corpo e em minha mente" . E como eles estão ali: sim, eu posso reconhecê-los, dar-lhes espaço e conscientemente experimentá-los".
Quando recuperamos a força para autoacolher nossa raiva, já não necessitamos impreterivelmente de expressá-la. Isto não quer dizer que nos tornamos autossuficientes ou indiferentes àqueles com quem nos relacionamos, mas simplesmente que não precisamos mais criticá-los, ou seja, transformá-los para que eles nos tratem de um certo modo que nos garanta a não termos que encarar nossos próprios sofrimentos.
Uma vez menos reativos, conseguimos mais facilmente relativizar: não pegar tudo ao pé da letra. Sob a raiva, encontra-se a tristeza. Ao expressarmos nossa vulnerabilidade ao invés de nossa irritação, damos ao outro um voto de confiança, recolocando-o numa posição de parceria e não de inimigo como outrora.
Se por um lado, temos a necessidade de nos sentirmos garantidos em nossos relacionamentos, temos também a necessidade de nos soltarmos. O fato é que quanto mais estivermos conectados de forma segura, mais separados e diferentes poderemos ser. Mas se estivermos num relacionamento baseado em críticas, nossa tendência será a de retrair nossa espontaneidade para não corrermos o risco de agirmos de modo a sermos um novo alvo de desaprovação.
Neste sentido, quanto mais empático e seguro for o relacionamento, mais autênticos nos tornamos, pois reconhecemos, no ato de nos entregarmos na relação, uma oportunidade de autodescoberta.
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