quarta-feira, 9 de maio de 2012

Vidas sem sentido


Vidas sem sentido

por Flávio Bastos 

Uma infância basta para formar no indivíduo um padrão cujos vícios comportamentais se manifestam no cotidiano da vida? Ou o modelo comportamental que internalizamos é o resultado de nossas escolhas durante as sucessivas vivências do espírito imortal?

O caso abordado neste artigo é mais uma prova de que a trajetória humana é repleta de experiências vitais que podem ou não determinar a alteração do paradigma comportamental que nos acompanha vida após vida. É o que veremos a seguir.

Sobre o transtorno obsessivo-compulsivo, conhecemos o seu efeito no comportamento do indivíduo, cujo tratamento resume-se em medicação química e psicoterapia. No entanto, desconhecemos a sua causa, ou seja, as origens da insegurança que acompanha essas pessoas, a ponto de fazê-las repetir atos que têm como objetivo minimizar os efeitos do sofrimento associado ao medo.

Helena tem a mania de colecionar objetos em sacolas, bolsas ou armários. Faz isso diariamente, o que demonstra a sua dificuldade em desfazer-se de coisas que a grande maioria das pessoas colocaria no lixo.

A sua residência tem muitas sacolas repletas de papéis ou quiquilharias consideradas sem serventia ou valor. Mas apesar de saber da inutilidade do que é guardado, Helena não consegue controlar a repetição de seus atos.

Durante o processo terapêutico, após algumas sessões de psicoterapia de orientação psicanalítica que apontou a falta de referência masculina na sua infância, fomos em busca de possíveis informações através da regressão de memória.

Na experiência regressiva, Helena acessou várias vivências passadas. Fora dama da sociedade francesa que refugiou-se em uma gruta após a tomada do poder pelos revolucionários. Fora lavadeira em um povoado português, esposa de um rico proprietário de terras, escrava rebelde no Brasil e cozinheira negra de uma abastada família de brancos. Em todas essas vidas, ela desencarnou cedo, sem ter filhos e com a sensação de ter sido uma pessoa orgulhosa, egoísta e indiferente ao sofrimento alheio.

Portanto, não estaria na alteração de seu padrão comportamental, ou seja, ser menos egoísta, menos orgulhosa e voltada para o bem-estar do outrem, o início do processo de autocura interior traduzido como sofrimento psíquico relacionado ao TOC?

A compulsão revela o quanto Helena ainda é egocêntrica e apegada materialmente a ponto de reunir inutilidades à sua volta.

Por outro lado, as muitas vidas sem sentido de Helena, mostram a característica paralisante de sua trajetória existencial, à medida que foi uma sequência de reencarnações pobres em termos de aprendizados necessários à evolução do espírito.

A partir de agora, o seu desafio relaciona-se, principalmente, ao exercício da sensibilidade humana inserida no cotidiano da vida. "Antídoto" contra o veneno da indiferença e do pragmatismo que caracterizam o seu comportamento.

A compulsão de juntar lixo, ao seu redor, é indicativo do vazio de valores espirituais que são determinantes nas escolhas das sucessivas vidas no corpo físico. Experiências pobres de qualidade e intensidade no sentido do amor observado na sua forma abrangente, uma vez que Helena não teve relacionamentos afetivos intensos, filhos ou amigos para compartilhar amenidades e profundidades. Também não buscou a felicidade possível e acomodou-se nas gratificações proporcionadas pelo seu isolamento e alienação.

No entanto, na vida atual Helena constituiu família: tem marido e filhos, o que demonstra um avanço nos âmbitos afetivo e social. Buscou ajuda na Psicoterapia Interdimensional com o objetivo de libertar-se das amarras que a prendem ao passado, o que indica a vontade de investir no conhecimento de si mesmo para atingir um melhor nível de discernimento e lucidez em relação ao seu sofrimento psíquico.

Na verdade, Helena busca um sentido para a sua vida. Sentido que está na alteração de um modelo repleto de vícios comportamentais associados às necessidades do ego. Quando novos valores qualificarem a sua vida, ela já terá colocado na lixeira do tempo tudo que é desnecessário e inútil para si e para o outrem. Atitude que significará a sua emancipação como ser inteligente dotado de fantástica capacidade de expansão da consciência.

OBS: a verdadeira identidade da pessoa foi preservada.

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