Quem?

Quem pode me indicar com saber soberano,
o mundo no qual posso dizer "te amo",
sem a prontidão do "como?"; "de que jeito?”,
e assim, tão livre desta vigília, em sincero apego,
seja a quem for derramar todo o meu desvelo?
Quem pode me nortear a esse real, sem encanto,
descortinando o mundo qual eu sonho em profundo?
Será o padre? O pastor? O sacerdote muçulmano?
Será a índia que "toca" à lua no pico da montanha,
ou a bela e cosmicamente mística cigana?
Qual líder-baluarte na convicção de sua crença,
me apontará um mundo onde essa efervescência
não submetida a cautelas pode se dizer que ama,
sem "clarear" o sentido e outras explicações tamanhas?
Onde posso dizer "te amo" sem a "tábua" de regras,
e isso ouvir sem tanta prudência expressa
por parte de quem por mim o amor confessa?
Onde está o mundo onde o amor em sublime nexo,
exprime confissões não acopladas ao sexo,
e o calor que gera abraços vindos do ser interno,
não é analisado se fraternal, casal ou sacrilégio?
Sem preocupar-me na possibilidade de causar maior reboliço,
onde posso dizer ‘te amo’ tanto ao recém nascido,
como ao senhor, à senhora, à menina e ao menino,
à bela mulher, simples ou de formosura,
independentemente da sua idade ou estatura?
Onde está a resposta? Na bíblia ou no alcorão?
Ou em quaisquer outros escritos sagrados e sermões?
Não quero prevaricar! Quero amar! Amar! Muito amar!
Alheio aos rebuliços continuo a amar.
Sigo voando neste mar...