quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A arte de comunicar com seu filho: regras a não esquecer


Os pais ou os educadores devem ter presente que dar feedback à criança, tanto críticas como elogios é mais do que útil, é essencial. É difícil para as crianças ficarem motivadas, e impossível para elas manterem-se motivadas, quando não têm certeza se estão ou não no caminho certo. Sem dúvida que transmitir informação bem estruturada e frequente feedback é uma das coisas mais importantes na árdua tarefa educacional dos pais ou educadores.
Mas, como todos os pais sabem, às vezes o feedback que se dá parece ser tudo menos motivador e orientador. Mesmo com as melhores intenções, as palavras de encorajamento ou desaprovação podem facilmente sair pela culatra ou parecem cair em saco roto, e muitos de nós temos dificuldade em entender o porquê. Felizmente, estudos científicos sobre motivação lançaram luz sobre a razão porque alguns tipos de feedback funcionam e outros não. Se você errou no passado (e quem não errou já), ou está com dificuldades de comunicação com a sua criança, então você pode fazer um trabalho melhor dando o seu feedback mais assertivo, a partir de agora, aderindo a algumas regras simples:
falar com filho

REGRA 1

Quando as coisas não correm bem, seja realista. Não é fácil dizer à criança que ela errou (ou que agiu de forma inadequada), sabendo que pode causar ansiedade, decepção ou constrangimento. Mas não cometa o erro de proteger os sentimentos da criança à custa de não dizer-lhe o que ela realmente precisa ouvir. Lembre-se que sem feedback honesto, que a criança não pode descobrir o que fazer de forma diferente (adequadamente) da próxima vez.
Além disso, não retire o sentido de responsabilidade à criança pelo que correu mal (assumindo que ela na verdade não é o principal responsável), só porque você não quer ser “duro” com ela. Transmitir-lhe uma verdade distorcida, protejê-la de experimentar a frustração e de gerir o seu próprio erro ou fracasso, dizendo que ela “tentou o seu melhor” quando está claro que ela não fez, pode deixá-la sentir-se impotente para melhorar, e inibir a experiência de arranjar uma forma de saber fazer melhor da próxima vez.

REGRA 2

Quando as coisas correm mal, instala-se a dúvida, combata isso. A criança precisa acreditar que o sucesso está ao seu alcance, não importando os erros que cometeu no passado. Para implementar esta estratégia, aplique o seguinte:
  • Seja específico. Observe o que precisa ser melhorado e o que é que exatamente pode ser feito para melhorar?
  • Enfatize as ações que ele tem capacidade para mudar. Falar sobre os aspectos do desempenho que dependem dele, como o tempo e o esforço que ele colocou em prática, ou o método de estudo que ele usou.
  • Evite elogiar o esforço quando isso não trouxer nenhum benefício. Muitos pais tentam consolar as crianças, dizendo coisas como “Bem querida, você não fez muito bem, mas trabalhou duro e realmente tentou o seu melhor.” Esta afirmação até pode parecer reconfortante, mas garanto-lhe que não é (a menos, claro, se era uma situação sem saída, desde o início).
Estudos mostram que ser elogiado por “esforço” depois de uma falha não só faz as crianças sentirem-se estúpidas, como também lhes transmite a noção que elas não podem melhorar. Nestes casos, é realmente melhor restringir-se a comentários puramente informativos. Se o esforço não é o problema, deverá ajudar a criança a descobrir o que é, e o que pode ser feito no sentido de lhe transmitir confiança e melhorar o processo que levou ao insucesso, falha erro ou comportamento inadequado.

REGRA 3

Quando as coisas vão bem, evite elogiar a habilidade. Eu sei que todos nós gostamos de ouvir o quão inteligente e talentoso que somos, e tão naturalmente assumimos que a a nossa criança quer ouvir também. É claro que elas gostam. Mas não é o que o elas precisam ouvir para se manterem motivadas.
Estudos mostram que quando as crianças são elogiadas por terem uma elevada capacidade, isso deixa-as mais vulneráveis ​​à insegurança quando são confrontadas com um desafio mais tarde, principalmente um desafio que seja difícil e possa apresentar-se como uma frustração. Se ser bem sucedido significa que ela é “inteligente”, então ela provavelmente irá concluir que não é inteligente quando tem de esforçar-se mais que o normal ou o desafio parece ser demasiado exigente, ou pior, quando não consegue ser bem sucedido.
Certifique-se de que você também elogia os aspectos do desempenho da sua criança, principalmente aqueles que estão sobre o controlo dela (que ela é capaz de executar). Fale sobre a sua abordagem criativa, o seu planejamento cuidadoso, a sua persistência e esforço, a sua atitude positiva. Elogie as suas ações, não apenas as habilidades. Dessa forma, quando a criança se encontrar em apuros mais tarde, vai lembrar-se o que a ajudou a ter sucesso no passado e colocar esse conhecimento ao seu serviço, fazendo um boa utilização da experiência anterior.
MIGUEL LUCAS / Licenciado em Psicologia, exerce em clínica privada. É também preparador mental de atletas e equipas desportivas, treinador de atletismo e formador na área do rendimento desportivo. É autor da Escola Psicologia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fico muito feliz com seu comentário!!! :)

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...